34; what is happening

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Na segunda-feira, ao chegar à escola, Jimin sentiu como se todos os olhares estivessem direcionados a ele.

Enquanto caminhava pelo corredor a fim de chegar ao seu armário, Jimin permaneceu com a sensação de ter vários olhos em cima de si, seguindo cada passo e cada movimento seu ㅡ tudo piorou quando ele escutou uma garota do outro lado do corredor citar seu nome em uma conversa com a amiga, rindo em seguida.

Jimin já havia visto e vivido isso antes, não era um bom sinal.

Como se tudo ainda não fosse o suficiente, quanto mais ele andava, mais distante de seu armário ele parecia ficar. Então Jimin passou a andar mais depressa, encarando o chão e tentando ignorar todos que persistiam em olhá-lo como se o julgassem. Por não olhar por onde estava indo, Park esbarrou em alguém que vinha em sua direção, ele levantou o olhar e estava prestes a se desculpar quando o garoto com quase o dobro de sua altura disse com um sorriso de lado:

ㅡ Porra, Jimin, até que você fica bem gostoso com roupas de ballet!

Jimin arregalou os olhos, sentindo o coração acelerar ainda mais. Ele não sabia o que havia se passado em sua mente naquele momento, mas, sem dizer uma palavra, Park deu um forte pisão no pé do garoto e em seguida correu para longe dali, escutando o outro xingá-lo de todos os nomes possíveis.

Jimin finalmente chegou a seu armário, e depois de recuperar o fôlego pela corrida e olhar para as palavras escritas e os desenhos feitos na porta do mesmo, ele soube que não deveria se quer ter se levantado da cama naquele dia.

As palavras e desenhos, boa parte deles sendo obscenos, não eram nenhuma novidade para ele ㅡ já havia acontecido uma vez em Busan ㅡ mas isso não significava que ele não se importava com esse tipo de coisa, apesar de ter passado por algo parecido há pouco tempo atrás, a mágoa continuava a mesma.

Para Jimin, palavras como "princesa bailarina", "gay", e "veadinho" estavam longe de serem consideradas xingamentos. Mas quando se era um garoto na Coréia do Sul, principalmente dentro de uma escola com centenas de adolescentes cruéis, aquelas palavras eram as últimas pelas quais ele queria ser chamado.

Jimin sabia que a partir dali o número de apelidos ia aumentar, e que eles não seriam apenas escritos em seu armário, as pessoas iriam caçoá-lo por onde ele passasse naquele colégio ㅡ e alto o suficiente para que outros alunos escutassem e caçoassem dele também, rindo e apontando como se ele fosse uma real aberração.

Ainda tentando segurar as lágrimas, Jimin abriu a porta do armário a fim de pegar seus materiais e seguir para a sala, mas antes que ele pudesse fazê-lo, uma folha de papel caiu sobre seus sapatos. Ao pegá-la, Jimin percebeu que era uma foto sua saindo da academia de ballet, que devia ter sido tirada na quinta-feira em que ele saiu correndo para o hospital ainda com roupas de ballet.

Jimin riria se sua situação não estivesse tão ruim. A pessoa, além de se dar ao trabalho de tirar uma foto como um paparazzi, tivera coragem de gastar uma folha de papel e tinta colorida apenas para imprimir a fotografia e entregá-la ao próprio Jimin. Era ridículo.

Era ridículo o que adolescentes eram capazes de fazer para humilhar uns aos outros.

Jimin ainda olhava para a fotografia em suas mãos quando um garoto falou atrás de si, tão perto de seu ouvido a ponto de fazê-lo dar um pulo pelo susto:

ㅡ Eu até ficaria com você, só teria que ignorar o fato de que você é um cara. ㅡ O garoto deu uma risada e passou rapidamente a mão pela bunda de Park, que deu outro pulo e praticamente caiu sobre seu armário.

Jimin não teve forças para pisar no pé do garoto daquela vez, e muito menos para pensar em algum xingamento. Park soltou um soluço do qual nem se deu conta de que estava segurando, sentindo as lágrimas finalmente caírem por suas bochechas.

ballerina | jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora