Eu nunca fui muito fã de mudanças. Sempre gostei de habitar por bastante tempo em apenas um lugar. Mas naquele instante era diferente. Eu queria conhecer Inglaterra desde pequena, era um sonho, um desejo que eu guardava à sete chaves por medo de ter que abandonar meu amigos de Nova Orleans, mas que agora, eu poderia realiza-lo de qualquer forma. Minhas pernas estavam cobertas por um shorts-saia do mais novo colégio, onde por baixo eu usava uma meia que segundo, Yuri Blathys, meu antigo namorado, me deixava totalmente sexy. Minha mãe poderia, muito bem, protestar contra elas, ou contra minhas botas pretas e surradas que eu tanto amava. Mas o fato, é que ela já sabia, desde cedo, que sua filha era um projeto de indiciplência discreta, era como se ela plantasse uma planta carnívora no seu próprio terreno, esperando que nascesse uma rosa.
Mas a verdade é que nesse terreno nasceu uma planta carnívora e de nada poderia mudar.
Eu nunca fui progamada para amar alguém. Esse lance de chorar por um relacionamento que não deu certo, nunca fui comigo. Segundo minha mãe, sou fria quanto um iceberg, e se eu puder esconder meus sentimentos de você, esconderei.
Eu sou uma espécie de garota que atraí pelo simples fato de retrair.
Mas agora era diferente. Era uma escola nova. Pessoas novas. E talvez, atrações novas. Eu não podia negar a mim mesma, que eu estava totalmente tranquila e passiva, minha barriga estava fria por baixo da minha blusa longa dos Ramones e meus pés batiam a cada três segundos no carpete do carro. Tento me concentrar na música ambiente que tocava, e vejo o quanto aquela rádio tocava músicas de elevador que me faziam ter um relance de sono. Logo percebo que eu não era a única nervosa no carro, minha irmã, Giovanna Brooke batia seu pé em meu banco, enquanto minha mãe olhava a estrada e mudava de marcha duramente, ultrapassando um carro 4x4. Sem eu mesma perceber, ela estaciona o carro em uma esquina.
— Não vai me deixar na porta da escola? — Pergunto achando estranho e posiciono melhor minha mochila em meu ombro.
— Não Mabel... — Ela diz negando a dar uma explicação.
Abro a porta do carro e vejo um grupo de jovens indo logo a frente, supostamente para a escola. Minhas pernas se estremecem com o contato com o frio e a mudança de drástica de temperatura, onde no carro havia aquecedor. Ando à passos lentos e sensuais até avistar um patío extenso em frente ao edifício do colégio. A grama era bem cortada e alguns carros estavam estacionados por ali, mas não havia nenhum sinal de vida. O grupo de jovens que andavam a frente, já havia abrido o portão e entrado, e eu, logo percebo que estou atrasada.
Subo as escadas e ajeito meus cabelos, com um braço empurro a grande porta e passo meu corpo para dentro da escola.
Armário 25, corredor 2.
Eu repetia mentalmente, mas quando dou um passo adiante, vejo a quantidade absurda de adolescentes naquele corredor. Deixo minha postura reta, jogo meu cabelo para trás e começo a andar mais sensualmente do quê a pouco tempo atrás. Eu olhava para o chão, com um leve sorriso de malícia e um rebolado discreto em meu andar. Observo que os jovens se diviam em dois no corredor, e sinto todos os olhares sobre mim.
Eu amava sentir aquela sensação de estar sendo desejada. Pude ver pelo canto dos meus olhos um garoto que me olhava de boca aberta, e logo após, duas meninas me olhando com inveja. No chão, estava escrito o número do corredor e eu pude ver que havia chegado no meu. Aquela sensação de medo e nervosismo, já havia passado e eu me aproximo de meu armário, fingindo que eu era apenas uma pessoa comum e sem total atenção. Abro meu armário e coloco alguns livros de minha mochila, esvaziando boa parte, a própria.
Decido pela primeira vez, olhar para alguém e lançar meu sorriso mais ingênuo e atraente que eu poderia oferecer.
Você deve estar pensando leitor, que eu sou uma oferecida, mas embora eu gostar de ser atrante, sou mais difícil do que imaginam.
Eu olho para o chão e lentamente olho para um grupo de garotos que me observavam à quatro armários de distância. E o que me mais me chamou atenção era o que estava no centro, — provalvelmente por ser o mais popular — ele usava uma blusa do The Smiths onde por cima se cobria com uma jaqueta jeans preta, era tão pálido quanto um doente e sua boca era tão vermelha quanto sangue. Ele estava com óculos escuros emaranhados em seus cabelos castanhos claros que estavam desgranhados e bagunçados de uma forma sexy.
Ele era um homem sexy.
Nós trocavamos um olhar que penetrava até a alma, eu queria atraí-lo, mas ele, já queria me devorar. E numa atitude tediosa, como se saísse da nossa troca de flerte, — querendo de certo fato me iludir — ele se vira de forma desleixada e vai embora. Minha intimidade dava sinal de vida, enquanto eu dizia a mim mesma, que ele era só um garoto qualquer.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Apenas Um Toque
VampireTalvez o que tanto ansiava era você tocando em meu corpo, dizendo meu nome em seus sonhos mais profundos e obscuros. Quem havia de inventado que as trevas, e a luz não haviam de haver um contato? Você sempre foi o lado obscuro da nossa historia, o l...