Dois de Alguns.

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Nova Iorque, Staten Island - 1999.

- Feliz aniversário, filho!

Olhei para aquela senhora e tentei relembrar do que ela falava. Ah, claro; meus 20 anos mal aproveitados. Continuei fitando-a, não por muito tempo, é óbvio.

- Obrigado, senhora... - tentei puxar na memória seu nome. Seria Sra. Melbis? Ou Scanford? Talvez Hunchaid? Não me lembro - obrigado.

- Não precisa agradecer... não precisa, filho - ela sorria.

Não sei por que, mas tem alguns idosos que sorriem o dia todo. Se não sorriem, estão se queixando de suas dores ou, do seu joelho cansado. Não entendo muito os velhos. Para mim, são enigmas. Principalmente a razão de sempre nos chamarem de "filho", "bem", "querido" e etc. O mesmo porre de sempre. Ela se afastou de mim, me fazendo ficar só.

- Max!

Olhei pra sala, a procura de quem me chamava. Era Felícia. Fui em sua direção.

- Oi. Feliz aniversário! - ela falou me abraçando. Sorri.

- Obrigada, Fe.

Felícia é minha amiga desde os nossos 11 anos. Sempre tentando me tirar das diversas confusões que me metia, e me meto até hoje. Ela tem olhos pretos e cabelo bem marrons, um castanho bem escuro, quase preto. Seu rosto é moreno e existem algumas espinhas pelo seu rosto. Tem a minha altura; talvez um pouco mais baixa. Cabelos com cachos soltos, mas também um pouco bagunçados. Sempre veste uma roupa casual bem simples. Ela não gosta de maquiagem e, quando usa, o que é raro, é só um lápis de olho ou algo assim.

- Quanto tempo! Desde que você veio para cá, não nos vimos mais! - falou me olhando por inteiro.

- Pois é - ri - e como vai o seu namorado?

- Ex-namorado - corrigiu.

- Nossa já? Mas vocês se amavam tanto.

- Dane-se o amor. Ele é um babaca.

- O amor ou o seu ex? - perguntei controlando a risada. Sentamos em uma mesa e ela começou a beber de um copo de cerveja que segurava.

- Ele me traiu, fiquei sabendo pelo amigo dele que me contou só porque estava muito bêbado e depois veio todo coitadinho implorar pelo meu perdão, dizendo que estava arrependido e que queria uma segunda chance - fez uma pausa para beber um gole da sua bebida - sabe, Max; eu cansei.

- Do que? - perguntei. Mas eu já sabia a resposta, "do amor".

- Do amor... - bufou.

- Pensei que já tinha cansado a anos. Sempre me fala essa frase.

- Que bosta! Já fiquei com tanto panaca! Mas achei que ele era diferente, sabe?

- Felícia, você sempre acha que é diferente, mas nunca é - falei rindo.

- Porque todos os homens são filhos da puta - explicou.

Ri mais uma vez.

- Pega mais uma bebida para mim, Max? - pediu - Por favor?

- Fe, as bebidas ficam alí.

- Por favor, Max... Por mim.

Sorri.

- Ok! - cedi pegando seu copo.

Levantei e andei devagar até lá.

Quando cheguei, pûs a bebida no copo e andava de volta a Felícia quando um cara esbarra em mim e me faz derrubar a cerveja em mim mesmo e nele.

No Que Me Meti?Where stories live. Discover now