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- Mãe, eu já falei milhões de vezes: eu não estou interessado na Sun Hee!

Essa já era a milésima discussão que eu tinha com minha mãe sobre isso. Ela sempre tentava me empurrar para qualquer garota que aparecesse, numa tentativa de fazer com que eu me tornasse apenas hétero; e a escolhida da vez era Sun Hee, uma menina da vizinhança que eu cumprimentava ás vezes.

Minha mãe não aceitava minha sexualidade.

- Mas meu filho, ela é tão legal...

- Sim, ela parece ser muito legal, mas isso não quer dizer que eu vá ter algo com ela!

- Abaixe o tom de voz ao falar comigo - ela ameaçou e eu suspirei - Eu só estou tentando te ajudar...

- Ajudar com o quê? O que há de tão errado em ser bissexual?

Ela suspirou pesadamente.

- Meu filho, eu não entendo por que você quer seguir esse estilo de vida tão... depravado.

- Depravado?! Só pode estar brincando comigo!

- Você está confuso! Só precisa se relacionar com uma garota boa para esquecer esse seu interesse por garotos.

Suspirei, mal acreditando no que estava ouvindo.

- Escuta mãe, eu não estou confuso. Eu gosto tanto de garotas, quanto de garotos, e isso não faz de mim um depravado!

- Como pôde escolher ser desse jeito?! - o desprezo na voz dela era pior do que levar uma facada.

- Eu não escolhi nada! Isso não é uma escolha! Acha mesmo que eu escolheria sofrer tanto preconceito? - suspirei - Não. Eu sou assim. Não foi uma escolha.

Passamos um pequeno tempo em silêncio, apenas nos encarando. Então, ela desviou o olhar.

- Vá para seu quarto - mandou, sem olhar para mim.

- Com prazer - falei, virando-me e marchando até meu quarto, fechando a porta com força.

Joguei-me sobre minha cama, suspirando. Fechei meus olhos, tentando me impedir de chorar. Não aguentava mais derramar uma lágrima por causa disso.

Olhei para o teto. Minha vida nunca fora fácil. E piorara depois que assumi minha bissexualidade. Minha mãe passou a tentar me arranjar namoradas e meu pai começou a me ignorar o máximo que podia. Nunca me esqueci do que ele falou no dia em que contei a notícia:

"Eu preferia que você estivesse morto."

Essa era, com certeza, uma das piores coisas que se podia ouvir de um pai.

Suspirei. Minha vida não era difícil apenas em casa. No colégio também era um inferno.

Não tinha amigos. As pessoas achavam que eu era estranho por causa da minha personalidade 4D, além do fato de ser bissexual. Era impressionante como, em pleno século 21, ainda havia tanto preconceito. Isso era algo que nunca iria entender.

Eu só tinha um amigo, no entanto ele não era real. Há muito tempo atrás, comecei a sonhar com um garoto e não parei mais. Toda noite o encontrava em meus sonhos.

Seu nome era Jung Hoseok.

Eu não entendia muito de psicologia, mas achava que minha mente havia criado Hoseok para suprir o fato de estar sempre sozinho. Toda vez que sonhava, conversava com ele; ás vezes, chegava até a pensar que era real.

Mas não era. Já até pensei em procurar alguma ajuda psicológica, mas não queria me livrar de Hoseok. Ele era o único amigo que eu tinha, mesmo que não fosse real. Ainda que fosse apenas invenção da minha cabeça, o considerava um verdadeiro amigo. As melhores horas da minha existência era dentro dos sonhos, quando estava com ele.

Ás vezes, pensava que estava louco. E talvez eu esteja mesmo. Mas no fundo, eu não ligava.

Passei mais algum tempo sem fazer nada, apenas olhando para o teto, tentando me acalmar e me sentir menos triste. Sem sucesso. Levantei-me da cama, começando a me arrumar para dormir. Em pouco tempo, estava deitado novamente, vestindo meu pijama.

Eu esperava encontrar Hoseok em meus sonhos hoje. Precisava muito conversar com ele.

E foi pensando nisso, que adormeci, caindo em sono profundo.

***

Me encontrava em um local completamente escuro. Havia apenas um feixe de luz vindo de algum lugar acima de mim que iluminava onde eu estava. Me sentia desesperado. Lágrimas caiam por meu rosto e as limpei com meu braço, que estava coberto pela manga da jaqueta branca que usava.

Estava procurando por alguma coisa. Até aquele momento, não havia utilizado minha voz e era como se algo me impedisse. Usei toda a minha força de vontade para gritar um único nome:

- Hoseok!

Comecei a correr, por alguma razão. Era como se eu comandasse e não comandasse meu corpo. O feixe de luz me seguia, iluminado um pouco à minha volta, no entanto não era o suficiente para ver onde me encontrava.

- Hoseok! - gritei novamente, diminuindo o passo e olhando ao redor. Tudo ali era escuridão, exceto pelo feixe de luz. Olhei para cima, sendo cegado pela forte claridade que vinha dali.

Pisquei várias vezes, tentando enxergar novamente. Quando consegui, tomei um pequeno susto ao perceber que a escuridão havia sumido e que agora me encontrava num local totalmente branco.

Olhei ao redor, avistando o que parecia ser um contêiner totalmente branco a alguns metros de mim. Andei até lá lentamente, parando em frente à porta e tentei olhar o que havia ali dentro pela pequena janela, porém sem sucesso. Então suspirei, girando a maçaneta e entrando.

O local era todo acolchoado, como aqueles quartos de hospício feitos para que doentes mentais não se machucassem. Havia um relógio em uma das paredes e duas pequenas "janelas", uma do lado esquerdo, outra do direito, de onde saiam milhares de pílulas. Sentado entre as duas pilhas de medicamentos, estava um garoto. Ele tinha cabelos ruivos e vestia um pijama azul.

- Hoseok - falei, abrindo um sorriso.

- Olá Tae - ele sorriu para mim.

***

Hellooo!

Espero que tenham gostado <3

Xoxo ^^

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⏰ Última atualização: Jun 08, 2017 ⏰

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