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Um novo dia nascia no horizonte. Como de costume, acordou na cama de alguém que conhecera na noite anterior. Pousou algum dinheiro em cima da mesinha de cabeceira e saiu de mansinho deixando a bela jovem descansar. Tirou o carro do estacionamento, passou no seu luxuoso apartamento para tomar um bom banho e vestir uma roupa lavada para seguir para o trabalho.

Já há vários anos esta era a rotina de Renato: de dia era alguém sério que trabalhava na empresa de seu pai e, à noite, divertia-se. No entanto a sua seriedade não o impedia de chamar a atenção das secretárias com quem trabalhava que o seguiam muitas vezes para os bares que este costumava frequentar e onde, normalmente, encontrava companheira de diversão. Para tal situação contribuíam a sua bela aparência, o seu charme, o porte físico, o seu sorriso, a sua conversa mas principalmente o seu nome e a sua "carteira".

Pois é! Para muitas mulheres não custa nada fazer companhia a um conhecido e rico homem por uma noite, seja para uma interação mais física ou simplesmente de conversa, se no final houver uma boa remuneração por isso.

Muitos perguntar-se-ão: Mas afinal para que é que ele pagava se ambos aproveitavam bem o tempo?

A verdade é que Renato sempre pensou que para ser aceite, que para ter o que queria, prazer ou companhia, tenha que pagar e, como dinheiro não era um problema, ele não se preocupava com tal.

A questão é: Será que ele era feliz assim? Será que compensava tudo o que gastava? Seria mesmo isso o que queria?

Não! Parecia que nunca era suficiente. Sentia que não encontrava felicidade mas, o hábito era tal, que já não conseguia mudar, não sabia o que fazer, o que procurar, então mantinha-se nesta rotina, sem reclamar.

Já tinha fama de mulherengo e muitas mulheres aproveitavam-se disso.

Por outro lado, o dinheiro que deixava era como que uma maneira de garantir que as mulheres não falariam do que ali acontecera pois, sendo um homem rico, bem-parecido e herdeiro de uma empresa muito conceituada no mercado, era, por vezes, notícia em revistas e não queria ver a sua vida exposta ao mundo, pelo menos não este seu lado sombrio.

Naquele dia, quando chegou à empresa, tudo apontava para ser um dia normal, como outro qualquer, até Ricardo, seu pai, o chamar para uma séria conversa no seu escritório.

Antes de bater na porta passou dois minutos a analisar as suas memórias recentes, procurando alguma falha que poderia ter cometido e pela qual iria ser repreendido. Porém, não conseguiu chegar a qualquer conclusão.

Pediu licença para entrar e, preocupadamente, avançou em direção à secretária onde estava o seu patrão.

- Passa-se alguma coisa? - perguntou ao se aperceber que seu pai não começava.

- Sinceramente, tenho algo importante para falar contigo, meu filho. Mas senta-te primeiro, por favor! - falou Ricardo sem saber muito bem por onde começar.

Renato puxou uma das confortáveis cadeiras e sentou-se. Esperou um pouco até seu pai ganhar coragem para dizer o que queria:

- Bom, - começou - a verdade é que, tu sabes que eu já não vou para novo, não tenho mais a mesma perícia, a mesma cabeça criativa e inovadora de antigamente. Os tempos são outros, a sociedade modernizou-se e esta empresa precisa de mentes brilhantes e modernas e é por isso que eu decidi que me quero reformar. Sendo tu o meu único herdeiro, é teu dever assumir o meu cargo de diretor e dar novos rumos a este projeto. Quero que tomes conta da MobiHome e que não hesites em me pedir ajuda, sempre que precisares!

Renato ficou pasmado com o que acabara de ouvir.

- Mas porque decidiste fazê-lo agora pai? - questionou.

- Tu sabes que eu e a tua mãe já mal falamos mas, apesar de a nossa convivência parecer impossível já há vários anos, eu ainda a amo muito e gostava bastante de puder reconquistar o seu coração. Para além disso, tu superaste as minhas expectativas. Mostraste ser eficiente, um bom gestor, um homem sério no trabalho e sei que estás pronto e à altura de assumir o meu posto. - explicou Ricardo - Espero grandes coisas de ti meu filho! - Concluiu com orgulho.

Renato não conseguia acreditar. Tudo o que sempre desejara fora finalmente realizado. O seu pai tinha orgulho nele, confiava e acreditava nele, e isso era tudo o que queria.

Levantou-se por fim da cadeira e exclamou:

- Deixá-lo-ei orgulhoso meu pai! - e, com isto, abraçou seu pai que retribuiu o gesto dando-lhe palmadinhas nas costas.

- Esta tarde farei uma reunião com todos os sócios e colaboradores para lhes dar a notícia. - Disse quando finalizado o gesto carinhoso.

- Obrigado pai, pela confiança que estás a depositar em mim.

- Ora essa. - respondeu Ricardo - Tu mereces! Agora vai trabalhar, mostrar o que vales. Espero que não te desleixes agora que vais mandar.

- Prometo que não, meu pai. Trabalharei arduamente para elevar esta empresa. - E, dito isto, saiu alegremente do escritório que em pouco tempo seria seu.

Um amor na hora certaOnde histórias criam vida. Descubra agora