Era difícil explicar, ela olhava para o céu noturno, cansada de pensar nele, cansada de se lembrar do quão importante ele era e em como sentia falta de ter seus lábios contra os dele, mas era inevitável. Ela não conseguia se controlar. Ela apenas olhava para a janela e fechava seus olhos, conseguindo sentir um leve calor enquanto se lembrava das mãos do maior em seu corpo, era mágico. Se lembrava de seu toque como se fosse recente, ela quase podia ouvir sua voz lhe sussurrando elogios idiotas que a faziam sorrir feito boba, mas que naquele momento só eram motivos para suas lágrimas, que rolavam por sua face como uma silenciosa chuva numa singela e cálida noite. Suas memórias ainda machucavam, mas quem poderia culpa-la? Ela já fazia por si só.
Um suspiro silencioso se sobressaiu na noite e ela cobriu a boca, se segurando para se manter calada enquanto sofria pelo seu amado, que ainda fervia em seu peito num amor inabalável que ela cultivara durante todo esse tempo. Ela só queria esquece-lo, mas sabia que seu coração sempre pertenceria à ele, ela só precisava aceitar, aceitar que ela só amaria ele e que ela o havia deixado ir. Era simples assim. Um soluço baixo soou. A garota fazia uma prece silenciosa a Deus, implorando para que a dor sumisse e que ela se esquecesse dele, porque ela estava cansada de ama-lo.
Ela sentiu seu toque em seus cabelos e suspirou baixinho, sabendo que não poderia se render às alucinações e às ilusões que seu cérebro insistia em fazer, ela estava cansada de se iludir, cansada de pensar que ele ainda poderia se importar, ou até mesmo se lembrar dela, afinal, ela se apaixonou por alguém e cometeu o infeliz erro de achar que as pessoas que ela amava só lhe desejavam o bem. Ela deveria saber que era melhor ouvir o coração e não os outros, e por tolice, o deixou. Ela não merecia ele.
Seu peito doía e ela se deixou cair ao chão, se encolhendo contra a parede enquanto tomava suas pernas em seus braços, as apertando enquanto escondia o seu rosto nos joelhos, procurando abafar o choro. Ela queria apenas uma chance de dizer o que sentia, ela só queria ter a chance de se desculpar, só queria tentar justificar para ele o porquê de tudo aquilo, mas ela não podia. Já havia se passado um ano e ele provavelmente já estava feliz com outra pessoa. Esse pensamento à feriu. Mais uma fez ela se lembrou daquele dia, daqueles olhos, daquele sorriso, ela só queria beija-lo mais uma vez. Sua risada soou pelo cômodo e ela tapou os ouvidos, desesperada de mais para notar que tudo estava na sua cabeça.
Ela se sentia culpada, culpada por nunca pensar em si mesma, culpada por amar e por não poder dizer, culpada por saber que não adiantava nada chorar, culpada por querer algo que ela tinha em suas mãos e deixou se esvair pelos seus dedos o que ela deveria ter agarrado com a alma. Agora ela estava só. Uma doce garota, que o procurava na multidão todos os dias, na esperança de ver seus bagunçados cabelos loiros pelas ruas. Uma desesperada amante, que chorava todas as noite pela falta de seu amado. Uma pecadora, por sentir falta da sua pele contra a dela.
E em meio aos soluços, ela percebeu que não existe um final feliz, se tocou que os clichês não existem e que não existe nenhum príncipe encantado, nem que o mundo conspiraria ao seu favor quando se tratasse do amor. Ela apenas viu que a única pessoa que poderia fazer as coisas acontecerem, era ela mesma. Nada mais. Então ela apenas se levantou do chão, enxugou suas lágrimas e se deitou em sua cama, fechando os olhos em busca de algum conforto irreal e, mais uma vez, como todas as noites, sonhou com ele.
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One More Night ─ Little Tales
Dla nastolatków➘ི᪵۫۫⸙⃟⸽Um choro silencioso pode dizer muito mais do que a sua mente pode assimilar, então apenas sinta o que deve sentir e levante a cabeça.