Capítulo 1 - Repensando o futuro

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POV Maggie Greene

Já havia passado sete anos desde o último confronto, parecia ter acontecido a séculos, Rick e Michonne ficaram liderando Alexandria e formaram uma família feliz, Enid fora morar com eles a poucos meses, desde que assumira o romance com Carl. Tara encontrou novamente o amor na comunidade de mulheres a beira do mar. Morgan e Carol se mudou em uma casa na floresta enquanto Rosita se foi para o Reino depois da morte de Eugene, e eu estava com Sasha e meu fiel companheiro Daryl.

A mais de dois anos que nenhum desconhecido passara pelos portões de Hilltop, estávamos finalmente em paz graças a Deus, Gregory já havia sido destronado antes mesmo de sua morte durante nosso primeiro confronto com Negan, por isso tomei a frente do lugar, o pequeno Glenn estava completando 3 anos quando tivemos nosso segundo confronto com outra comunidade. E há quatro anos ninguém mais morrera.

Jesus era como se fosse meu primeiro ministro, ele fazia a parte manual de governar uma comunidade e eu a parte burocrática, começamos a assinar contratos e documentações, era nossa pequena cidade.

Sasha era minha amiga, a melhor amiga, ela me dava colo quando eu precisava e me ajudava nas ordens, ninguém enfrentava uma mulher com rifle.

E Daryl... Ele era meu protetor, e protetor do pequeno Glenn, ele esteva lá quando eu dei a luz ameaçando a vida de um aspirante a enfermeiro enquanto o rapaz tremia de medo de algo acontecer comigo, ele estava lá quando Glenn ficou doente pela primeira vez, ele estava lá quando ele deu seus primeiros passos. Ele o ensinou a pescar, caçar e a seguir rastros, ele ensinou o garoto a se defender de tudo e de todos, Daryl era a figura paterna que ele precisava naquele momento.

Eu me peguei varias vezes pensando sobre isso, em como Daryl ficou em Hilltop sem se importar em deixar Rick pra traz, um dia eu criei coragem e perguntei o motivo, e ele respondeu categórico que estava em divida comigo e com Glenn, ele ia me proteger e proteger o pequeno Glenn de qualquer coisa e assim ele estava fazendo. Ele já havia pagado todo seu debito com a gente, na verdade eu pensava que tinha que pagar a ele de alguma forma tanta proteção e cuidado. As vezes eu me pegava pensando se por acaso Glenn e eu o fazia lembrar de minha irmã Beth, eu sabia que ela o havia tocado no fundo do coração, ela era assim, era apaixonante. Pensar nela me apertou o coração.

Durante muito tempo eu apenas sobrevivi e esqueci-me de viver realmente, eu sentia que a qualquer momento alguém viria e destruiria tudo, mas nunca ninguém veio, acabamos nos acostumando com a tristeza e quando a alegria chegava ela era ameaçadora. Sasha me fazia companhia na varanda da casa grande de Hilltop, a nossa prefeitura, há um ano havíamos inaugurado a casa grande com esse nome, ali agora moravam eu, Paul, Sasha e Daryl. Foram construídas casas menores nos arredores, tínhamos um pequeno hospital, uma casa para recém-formados policiais, era como brincar de sin city de verdade.

- nunca imaginei que um dia iriamos viver em paz novamente. – Sasha disse num só folego antes de bebericar o vinho em sua taça. Eu a observei por uns instantes.

- Nem eu... Faz muito tempo que não vejo um errante! – os mortos estavam mortos de verdade, eles entraram em estado de decomposição e por isso foram apodrecendo pelo caminho ficando mais fácil acabar com eles. As pessoas que foram morrendo sempre ganhavam uma facada na cabeça na altura certa do cérebro, então poucos apareciam e já eram destruídos.

- Meu Deus... É hora do show! – Sasha disse baixo com a taça de vinho cobrindo o sorriso travesso, essa era nossa distração da tarde, Daryl cortando a lenha para os fogões, ele sempre fazia isso todos os dias, raras exceções onde Jesus assumia mas mesmo assim ficávamos ai babando, pois ambos eram lindos de se olhar, mas Jesus sabia e fazia de proposito, já Daryl fazia tudo alheio a nossos olhares, ele nem tentava olhar para lado nenhum, ele apenas continuava a cortar até o fim.

- ele não se cansa. – disse num suspiro besta, fazíamos aquele ritual todos os dias, eu achava muita graça e me lembrava de quando era jovem e despreocupada.

- quantos anos ele deve ter? Os anos estão fazendo muito bem pra ele! – realmente, seus olhos azuis carregavam um pouco de rugas, mas todo o resto era impressionante, o corpo dele era puro musculo e os cabelos compridos eram selvagens. Eu havia conseguido ao longo dos anos o alvará para cortar aquelas madeixas a cada dois meses, mas apenas alguns centímetros, uma única vez que me deixei levar e cortei mais que o combinado, levei esporro durante uma semana inteira.

- Não sei Sasha, mais de 40 com certeza.

Ele jogara toda a lenha no chão e arrastou o machado pela terra, a regata preta estava encharcada de suor, e os braços tinham uns riscos de sujeira, aquele era Daryl, desmanzeladamente lindo. Ouvi Sasha prender a respiração ao meu lado quando ele levantou o machado descendo com força, dividindo a madeira no meio, sempre que ele fazia o movimento de subir a ferramenta, sua regata subia junto mostrando parte daquele tanque incrível dele. Junto com ele suas cicatrizes ficavam a mostra, Daryl era como um livro de histórias ambulante, o pequeno Glenn adorava ouvi-las, e sempre que podia perguntava, Daryl tinha cicatrizes de tiros, facas e quedas na floresta, ele tinha até a cicatriz da própria flecha, ganhara quando caiu de um penhasco, mas eram as cicatrizes de suas costas que ele nunca contara. Glenn por vezes perguntou sobre elas, e Daryl apenas inventava uma história, uma vez fora um urso, em outra uma onça. Mas eu sabia que tipo de animal fizera aquilo, porém achei certo nunca perguntar.

- Maggie, nunca pensou em perder a cabeça por um dia? Sabe entrar no quarto dele e acordar ele com uma maravilhosa bo...

- Sasha! – eu a cortei quase gritando, meu rosto estava queimando de vergonha, Sasha sempre falava besteiras isso para mim era libertador, mas nunca havia pensado em Daryl dessa forma.

- O que? Sério? Viemos aqui durante anos olhar essa escultura humana, e você tem a faca e queijo na mão e não usa. – ela disse rindo.

- E você?

- O que tem eu?

- Jesus!

Sasha me olhou estupefata, ela achava mesmo que eu não percebia os olhares que eles trocavam durante todo esse tempo, eu sabia que ela tinha medo, depois de todo o apocalipse ela tivera dois homens maravilhosos e ambos morreram antes que pudesse se quer assumir, mas agora estávamos bem, nada aconteceria.

- Maggie não mude de assunto - ela disse envergonhada.

Acabamos por terminar nossa conversa ali, daquele jeito mesmo apenas usufruindo da visão perfeita daquele ser humano abundantemente gostoso!

Seven year after the end of the worldOnde histórias criam vida. Descubra agora