Capítulo 2

114 7 0
                                    

Sempre me pego lembrando o meu passado, tentando entender como a minha a vida pode ter mudado tanto de uma hora para outra. Das poucas lembranças que tenho, eu tinha uma ótima vida, pais que me amavam, uma boa condição financeira, tudo que eu podia querer.
Mas depois da morte da minha mãe, tudo mudou.
Na manhã​ seguinte meu pai me levou para um internato do outro lado do mundo, onde passei todos esses anos, ele nunca me deixou voltar para casa nem mesmo nas férias escolares. Nas semanas que tenho de ferias, ele vem pra cá ficar comigo e depois volta pra nossa casa, claro que nos falamos todas as noites pelo telefone, mas não é a mesma coisa.
Eu sinto tanta falta dele, desde aquele dia ele nunca mais me chamou de raio de sol, nem mesmo me deixou ir ao enterro da minha mãe, disse que eu era muito nova. E quando eu pergunto porque ele não me deixou ficar ao lado dele, ele diz que eu lembro demais a minha mãe e que ele não conseguiu superar a perda.
Eu entendo, não que isso mude o fato de que eu poderia ter ajudado estando ao lado dele.
Falta um mês para o fim dos meus estudos aqui e ele não me diz se vai me deixar voltar para casa ou não. Nesses últimos meses ele pouco fala comigo no telefone. Estou começando a ficar preocupada. Nessas últimas duas semanas, eu não recebi nenhum telefonema.

O mês passou tão devagar, estava contando os segundos. É hoje finalmente o dia.
Estou a caminho da sala da diretora, para pegar meus documentos e meu diploma e depois posso ir embora. Sou finalmente livre para fazer o que eu quiser.
Para em frente a porta e bato.

- Entre. Ela responde
- Boa tarde senhora Adams.
- Boa tarde Adelle, sente-se.

Eu me sento e espero.
Ela me olha nos olhos de jeito estranho.

- Adele, eu sinto muito informar que seu pai faleceu minha querida. Desculpe mas não tem outro jeito de te dar essa notícia.

Não sei por quanto tempo fico sentada lá simplesmente olhando para aquela mulher que cuidou de mim durante todos esses anos. Agora não tenho mais ninguém na vida.

- E o que acontece comigo agora.
- Bom como você sabe hoje é seu último dia no internato. Você já tem 18 anos e já concluiu os seus estudos. Eu fui instruída por um advogado do seu pai e te entregar essa passagem de avião para que você volte para casa e chegando lá você deve procurar por ele assim que sair do aeroporto. Foram as instruções dele e infelizmente eu não saberia te informar mas nada minha querida.
Aqui nessa pasta estão seus documentos pessoais, os documentos da escola, a passagem de avião para hoje a noite e 500 dólares para você ir até o seu destino. Lá você vai obter mais detalhes. Eu sinto muito.
- Quando meu pai faleceu ?
- No começo da semana, por isso você não recebeu mas nenhum telefonema e o advogado falou que foram ordens do seu pai que você não fosse informada até o dia de ir embora. Eu só cumpri ordens, você me entende ?
- Sim senhora Adams, bom minhas malas​ já estão prontas e eu vou indo. Obrigada por tudo que fez por mim todos esses anos. Adeus.
Eu me levanto e caminho até a porta.
- Adelle ?
- Sim.
- Na pasta tem um bilhete com meu número de casa e meu endereço. Se precisar de qualquer coisa me liga, pode me procurar quando quiser minha filha.
- Obrigada.

Me viro e vou embora o mais rápido que posso, não posso me dar ao luxo de ser fraca agora. Não agora que eu estou sozinha no mundo, um mundo que eu pouco vi e conheci.
Pego um táxi e vou para o aeroporto, chegando lá faço check in, minha passagem é de primeira classe, então posso esperar o horário do voo em uma sala privativa. Depois de uma hora e meia meu vôo é anunciado, depois do embarque e de decolar eu simplesmente caio no sono, estou exausta emocionalmente.
Algumas horas depois acordo, a comissária me oferece meu jantar. Eu aceito e depois de comer volto a dormir.

Depois de 7 horas de vôo eu chego ao lugar que foi minha casa a muito tempo atrás. Nova York. Estados Unidos.
Depois de todos esses anos na França. Ver essa paisagem me deixa sem fôlego. Parece até outro mundo.
Depois de pegar minha bagagem que é bem pouca, consigo sair do aeroporto 40 minutos depois de ter pousado.
Pego um táxi e dou o endereço do escritório de advocacia para onde tenho que ir. Chegando lá vou até a recepcionista e me identifico.

- Bom dia, sou Adele Prentiss. Estou aqui para falar com o senhor Garcia.
- Só um minuto senhorita Prentiss. O senhor Garcia estava a sua espera. Vou anuncia - la.

Ela se levanta de sua mesa e desaparece pelo corredor. Alguns minutos depois ela volta e pede que eu a acompanhe.
Paramos em uma das portas. Ela bate, abre e fala que eu posso entrar.
Quando entro, vejo um senhor de meia idade atrás de sua mesa.

- Senhorita Preintss é uma honra conhecê - lá. Sente-se. Fui contratado pelo seu pai a alguns para cuidar de toda a documentação necessária. Lamento pela sua perda.
- Eu não entendo, o que eu estou fazendo aqui.
- Bom seu pai deixou para a senhorita um apartamento muito bem localizado em Greenwich Village e uma quantia em dinheiro considerável. Não cobrirá seus gastos a vida inteira, mais por alguns anos com certeza se a senhorita souber administrar. A única coisa que eu tenho que fazer é passar a escritura do apartamento para seu nome e entregar os dados da conta no banco. Depois disso está livre para ir pra casa e tocar a sua vida.

Depois de assinar os documentos da escritura, ele me entrega uma pasta com os dados bancários, as chaves do apartamento e o endereço.

- Espero que tenha juízo senhorita, isso é tudo. E se precisar de algo me procure.
- Obrigado senhor Garcia.

Me despeço dele e vou embora. Para minha nova casa.

Uma Vida De MentirasOnde histórias criam vida. Descubra agora