Quando achei que o dia estava acabando, e o conjunto de acontecimentos estranhos e suspeitos tinha chegado ao fim, Hayden estava, pela terceira e inconveniente vez, à minha espera na porta do dormitório. O sangue subiu à cabeça tão rapidamente, que não pensei direito. Ao dar por mim, já tinha caminhado a passos duros na direção dele, meu dedo estava em riste em seu nariz.— Você só pode estar brincadeira! Não deveria estar preso?
— Eu fugi antes que a polícia chegasse. Trevor não era a melhor pessoa para ser deixada de olho em mim. — deu de ombros, um sorriso de triunfo.
Como se ele fosse o rei da parada.
— Não tem problema, eu chamo Dylan e ele já resolve a situação. Tenho certeza de que dele você não consegue fugir. — meu sorriso foi irônico, o tom de voz também, e ele sentiu a atitude atingi-lo em cheio.
— Ele é seu namorado agora? O que houve com Trevor?
Dei risada. A ironia só aumentou.
— A minha vida não é da sua conta, Hayden. — respondi, virei as costas e fui embora.
Não tinha paciência para mais uma conversa com ele. Não tinha estrutura emocional. Por desencargo de consciência, comecei a discar o número de Dylan.
— Você não deveria me deixar falando sozinho. — Hayden falou.
Parei onde estava. A voz de Dylan falou do outro lado da linha.
— Oi.
— Oi. Preciso de você. — ouvi os passos de Hayden aproximando-se de mim. — Estou na frente do prédio dos dormitórios.
Não tive tempo de ouvir a resposta dele. Hayden tomou o celular da minha mão e desligou. Devolveu-o logo em seguida.
— Que merda acha que está fazendo, Hayden? — quase gritei.
— Quero sua atenção por cinco minutos. Se Trevor tem, o tal Dylan tem, e eles não são nem um pouco confiáveis, também quero ter.
— Eles certamente são muito mais confiáveis do que você.
Ele negou com a cabeça lentamente, as mãos na cintura. O cheiro da jaqueta de couro tão conhecido embaralhou meus pensamentos por um instante. Então eu estava de volta.
— Está enganada. Só quero abrir seus olhos, Maddie.
— Certo. — bufei e o puxei pela mão até que sentasse em um dos bancos de madeira do jardim. Fiquei em pé, para demonstrar quem estava no comando ali — Pode começar a falar.
— Aqui? — ele olhou em volta.
— Não vou a lugar algum com você.
Ele cruzou os braços, descontente com minha atitude.
— Tudo bem. Não quer se sentar?
— Fala de uma vez! Ou a próxima ligação vai ser para a polícia!
— Sem polícia. — ele levantou as mãos na altura dos ombros — Você sabia que Trevor só está com você porque as suas famílias o obrigaram? O casamento precisa acontecer para unir o poder político de vocês. Eles querem eleger Trevor presidente um dia.
— Sim, eu sei.
— E você concorda com isso?
— Não é da sua conta. Se era só isso que tinha para falar, pode ir embora.
— Não, não é só isso. — ele me analisou clinicamente por um momento, provavelmente tentando me decifrar. Não encontraria nada. — Não quer saber como eu sei disso?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Desvio de Conduta
RomanceMadison Turner só queria se formar, tornar-se advogada militante dos Direitos Humanos, fazer alguma diferença no mundo, ser uma mulher forte, destemida e determinada. Mas os eventos misteriosos que passam a atormentá-la assim que pisa em Harvard não...