Que barulho é esse? Será que ninguém pode dormir em paz hoje em dia? Ele persiste me fazendo abrir os olhos. Meu celular! Oh, droga! Que horas são?
Me levanto rapidamente do sofá a procura do meu celular. Onde eu o coloquei? Sei que está aqui na sala. Começo a jogar as almofadas no chão a procura do maldito aparelho. Deus me ajude! O avisto jogado no tapete, como ele foi parar ali?
--- Alô?
Digo apressada, ofegante e sonolenta, minha coluna dói. Mas também, quem mandou eu ir dormir no sofá. Burra!
--- Cristiny Morais! Onde você está? Já era pra você estar nesse estúdio à 20 minutos! O modelo já está quase chegando!
Caramba eu me esqueci totalmente! A minha chefe está furiosa, mas não é pra menos.
--- Desculpe! Eu já estou saindo, tive um pequeno imprevisto! Mas já estou à caminho!
Eu não posso perder o emprego. Então mais que depressa arrasto minha galhada até o banheiro, faço minha higiene, passo um batom nos lábios para tirar o foco das minhas olheiras e olhos inchados, consequências de uma noite mal dormida e lágrimas por quem não vale a pena.
Já são 7: 55 am, eu tinha que estar lá a muito tempo! A sessão de fotos começa 8: 25 am.
Visto uma calça jeans preta e uma blusa também preta de manga longa, calço um tênis prata olografico, pego minha bolsa e saio correndo.
..............
Depois de uma viajem turbulenta de carro devido aos vários buracos no asfalto, finalmente cheguei ao estúdio e por sorte antes do modelo. Eu sou fotógrafa. Vou fotografar uma campanha contra o preconceito racial, nela envolverá pessoas de todos os tipos de características. A de hoje será um modelo com características japonesas. Eu acho.
Entro numa sala onde está todo o meu equipamento e solto um suspiro ao ver minha câmera, já estava com saudades dela. Acabei esquecendo ela no trabalho ontem. Adoro fotografar, deve estar no sangue, já que minha mãe sempre gostou de tirar fotos de tudo e todos! Começo a preparar o meu material de trabalho e ajudar a instalar o equipamento no estúdio.
Há várias pessoas trabalhando e todas muito apressadas igualmente a mim. Um pequeno tumulto na entrada me chama a atenção e concluo: o modelo chegou! Hora de brincar com a minha amada câmera! Pela porta passa um homem alto e magro com olhinhos puxados e cabelos com o famoso corte cuia loiros e com as pontas azuis. Confesso que adorei a combinação, um tanto exótica, mas excelente aos olhos da câmera. A medida que ele se aproxima de mim consigo destinguir mais ainda suas características, lábios carnudos e os seus olhinhos puxados de japonês! Lindo! Geralmente os que aparecem nos jornais da TV são horríveis, como se tivessem tido um AVC e a cara nunca mais mexeu.
Ele anda até mim e me faço de desentendida, como se eu não estivesse o observando desde o momento que ele entrou nesse estúdio, mexo na minha câmera e aproveito para limpar a lente, confesso que desnecessariamente pois a minha câmera sempre está impecávelmente limpa.
--- Então você é a fotógrafa?
Ele pergunta com um sorrisinho zombeteiro enquanto me analiza. Sei que ele deve estar tentando encontrar uma razão plausível para eu ter vindo ao trabalho sem maquiagem parecendo uma viúva atropelada. Mas quando se está com pressa o preto parece ser o mais apropriado.
Eu me sinto ligeiramente envergonhada pela minha aparência deplorável, mas tento não ligar muito muito pra isso. O que eu preciso fazer é não levar em consideração a aparência perfeita desse Deus Grego na minha frente ou então irei me sentir além pesada por causa da minha galhada que ainda está por poldar, pior que o professor Snape em seu leito de morte em Harry Potter, como disse o meu agradável vizinho ontem.
Poderia ser mais ridículo? Eu, uma fotógrafa, observando seu modelo asiático gostoso e me preocupando severamente com a minha aparencia de corna?
Sinceramente, eu não poderia ser mais idiota.--- Sim, eu sou a fotógrafa!
Falo convicta.--- Algum problema com isso?
Aproveito e acrescento, somente para receber um sorrisinho cafajeste de sua parte. O que há de errado com ele? Não trocamos nem uma dúzia de palavras e ele parece estar disposto a me constranger.
Ele parecia prestes a falar algo, mas felizmente, ou talvez não, a minha chefe, Helena Pascoal, chega para nos apresentar. Ela me lança um olhar severo, possivelmente me advertindo pelo meu atraso, mas nem ligo. Ela sempre foi meio rabugenta, contanto que não me demita, já está de bom tamanho.--- Jovem rapaz, essa é a nossa mais requisitada fotógrafa, Christiny Morais! E esse é o seu novo modelo, Chase Williams!
Falsa! Essa minha chefe é uma interesseira, me elogiando assim para o tal de Chase só pode estar querendo que eu faça hora extra. E que nome peculiar para um asiático, acho que ele já deve ter sido mais elogiado que tigre em zoológico por Helena, para ela não ter dito nada que o engrandecesse agora.
Nós apertamos nossas mãos e ele me olha novamente com aqueles olhos puxados cheios de escárnio. Não trocamos nenhuma palavra e a situação, por algum motivo que desconheço, foi ficando constrangedora. Logo a maquiadora o arrasta para longe e fica somente eu e minha chefe.
--- Trate esse modelo super bem, me entendeu? Ele é talentoso e bonito! Vai me render muitos dólares. Temos que atraí-lo para nossa companhia! Cuide bem dele e atenda todas as suas necessidades.
Sabia que tinha algo, viu só, ela é a maior interesseira do século. Eu tenho é dó desse tal de Chase se ele vier trabalhar na nossa empresa. Esse mulher é uma idiota. Pelo menos paga meu salário. Ele caminha para longe de mim e alí só resta a minha câmera e o pensamento de que esse dia vai ser longo.
Alguns minutos depois o modelo está pronto e eu vou poder, finalmente, dar alguns cliques na minha câmera.
O estudio está bem montado com um fundo em um tom de azul cobalto, contrastando com os cabelos coloridos do modelo.
Elena tinha razão, ele é realmente talentoso. A espontaneidade com que posa para a câmera é incrível. Suas pernas estão bem apertadas em uma calça de couro preta e seu abdômen totalmente exposto. Como consigo me concentrar? Anos de prática fotografando modelos gostosos, mas lá no fundo sei que o subconsciente deixa o proficionalismo de lado e aprecia os gominhos sutis em sua barriga.Paro um momento e vou conferir a qualidade das fotografias e percebo que a maioria está excelente e que ele já pode trocar de roupa. Ele é arrastado para os camarins e sinto um pouquinho de pena dele, porque ele é literalmente arrastado, não deixam ele nem mesmo beber um copo de água.
Eu queria poder sentar também, mas tenho que ajudar meus colegas de trabalho a mudar o cenário. Sou paga apenas para fotógrafar, mas me sinto útil ajudando do que pagando uma de madame assaltando a mesa intocável de comida. Já basta ser corna, não preciso estar gorda.
O tal de Chase retorna, desta vez, usando uma calça jeans clara e rasgada com uma camisa branca desabotoada e mostrando novamente seu abdômen. O cenário desta vez está com um fundo preto deixando ainda mais destacado.
Pego minha câmera mais uma vez e começo a fotografá-lo. Ele lança sorrisos para a câmera e faz diferentes poses, o pessoal da equipe colocou uma música de fundo para descontrair o ambiente e deixar o modelo mais à vontade.Tiro o máximo de fotos que consigo, mas falta alguma coisa, acho que deveriamos das mais opções à ele.
Abandono minha câmera por um momento e falo com o pessoal da equipe para que me consigam uma poltrona branca. Enquanto eles realizam a tarefa que pedi, tiro mais algumas fotos.
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Swagger
HumorPaciência! Essa palavra ultimamente não existe mais no meu vocabulário. E tudo por culpa dele! Eu não o suporto! Parece que ele está dedicando a vida dele a me infernizar. Mas, se ele quer que a nossa convivência (obrigada, por ambos os lados) seja...