Todas as minhas manhãs são ridiculamente iguais há 5 anos. Eu acordo, dou uma corrida no parque, tomo café da manhã na minha cafeteria preferida e volto para casa para tomar um banho de exatos 15 minutos.
Meu nome é Manoela Mancini, tenho 25 anos e trabalho no escritório criminalista mais famoso da cidade. Talvez eu tenha contado com a ajuda do meu pai para conseguir uma entrevista? Talvez. Mas ninguém se sustenta no Hoffmann & Soares só por QI (o famoso "quem indica").
Especificamente hoje, minha cabeça resolveu acordar latejando e eu considero pular a corrida e dormir mais um pouco, assim ainda consigo chegar mais cedo no escritório e, quem sabe, voltar para casa a tempo da aula de dança que Natália quer tanto que eu faça.
Naná é minha melhor amiga, com quem eu divido um charmoso apartamento em Ipanema. Somos nós duas e o Nino, um buldogue que adotamos depois que ele sofreu um acidente, perdeu as duas patas traseiras e foi abandonado pelos antigos donos.
Já se passaram 5 minutos que estou enrolando, então tenho que tomar logo a decisão de levantar ou voltar a dormir.
Bom, a genética não me fez ser uma daquelas mulheres que podem comer cinco hambúrgueres com batata frita extra-grande e um litrão de refrigerante sem engordar. E, porque sei que talvez eu tenha dado uma exagerada no álcool na noite passada – vide a dor de cabeça insuportável – decido que é melhor eu não pular meu exercício matinal.
É aí que eu me vejo na situação mais desconfortável da minha vida.
Quando abro os olhos, a primeira coisa que percebo é que não estou no meu quarto. Os raios de sol não têm problema em ultrapassar a fina camada transparente da cortina e me atingem tão fortemente quanto a realidade de quando olho para o lado e vejo ninguém menos do que George Hoffmann, também conhecido como meu chefe.
Meu coração para por alguns segundos até retomar a bater com força total e ligeiramente barulhento. Então levo minhas duas mãos ao peito, tentando me mexer o mínimo possível, para tentar acalmá-lo e evitar que o som das batidas acorde George.
Ok, tenho duas opções. Eu posso levantar o mais silenciosamente possível e correr para longe desse quarto, ou posso fingir que sou uma pessoa civilizada e acordar meu chefe para dar bom dia e perguntar em que momento da noite passada ele achou que seria legal e conveniente se acomodar entre as minhas pernas.
Mas George é mais rápido que eu e, antes que eu consiga tomar qualquer atitude, ele se vira para mim e me encara com as enormes bilhas azuis que ele tem coragem de chamar de olhos.
- Guten morgen! – Ele diz em alemão. Trabalhar com George é quase um curso do idioma, pelo menos das expressões básicas do dia a dia, como "bom dia".
E então sorri, como se não estivesse encarando uma das advogadas do seu escritório. Uma que, inclusive, ele tem uma reunião em algumas horas para discutir o caso de um certo governador.
Não sei se devo responder ou não. E como minha consciência falha em me ajudar, apenas levanto da cama, recolho minhas roupas e saio correndo do quarto.
Se eu tinha alguma dúvida sobre o que aconteceu na noite passada, a ligeira surpresa de me descobrir nua me esclarece tudo.
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E agora? [COMPLETO]
Short StoryManoela Mancini é uma advogada de sucesso. No auge dos seus 25 anos, conquistou um papel importante em um dos principais escritórios da cidade, mas uma noite inesperada com seu chefe, um dos solteiros mais cobiçados do momento, pode por tudo a perde...