Eu deveria ter ido até a mesa

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Eu conheci o amor. Ele tem olhos castanhos e um sorriso lindo. Estava eu em Las Vegas a procura de diversão em cassinos, até que na cidade do pecado, você roubou o meu coração e nem ao menos foi preso por isso, talvez eu achasse que amar fosse um crime. Malditos olhos brilhantes.
Neguei ao amor. Apaixonar-se? Não em cassinos. Lá há engano, dinheiro, sorte, revés... Mas amor? Não! Apenas casais já cativados um pelo outro tentam ganhar dinheiro enquanto se divertem, ou amantes ternos, que adulteram a cada vez que o dado é jogado.
  Não suporto clichês, mas como poderia eu descrever o que senti ao te ver na mesa 7 sem citar Shakespeare, Lispector ou a polícia? Eu definitivamente não posso estar sóbria escrevendo isso! Mas a verdade é que me mantive sã, bom, pelo menos até me embriagar na intensidade desses malditos olhos castanhos. Maldito!
   Eu apenas me levantei e fui embora. É. Só isso. Sem romances, sem finais felizes. Agora estou de frente a uma janela imaginando qual seria o nome dele, ou o que foi aquele efeito que causou em mim. Droga! Que ressaca, estou definitivamente bêbada com o teor das palavras não ditas e por mais uma vez privar a incerteza do destino. Qual é cosmo? Terminar a noite sem dinheiro, com um A de espada lançado a mesa, e sem um possível amor não pode ser tão ruim assim. Se não vira sina, pelo menos em algum instante, deve virar rima.

Às de espadaOnde histórias criam vida. Descubra agora