Droga de vida!
Se ao menos eu soubesse lidar com isso! Pareço uma adolescente que teve uma decepção amorosa e não uma adulta, uma adulta sensata e independente que está chorando sentada na varanda do próprio apartamento! O meu quarto agora parece mais frio do que o normal.Ridículo isso! Até a luz do luar parece me rebaixar por tal ato infantil!
E daí que eu levei um chifre, bem, um não, vários! Talvez eu possa pegar uma roupa de cavalo e me fantasiar de unicórnio. Um unicórnio com dezenas de chifres bem no meio da testa.Como eu sou burra! Eu não acredito que me deixei levar por uma pessoa tão cretina! Que me abraçava e dizia me amar enquanto piscava para as outras pelas minhas costas.
E não acredito muito menos que manchei a fronha branquinha do travesseiro ao qual estou agarrada. Esse rímel é uma bosta!Mas também não é fácil ser convidada para uma linda festa pelo seu "noivo" e depois flagrá-lo aos amassos com uma vadia qualquer no meio do banheiro em plena festa.
Eu nem sei como sai de lá tão rápido. Só peguei minha bolsa e voltei o mais rápido o possível pra casa.
Aquele aproveitador se mudou pro meu apartamento semana passada, mas quando chegar, terá uma surpresinha muito agradável esperando por ele na sala.Já deve se passar das duas da manhã e eu aqui tentando conter as lágrimas que não param de cair.
Estava mais do que óbvio o que ele vinha fazendo comigo e a tonta aqui, não percebeu!
Problemas no trabalho que acabavam muito tarde, idas muito frequentes aos banheiros das baladas, sumia da minha vista quando estávamos lugares públicos... A lista não tem fim!Bem que dizem que amor nos cega! Mas, no meu caso, ele me arrancou os olhos fora e também a minha inteligência.
Não sei se eu era burra ou não queria aceitar que eu era a pessoa mais corna do país.
Não me acho feia, tenho minha beleza, apesar de características normais.
Olho para o lado e vejo o prédio vizinho, fica praticamente encostado no meu. Eu sempre estive tão imersa no meu mundinho que nem tive tempo pra fazer amizades novas.Aperto o travesseiro no rosto, amaldiçoando o dia em que conheci Fábio Price. Maldito!
--- Dia difícil?
Quase caio do parapeito da varanda quando escuto uma voz grave e mansa falar. Podia até ver as manchetes de amanhã nos jornais: " Corna morre ao "cair" de seu prédio". Porque, pra uma pessoa com uma galhada na cabeça "cair" significaria "suicídio", no mínimo!
Olho para o dono da voz e vejo logo a minha frente sentado em sua varanda com uma xícara na mão me encarando. Como ele apareceu aí? Jurava que não tinha ninguém lá!
--- Quem é.é voc.ê?
Digo com a voz embargada pelo choro.
--- Seu vizinho de janela, ora!
Franzo o cenho. Será que ele não sabe respeitar o sofrimento alheio? Puxa vida! Alguém aí em cima poderia dar uma aliviada! Não é?
--- Vizinho de varanda, você quer dizer...
Digo respirando fundo e tentando conter o choro.
--- Pode ser de janela mesmo!
Sério isso?
Reviro os olhos e pelo jeito ele percebeu, pois dá um sorriso de lado muito sínico pro meu gosto. O sujeito está usando uma camiseta branca e uma calça de flanela cinza. Pelo que me parece é alto mais não consigo distinguir exatamente suas características, já que a sombra do prédio, por causa da claridade da lua, está projetada por cima de sua varanda e tampando metade de seu rosto me dando visão somente de sua boca.
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Swagger
HumorPaciência! Essa palavra ultimamente não existe mais no meu vocabulário. E tudo por culpa dele! Eu não o suporto! Parece que ele está dedicando a vida dele a me infernizar. Mas, se ele quer que a nossa convivência (obrigada, por ambos os lados) seja...