tempestades e o profundo oceano

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Despedidas verdadeiras já haviam perdido seu significado.

Frases e palavras de efeito como "Adeus" ou "Espero que você seja feliz" não possuíam mais qualquer sentido sempre que saiam por aqueles mesmos lábios carnudos e pintados de vermelho que, em algum momento, tornavam a se encontrar com os da outra.

Os amassos e as demais trocas de carícia que se desenvolviam mais tarde — depois das mensagens de término ou das despedidas feitas pessoalmente — consistiam de sentimentos quebradiços e amaldiçoados pelas duas; cada beijo significava terem mais motivos para irem embora e cada olhar de relance junto à um sorriso malicioso, que o tempo estava acabando.

Embora as palavras fossem amargas, a verdade era que aquele relacionamento não tinha conserto e que impulsionar aqueles acontecimentos na vida das duas, somente geraria ainda mais aquele desgosto e a impressão de que não conseguiriam viver separadas.

Jungeun, embora, sabia que aquela história não possuiria um final feliz mesmo em sua vida futura, caso tornasse a se encontrar com Jinsol. Mesmo que a loira fosse um poço de beleza, contasse as piores piadas para fazê-la feliz e possuísse lábios apetitosos, Jungeun já não conseguia enxergar um futuro ao seu lado. A mais nova já procurava conhecer do sabor alheio e se afastar o máximo possível de Jinsol — mesmo que, para que conseguisse fazer isso, tivesse de se aproveitar do gosto amargo de soju cortando sua garganta e de brigas sem sentido que desenvolvia com a mais velha.

Em determinados momentos, no entanto, a mais nova tinha recaídas e voltava atrás com suas decisões já tomadas anteriormente. Suas mãos se deliciavam com as costas nuas da outra e seu coração palpitava alegremente sempre que seus lábios se permitiam pousar nos cantos do corpo da mesma. Era empolgante voltar e sentir como se as portas para o céu houvessem sido abertas para si no momento em que as duas se tocaram.

No dia seguinte, Jungeun ia embora novamente com as mãos pousadas sobre a cabeça, prometendo a si — embora nunca chegasse a cumprir aquela promessa — que o álcool seria seu inimigo a partir daquele momento.

Tudo o que sobrava daquelas horas de libertação não passava do desejo de possuir Jinsol em seus braços a todo momento, da maneira como costumava tê-la antigamente; entrelaçando seus dedos nos dela, roçando a mão em sua pele macia e mergulhando dentro daquelas órbitas castanhas que lhe transmitiam uma sensação incrível de calma e conforto.

Apesar da comodidade que havia se instaurado na relação de ambas, a mais nova não desejava aquilo. Ela não queria que o amor se tornasse uma flor tão fraca naquele meio em que havia sido plantado; sem alguém que o regasse e lhe fornecesse abrigo.

Jungeun estava cansada de discussões e despedidas, então ela ia embora.

Mas sempre que o "Adeus" saia de seus lábios carnudos e pintados de vermelho, os mesmos se encontravam com os de Jinsol dentro de um curto período de tempo.

Então ela caminhava alguns passos e voltava ao início como em um ciclo vicioso, feito tempestades de verão.

Jinsol, por outro lado, ainda acreditava na sua convicção de que o amor e o oceano eram a mesma coisa; um pensamento solidificado a medida em que ela e Jungeun carregavam a relação de ambas como se a mesma não possuísse a mínima importância.

A cada despedida da mais nova, a loira sentia seu coração ser esmagado com força dentro de seu peito; no entanto — por quê realmente não lhe importava quantas vezes Jungeun a afastasse com suas tempestades — Jinsol insistia em permanecer no profundo oceano que era a relação de ambas.

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