Querido diário

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16/04/16

Olá, aqui sou uma desconhecida. 

Eu estou exausta. 

Lá no purgatório eu não sou nada, não sei porque estou lá.

Aqui em casa eu não sou nada, não sei porque estou aqui. 

Será que sou tão invisível assim?

Enfim, continuarei falando sobre ele. 

Apesar daquela alegria toda, ele nunca esteve bem e eu nunca fui capaz de perceber. Ele estava tão ligado em me salvar, que não se ligou de salvar a si mesmo.

Então com o diário que ele deixou, descobri certas coisas: 

Sua mãe havia o abandonado quando ele era criança e seu pai o odiava. Ele era conhecido na escola como "aberração", por ser "anormal" perante aos outros. Ele já havia tentado três vezes o suicídio, mas nenhuma até aquele momento tinha dado certo. Ele estava com depressão fazia 2 anos, houve um tempo que não saiu de casa por 6 meses, nem para ir na varanda. Ele não tinha ninguém também. 

"(...)sabe que está tudo uma merda ultimamente e eu queria dar foda-se ao mundo (...) "

"(...) cara, eu conheci uma garota, diferente, e juro que se tem uma coisa que eu vou fazer, é fazer ela feliz (...)"

"(...) o sorriso dela me iluminou, mano, ela acha que sou perfeito, imagina se ela descobre que toda minha felicidade é uma mentira, mas tudo bem, porque ela tá bem, melhorando, pelo menos eu acho (...) 

"(...)meu pai é um babaca e eu queria extermina-lo, eu queria me exterminar, eu não quero viver, mas vou aguentar sabe? por ela (...)"

"(...) me desculpe mas eu não aguento mais."

E essas foram suas últimas palavras escritas. 

Estou quase sumindo. 




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