Três de Poucos.

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Acordei confuso em um lugar sujo. Estava meio tonto. Observei o lugar. Era escuro e assustador. Podia ouvir um barulho constante de água, ou algum líquido, pingando em uma poça. Meus pés e braços estavam amarrados juntos a um pilar imundo que fedia a xixi de cachorro e cerveja. O chão estava podre. Tudo, estava podre. Estava com uma dor de cabeça horrível.

- Que porra é essa? - murmurei.

Piscar doía. Me mexer doía.

- Que porra é essa?!?! - dessa vez gritei.

- Ah, então a princesinha acordou? - um homem com uma garrafa de alguma bebida alcoolica falou em tom de piada.

- Quem é você? - perguntei.

- A pergunta certa é: "quem são vocês?" - um outro cara apareceu das sombras. Tinham mais dois homens atrás dele.

- A pergunta não precisa estar certa, não vamos responder mesmo - me assustei com um homem que falou em meu ouvido. Um que também surgira do nada.

Olhei para baixo e notei que estava sem roupas, somente de cueca.

- Que merda é essa? Cadê minhas roupas?!? - gritei.

- Escuta, garoto - o cara que parecia ser o "chefe", começou - você estava sobre uma proteção. Dane, foi um traidor. Ele não deveria ter te protegido.

- Eu não sei quem é Dane! Me deixa em paz!

- Você mente mal, Maxime.

- Eu não sei do que você tá falando. Não conheço esse cara!

- Então o que estava fazendo com o celular dele naquela praia?

- Eu estava na minha festa de aniversário, ele me fez sujar meu suéter e eu fui limpar no banheiro. Ele entrou, vomitou sangue e morreu. O celular dele tocou e eu atendi! Foi só isso eu juro! - falei desesperado.

- O Dane está morto? - ele parecia surpreso.

- Chefe, o que faremos? - um homem gordo e alto perguntou.

- Avisem os manos que esse desgraçado conseguiu em fim se safar! Vão sem mim, eu os alcanço.

- Sim, chefe.

Todos sairam, menos o "chefe".

- A quanto tempo estou aqui?

- Um dia e algumas horas. - respondeu.

- Que?!

- Te drogamos. E você vai dizer, por bem ou por mal, o que prefere. As duas opções são horriveis. Sugiro que não faça de cu doce e hesite, porque ainda estou te dando opções.

Pensei um pouco e suspirei. O que eu devo fazer? Olhei para o rosto do homem.

- E então, mauricinho? Vai responder ou não?

- Certo. Diga as opções.

- Opção número um: avisamos Ramish que está aqui. Ele odeia o Dane. Você era o protegido do Dane, por isso te odeia também.

- Ciúmes? - interrompi ousadamente.

- Não sei...

- Mas por que ele me odeia se nem eu sabia da existência do tal Dane?

- Porque ele não está nem aí pra essa história. O fato é que Ramish adora torturar. Ele faz o trabalho sujo aqui. Avisamos ele, ele te estupra violentamente, depois te tortura, você apanha feito uma mocinha e morre.

Fiz uma careta. Não gostaria de morrer arrombado e com a cara inchada, sozinho, nesse buraco escuro e fedorento.

Ele continuou me fitando, como se esperasse eu dizer algo.

- E a segunda opção? - perguntei receoso de que fosse algo mirabolantemente ruim, como colocar grampos nos testículos ou pior.

- Te soltamos e você entra pra nossa gangue. E não se preocupe: Ramish não é da gangue, ele só é contratado para os trabalhos realmente sujos.

Pensei. Estava a ponto de decidir se morro de agressão física e estuprado, ou se morro por correr devagar em uma chuva de tiros.

- Tem certeza que ele iria me estuprar antes de me matar?

- Absoluta. É a marca dele.

- E depois iria me torturar?

- Sim.

- Por que está sugerindo isso?

- Você é o único que tem a senha.

- Que senha?

- A teoria foi de que ele se aproximou de você quando era pequeno e lhe entregou um presente. Assim... sem mostrar a cara. Você o guardou sem ver direito. O presente tinha um número em algum lugar.

- A senha - completei devaneiando.

- Se lembra disso, mariquinha?

- Lembro de ter recebido um presente que não era da minha mãe, nem do meu pai e de mais ninguém da festa. Foi recente, eu não era pequeno. Eu tinha achado tão estranha essa...

- Ah, pelo amor de deus, moleque! - interrompeu - resume essa história, porra! Tô nem aí 'pro seus problemas, marica! Termina essa panca!

- Ganhei um presente e guardei sem ver direito... - remendei o que disse.

- Não brinca comigo, garoto! Quer entrar pra gangue ou não?

No Que Me Meti?Where stories live. Discover now