ASCENSÃO

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   Um banco de concreto pode ter mais sentimentos do que as pessoas que se deslocam em minha frente. A luz do sol ficando cada vez mais fraca, enquanto o relógio corre.
  A Praça Rica está movimentada; todos andando de um lado a outro com sacolas nas mãos. Não,  não! Quem segura suas sacolas são seus lacaios. Claro, sempre é.
_ Está tentando matar alguém mentalmente? _ uma voz familiar tira minha atenção. Volto minha cabeça na direção da voz e vejo a figura sublime de Tomn.
_ Mais morte por hoje? _ retruco.
_ Oh Jowe, minha irmãzinha, procurei por você o dia todo! _ Tomn diz num tom quase dramático demais para sua pessoa. Meu irmão se senta no banco ao meu lado.
_ Perdi o caminho de casa _ murmuro, mas ele escuta mesmo assim.
_ Avisei para Bairom te acompanhar!
_ Dispensei ele. Tomn, eu não quero um bando de marmanjos como babás.
  Sinto sua mão no meu ombro.
_ Se faz necessário que tenha seguranças agora. Você já é a Donatária de Lleyton, lembre-se disso toda vez que sair sem rumo.
_ Eu não estava sem rumo. Só precisava respirar um pouco.
  Tomn não diz nada. Nem eu. Ficamos um breve momento em silêncio, apenas observando a agitação da Praça.
_ E eles continuam comprando. Faz nem 12 horas que enterramos o líder deles.
_ Papai não era o tipo "simpático"_ digo em resposta
_ É por isso que estamos apostando em você. _ ele fala a sentença batendo em minhas costas. Apenas dou um sorriso fraco. Não era hora de querer retrair.

  Dispenso o carro de Tomn e pego o metrô. O Centro de Gardwen fica a menos de uma hora da minha CH, então nem vejo o tempo passar.
  Ao chegar em casa me deparo com Devon. Ele está no balcão da cozinha a meia luz, segurando firmemente uma caneca e com a expressão séria. Ligo a luz e somente assim percebe minha presença.
_ Humm _ ele murmura._ Por favor, não saia sem me avisar novamente.
Fico em silêncio. Tudo bem, foi estúpido e um descaso eu sumir dessa maneira sem comunicar ao meu próprio marido.
  Vou até ele e lhe tiro a caneca de suas mãos.
_ Preciso de um banho _ sussurro. Devon sabe exatamente o que sugiro, apenas o puxo pela a sua gravata desengonçada e ele me segue sem pestanejar.

  As espumas flutuam pelo o banheiro. Assopro as que estão em minha mão e Devon sorri. Um sorriso retraído, ainda não conversamos sobre hoje.
_ Meu amor, eu realmente fiquei preocupado com você.
_ Me perdoe por ter saído daquela maneira. O que aconteceu... _ não termino a frase. Não me sinto confortável para falar disso.
_ Eu sei.
  Me movo do meu lugar na banheira e vou até Devon.
_ Poderíamos fingir que tudo está normal? _ pergunto olhando no fundo de seus olhos escuros e profundos.
_ E não está?

  Acordo com o barulho do despertador. Abro os olhos e pego o objeto mais perto de mim e lanço naquela tela irritante. O som se cala, mas não volto a dormir. Não, não. Devon está sentado na poltrona com o TabletPlus, vejo uma veia se formar em sua testa. Coisa boa não é.
Levanto da cama e vou por detrás dele. Acaricio suas costas, pois seja sabe-se lá o que for, quero confortá-lo.
_ Algo ruim? _ pergunto. Ele levanta o rosto e me olha de lado, então, entrega o aparelho para mim.
_ É sobre seu pai _ sua voz sai carregada. Meu coração se aperta, mesmo sem saber o que é. Na tela vejo Truman, velho amigo de meu pai e Chefe do Conselho. O vídeo está pausado e então aperto em replay.
_ Bom dia, Jowe. Espero não tê-la acordado, mas o que tenho a dizer será curto. Primeiramente, sinto muito pelo o que aconteceu ontem, espero que esteja bem. Olhe, logo chegará uns arquivos para você. Concluímos que a causa da morte de seu pai não tenha sido natural. Ele foi  assassinado.

Não consigo processar o que acabei de ouvir.
_ Jowe...

Meu pai foi... assassinado?
 

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⏰ Última atualização: Jun 03, 2017 ⏰

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