Me Revelam Mais Sobre A Verdade

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Senti o avião começar a acelerar por alguns instantes, se inclinar e subir.

Virei para a janela e vi os prédios nova-iorquinos se tornarem mais distantes e menores (o que, para mim, foi um pouco estranho, porque Nova York é conhecida pelos seus prédios enormes e seus gigantescos arranha-céus).

Sorri ao ver a "minha" cidade das alturas.

Foi então que senti a minha mãe tocar no meu ombro.

- Então, filha, que filme você quer assistir primeiro?

- Depende do que está disponível. - respondi, sorrindo.

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Até o final da viagem, consegui ver dois filmes, comer dois pacotes de chips e tomar uns quatro copos de refrigerante.

Enquanto minha mãe e eu descíamos do avião, eu sentia cada um dos cabelos do meu braço se arrepiarem de frio.

*Por que eu não trouxe a minha jaqueta amarrada na minha cintura?*, pensei, arrependida.

Após termos pegado as nossas malas e as colocado em um dos carrinhos, andamos até o lado de fora do aeroporto e pegamos um táxi direto para o hospital, porque estávamos praticamente em cima da hora da consulta com o Dr. Reynold.

Quando entramos na sala, o Dylan tirou o óculos de leitura dele e ficou em pé.

- Boa tarde, Alicia. - disse ele, andando na minha direção e me dando um aperto de mão.

- Boa tarde, Dr. Reynold. - respondi, sorrindo simpaticamente.

- Boa tarde, Christina. - disse o Dr. Reynold, enquanto cumprimentava a minha mãe com um aperto de mão.

- Boa tarde, Doutor Reynold. - respondeu ela, com um sorriso.

- Podem sentar. - disse Dylan, gesticulando com uma das mãos na direção das quatro cadeiras dispostas diante da mesa de trabalho dele.

- O.K. - eu disse, andando até uma das cadeiras e me sentando.

Minha mãe sentou-se num assento ao meu lado.

- Então, Alicia, como foram estes últimos dias pra você? - perguntou Dylan Reynold.

- Foram legais. Só que algumas coisas bem "diferentes" aconteceram comigo. - respondi.

- Como o que, por exemplo? - perguntou o doutor.

- Desenvolvi visão noturna, desenvolvi visão raio-x, meus reflexos se tornaram mais rápidos, me tornei mais rápida - tanto que corri a uma velocidade acima dos cinquenta quilômetros por hora -, me tornei mais forte - o que fez com que eu estourasse uma bola de vôlei -, minha audição se tornou mais apurada, assim como os meus outros sentidos, e eu comecei a pensar em um ritmo muito mais veloz do que antes. - eu disse, citando as mudanças que eu recordava naquele exato instante. - Ah! E eu quase me esqueci de uma outra mudança: eu deixei de ser míope. - falei, quando me lembrei deste outro detalhe.

O Dr. Reynold então deu um sorriso pequeno, o qual era capaz de demonstrar de forma clara que ele sabia de algo que eu desconhecia.

- Presumo que você já tenha descoberto no aeroporto de Nova York o que aconteceu com você durante o seu tratamento. Estou certo? - disse Dylan.

- Sim. - respondi. - Porém, eu preciso entender mais sobre o que ocorreu comigo.

- Entendo. - disse ele. - Bem, o seu esqueleto é feito predominantemente de titânio, e houveram algumas modificações nas estruturas do seu corpo que produzem as suas células sanguíneas. Seus neurônios foram melhorados e modificados para poderem processar com mais velocidade e eficácia os estímulos externos e reagir a eles de modo mais veloz, inteligente e prático, além de poder processar os próprios estímulos de seu corpo de forma mais rápida. Seus olhos foram modificados, fazendo com que você deixasse de ser míope e fazendo com que você desenvolvesse formas de visão mais favoráveis à diversas situações em que visão humana natural não a favoreceria tanto. Seu sistema nervoso foi alterado para poder processar os estímulos externos, internos orgânicos e internos robóticos. - disse Dr. Reynold.

- Espere um instante. Então, eu sou uma cyborg? - perguntei.

- Podemos dizer que sim. - respondeu o Dr. Reynold. - Você possui partes do seu corpo que são robóticas e outras que não são. As mudanças que te falei são apenas algumas das alterações pelas quais você passou. As outras você descobrirá com o tempo, quando forem ativadas. Mas, por enquanto, eu acho melhor você tentar se adaptar e treinar as suas habilidades que já estão ativas e tentar lidar com elas para que você possa controlá-las.

- Isso quer dizer que mais habilidades estão por vir, não é? - perguntei, já esperando uma resposta afirmativa.

- Sim. E tem outra coisa: você foi a primeira pessoa a ser inserida nos testes de um projeto governamental chamado "Projeto Arena". - continuou o Dylan.

- Que projeto é esse? - perguntei. - E no que ele consiste? O que ele busca?

- A resposta está no próprio acrônimo. - disse o doutor. - "ARENA" significa "Avanços Robóticos Experimentais de Natureza Antrópica". Este projeto governamental incentiva a pesquisa científica nas áreas da medicina, da tecnologia e de todas as ciências em geral, para incentivar o desenvolvimento da sociedade em todas as áreas e auxiliar nas melhorias dos setores, organizações e instituições governamentais, como as Forças Armadas.

- Isso é interessante. - eu disse. - Mas, tem algo que eu não entendo. Por que vocês não me falaram disso antes?

- Bem, pelo fato de você ter acordado recentemente e ainda estar se reajustando à realidade, achamos melhor não te contar, para você poder se recuperar com menos preocupações. - disse o Dr. Reynold.

- Entendi. - eu disse, recostando-se na cadeira.

                       - Eu e a equipe médica que está cuidando do seu caso achamos melhor que você fique aqui em Nova Orleans por um tempo, para você poder treinar e se adaptar às suas novas habilidades e ao seu corpo.

                       - Não é uma má ideia. - eu disse. - Mas, eu posso acabar me atrasando muito com relação ao conteúdo escolar.

                       - Podemos te colocar temporariamente numa escola daqui de Nova Orleans. - disse minha mãe.

                       - O.K., então. - eu disse. - Mas, onde eu irei treinar? - perguntei. - E onde eu ficarei?

                       - Você ficará na instalação do "Projeto Arena" e treinará lá. Vamos descobrir uma escola daqui de Nova Orleans para onde poderemos te transferir temporariamente. - disse o Dr. Reynold. - Não se preocupe, Alicia. Vai dar tudo certo.

                       Minha mãe então colocou a mão dela no meu ombro em uma tentativa de me confortar.

                       - Vou ligar para o líder do "Projeto Arena" e informar a ele que você é sua mãe estão aqui no hospital e pedir a ele para vir aqui buscar vocês. - disse o Dr. Reynold, enquanto estendia a mão dele na direção do telefone fixo do escritório dele. - O.K.? - perguntou ele, enquanto tirava o receptor do telefone do gancho.

- O.K. - respondi, enquanto Dylan discava o número do líder do "Projeto Arena".

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