Capítulo 1: Meus dias.

0 0 0
                                    

*Escrito por Rafaela*
Jovens: Rafaela, Matheus, Elisa, Edu e Diogo.

Eu não sei como as pessoas conseguem acordar sorrindo. Eu acordo um caco. Na verdade quando eu acordo só me pergunto porque tenho que acordar... Não é justo alguns dias serem tão longos e outros tão curto. As vezes, penso que vinte quatro horas é pouco, as vezes, eu acho uma eternidade.
Eu estou numa luta contra as madrugadas faço de tudo pra não ficar acordada até amanhecer. Mas geralmente quando vou dormir já é quase quatro da manhã.
Você deve tá pensando: "o que me faz ser especial e importante a ponto de minha vida te interessar..."
Sabe a resposta. Nada. Sou só mais uma fracassada tentando da certo.

Estou no primeiro ano do ensino médio. Mal conseguir sobreviver ao fundamental. Minha vida se resume a livros, séries e nada. Minha mãe é uma sobrevivente. Me criou só, após meu pai falecer. Não falamos muito no assunto. Na verdade eu não falo muito nunca. Nós vamos ter que ir para o nordeste, minha vó está doente e minha mãe como uma boa filha irá cuidar dela. Até porque os imprestáveis dos meus tios não prestam pra nada. Não estou muito animada com a mudança, não gosto de pensar em calor, ladeira, além de que Salvador é uma cidade grande, prefiro o interior, área rural, prefiro ficar longe das pessoas.
Nos últimos anos tenho procurado entender um motivo pelo qual estou aqui. Minha mãe sempre diz:

" Você é uma linda garota. Não entendo porque vive presa nesse quarto."

Mas os pais sempre veem o que querem, não é verdade. Eu a amo. E tento não desistir todos os dias por ela. Mesmo que palavras não saiam, tenho certeza que ela ver isso.

Amanhã será meu último dia nessa cidade. Queria ir na minha lanchonete favorita, na minha árvore favorita. Queria respirar um pouco o ar da cidade pequena. Por isso vou sair do meu quarto.

Nos primeiros passos já sinto que foi uma péssima ideia. Mas a brisa da manhã fresca me faz avança. Acho que faz tanto tempo que não ando por esses caminhos. Sempre dá escola pra casa. Assim que pus meus pés na lanchonete senti o cheiro da fritura. Que saudade de comer gordura. Um dia vou me arrepender de cada mordida, mas hoje eu comeria dez dessa.

Quando saiu da lanchonete vejo aquele céu limpo, azul vibrante. O sol está maravilhoso. Como não amar. Como não querer estar viva...

***

Tudo que ouço é um choro. Um choro forte com soluços. "Aiiii", nossa estou sentindo uma dor forte. Tá doendo demais não consigo me mexer. Eu quero gritar, mas não consigo se quer abrir meus olhos.

Aquilo que nem todos veem. Onde histórias criam vida. Descubra agora