Dois.

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Depois daquele dia na boate, eu posso dizer que minha vida teve uma mudança muito grande. No entanto, meu trabalho, a faculdade, a correria, nada disso mudou, infelizmente. O que havia mudado era que agora eu compartilhava isso com outra pessoa. Saúl chegou parecendo ser apenas uma foda de final de semana, e agora está aqui há semanas me ouvindo reclamar e cuidando de mim quando eu mesmo já acho que vou surtar. Ele é uma das melhores pessoas que conheci nessa vida maluca, quando pedi a Marco que nos apresentasse pelo fato de eu estar apaixonadinha naqueles olhos, eu nunca imaginei que ele ficaria.
Dias depois que ficamos na balada, Marco me convidou para ir a casa dele comer pizza com a Noe e eu fui, sem jamais imaginar que algumas palavras ali mudariam tudo.

Flashback
- Marco eu juro que nunca vou te perdoar por aquele gol sobre o Bayern - eu reclamava com ele enquanto comia meu pedaço de pizza.
- Lena, meu trabalho é fazer gol, e melhor ainda: sobre os times que você gosta.
- Você realmente não tem amor a vida né?! Eu fiquei muito chateada, prometi a Noe que não deixaria vocês ficarem juntos por ser um traidor.
- Pelo amor Lena, cala a boca e come.
- Vocês não tem o mínimo de respeito por mim. Preciso de um namorado assim também, alguém que me defende.
- Pois não seja por isso, vamos arrumar um namorado para você - Marco respondeu rindo de mim.
- Ah claro, vamos mandar aos teus contatos, alguém se propõe a namorar minha amiga linda?
- Amiga chata! - Noe gritou!
- Pera aí que tem alguém que está na cidade pelo que eu sei, que adoraria ter essa honra.
- QUEM?! - Eu e Noe gritamos juntas.
- Saúl me perguntou de você esses dias, acho que é a brecha.
- SAÚL PERGUNTOU DE MIM? PARA VOCÊ? MARCO ASENSIO ME EXPLICA ISSO AGORA MESMO!!!
- Nossa tá vendo o desespero da pessoa, ele me perguntou como você estava, e também seu telefone.
- SAÚL ÑÍGUEZ TEM MEU TELEFONE E NÃO ME LIGOU PORQUÊ?
- Ele chegou da Inglaterra tem menos de um dia Lena, por Deus.
- E na Inglaterra não tem sinal de celular?

Aquele dia eu dormir encasquetada com a possibilidade de Saúl querer me ver, eu era ansiosa demais e não podia nem imaginar algo desse tipo. Marco disse que não era para eu me iludir porque Saúl, com seu jeito calmo, jamais me aguentaria. Lógico que ele levou um soco. Na manhã seguinte eu acordei com uma mensagem de bom dia de um número desconhecido, que logo que abri a foto percebi ser de Saúl. Aquele bom dia se prolongou por dias, nós conversávamos sempre que havia um tempo livre, ele com seus treinos e eu com meus afazeres. E a promessa de se ver era sempre real, Saúl aquele dia na Gabana conheceu a Lena que era de festa, que não ligava para o dia de amanhã, agora Saúl conhecia Helena a surtada, estudante de biblioteconomia e a assistente na biblioteca da cidade, e ele parecia gostar muito da Helena que eu era no dia a dia.

Flashback
Eu estava cansada do trabalho e decidi burlar aula aquele dia, Noe e Marco iam ao cinema, pelo menos era isso que eles queriam que eu acreditasse. Aproveitei o sossego do meu lar e resolvi descansar e terminar um livro que precisava acabar para um trabalho. Como pedi comida a Noe, resolvi comer algo apenas para enganar o estômago. Estava na cozinha, quando a campainha tocou e estranhei o fato de não ter liberado a entrada de ninguém, deveria ser alguém dali mesmo.
Quando abri a porta eu jamais imaginei que encontraria meu lindinho de olhos tão brilhantes a minha frente, Saúl estava amável com um suéter azul e jeans escuro. Ele segurava um ursinho nas mãos com a camiseta do Atlético, e isso, na verdade, foi o que mais me chamou a atenção.
- Eu devo achar qual fato mais estranho: você estar batendo à minha porta ou você estar segurando um ursinho com a sua camiseta?
- Bom, o ursinho era a única coisa que eu encontrei a essa hora pra poder te dar.
- E porque você necessariamente precisava me dar algo?
- Para que você pudesse lembrar sempre desse dia!
- E porque eu deveria me lembrar desse dia?
Eu não tive tempo para obter respostas, ele segurou minha cintura e puxou meu lábios para ele, acariciou minha nuca pedindo passagem para o beijo. Eu apenas segurei seu pescoço o puxando para mim, para estarmos ainda mais perto. Ele me encostou na porta e me beijou até que nosso fôlego acabasse, fazendo com que nos separássemos.
- Marco me avisou que ia ao cinema com Noe, disse que você ia estar sozinha. E eu pensei porque não fazer uma surpresa?
- Você realmente não existe. Vem, entra, eu estava realmente entediada.

E aquela foi a primeira vez que nos vimos depois da Gabana, nós conversamos até eu começar a bocejar e ele lembrar que tinha treino pela manhã. Combinamos de se ver novamente no final de semana, ele iria ter um tempinho a mais e desde então ele se tornou meu companheiro para tudo, nossos horários difíceis fazem com que cada momento seja usado com muita sabedoria.

Hoje era o dia da Semi da Champions e eles jogariam contra o Real, o Real já trazia uma vantagem do primeiro jogo, mas a nossa fé é a última que se vai. Eu estava ali com seu número nas costas junto com Noe, que tinha ido ao estádio ver Marco jogar, para quem olhava de fora era até bonitinho de ver as duas melhores amigas com camisetas diferentes.
O jogo começou e Saúl abriu o placar para o Atlético, eu realmente achei naquele momento que meu coração iria sair pela boca, ele beijou o pulso e olhou para onde sabia que eu estaria. Eu estava tão orgulhosa do trabalho duro que ele estava dando pelo time, o jogo prosseguiu e Grizz fez o dele. O Real acabou fazendo outro e o jogo continuou 2x1, dando a vitória para o Real. Eu sabia o quanto isso doía. Para mim como torcedora já doía, imagine para os jogadores que estão ali pelo título de campeão.
O final do jogo ainda foi marcado por uma chuva, o que deixou eu e Noe ensopadas enquanto esperávamos os meninos já do lado de fora. Percebi quando Saúl chegou que estava com uma cara péssima. Ficamos ali com Noe até a carona dela chegar e ir embora, já que eu havia a expulsado de casa hoje.
Saimos, deixando o estádio ainda eufórico para trás, eu realmente amava aquele clima de champions, mas odiava aquela carinha do meu lado.
- Você não pode ficar assim, amor.
- Nós perdemos - ele me respondeu, direto e reto.
- Eu sei disso, eu estava lá assistindo tudo, mas você não precisa ficar assim.
- Lena, preciso de silêncio por 10 minutos, por favor.
- Quer ir para a casa sozinho? Eu sei pegar táxi.
Ele apenas me olhou de canto e saiu pelas ruas de Madrid, o estádio era um pouco longe de casa e aquele silêncio dentro do carro estava me sufocando, eu era muito comunicativa e não fechava a boca um minuto sequer, porém respeitei o silêncio dele e fiquei observando o caminho se passar pela janela. Quando chegamos em casa ele estacionou o carro na vaga que sempre estava livre para ele, ou para o Marco. Não esperei que ele fosse falar alguma coisa, apenas desci e segui em direção a portaria. Ele queria seu tempo sozinho e eu daria o tempo a ele.
Entrei em casa e fui colocar um chocolate quente para fazer, enquanto esquentava fui trocar aquela roupa molhada, fiz tudo o que tinha para fazer e nada da porta da frente abrir. Meu coração já estava saltando da boca e eu queria ligar para ele, perguntar se estava tudo bem, mas apenas esperei.
Já estava quase pegando no sono quando ouvi a porta da sala abrir, e eu sabia que não era Noe chegando. Eu já estava deitada na minha cama quando a porta do meu quarto abriu e Saúl entrou com a maior cara de cachorrinho que caiu da mudança. Olhei para ele e meu coração deu até um aperto, o chamei e ele se deitou no meu colo.
- Me desculpe - ele falou baixinho.
- Como você está?
- Melhor.
- Quer chocolate quente?
- Não. Quero só ficar deitado aqui com você.
- Então deita direito, vem.
Ele tirou a jaqueta que vestia e se deitou ao meu lado, puxando meu corpo até o seu, se alinhando a mim. Sua respiração estava pesada no meu pescoço e eu deixei que minha mão fizesse leves carinhos na sua, ele começou a distribuir leves beijos pelas minhas costas expostas pela camisola que eu usava naquele dia.
- Só a vontade de estar mesmo com você me fez sair daquele carro - falou enquanto abaixava uma das alças.
- Eu já estava preocupada, pensando em um milhão de coisas.
- Hey, olha aqui para mim.- Ele subiu sobre meu corpo, levantando meu rosto.-  Não tem ninguém que eu preferisse estar nesse momento, eu te vi gritando pelo meu gol e aquela imagem já vale muito para mim, me desculpa de novo.
Eu queria responder que eu estaria ali por ele sempre, que em todas as oportunidades eu estaria do seu lado, mas não tive tempo para respostas quando sua boca encontrou a minha e me pediu passagem para um beijo suave e calmo. Saúl tinha seus momentos loucuras e seus momentos todo delicado comigo, ele era 8 ou 80 e eu não negaria que estava de quatro por aquele cara que estava ali, me beijando daquela maneira.

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⏰ Última atualização: May 19, 2017 ⏰

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