CRÔNICA: Não é o gato que a curiosidade mata

56 12 5
                                    

Você se considera uma pessoa extremamente curiosa?

Acredito que boa parte da população brasileira diga "não" para essa pergunta, mesmo que não seja uma resposta verídica. O ser humano é movido pela curiosidade, por isso a tecnologia chegou no ponto atual, assim como a sociedade e a ciência. Você pensa "meu corpo é composto de alguma substância específica?" e sua curiosidade lhe impulsiona para pesquisas, como acontece com cientistas. Jornalistas são ainda mais curiosos. "O que nosso presidente fez? Por quê? Onde? Como? Quando?" e questões semelhantes fazem parte do imaginário desse grupo, garantindo assim a informação (extremamente necessária em nossa era). Os escritores têm a curiosidade de como um enredo pensado aleatoriamente poderia ser desenvolvido e assim seus Romances, contos e outras narrativas são criadas.

Há a curiosidade de quem acolhe as informações criadas por esses grupos. Os jornalistas, por exemplo, precisam que o público tenha interesse em determinado assunto para existir um aprofundamento nele, por isso existem notícias e reportagens com tamanhos muito contrastantes. Algo semelhante acontece com livros, pois a sinopse deve intrigar o leitor para que ele comece a ler e as palavras dentro do livro devem ser ainda mais instigantes para garantir sua finalização. Assim como novelas, no campo audiovisual. Tudo movido pela curiosidade!

Se você levar essas situações em consideração, ter vontade de ler as mensagens no celular do namorado não é tão errado, certo? Nem ficar observando a troca de mensagens de uma pessoa no metrô que você nunca viu na vida — pensando mais em uma realidade do cotidiano paulistano. Nem tentar ouvir a conversa de seus amigos quando se afastam para uma conversa "a sós". Nem sair de casa após ouvir um barulho semelhante a um tiro, só para ver do que se trata. Ou usar seu celular para filmar acidentes, enchentes, vandalismo...

Bem, há um pouco a se pensar sobre tudo isso.

Tente seguir meu raciocínio. Conhece o ditado "a curiosidade matou o gato"? É muito usado para dizer que algo ruim pode acontecer devido a curiosidade de alguém, mas usamos o animal devido sua "intromissão". E se eu te disser que não é o gato que a curiosidade mata? Muitas vezes os pobres jornalistas correm perigo de vida para saciar sua própria curiosidade e a de várias pessoas na sociedade. Alguns cientistas são ameaçados por descobertas e pesquisas polêmicas. A curiosidade tem o lado bom e o ruim, pois pode lhe ajudar e ajudar a sociedade ao mesmo tempo em que pode exterminar a raça humana, mas raramente isso é posto em pauta.

O resultado da parte benigna já foi mencionado, vejamos agora o outro lado da moeda. O lado obscuro da curiosidade pode afetar muito mais do que apenas felinos. Talvez relacionamentos acabem devido a curiosidade extrema. Talvez o estranho no metrô acabe lhe dando um olhar quase mortal por sua bisbilhotice. Talvez...

Bem, acho que dá para entender o que há em seguida. Se não entender, cuidado! Talvez você esteja tomando o lugar do gato neste exato momento.

AntologiaWhere stories live. Discover now