17/07/1992 de o diário de Frank Rogers

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Hoje eu acordei estranho, me vi sentado em cima da cama, olhei para os lados não vi ninguém, ouvia a voz repugnante de minha mãe na sala, bêbada as 6:30 da manhã. Maldita, alcoolizada a maior parte do tempo. Me dirijo ao quarto do meu pai, câncer no pulmão em fase terminal, fumava tanto que seus pulmões estavam apodrecidos. Sou filho único dessa merda toda, quer dizer, bastardo dessa merda toda. Frank Rogers, 20 anos de idade, filho de Mary e Robert Rogers. Dois drogados de merda, sobrevivendo da aposentadoria do meu pai, homem digno, inteligente, teve a ideia brilhante de cortar o dedo polegar para ganhar aposentadoria. Minha querida mãe não fica um dia sobrea, a abstinência dela é cruel, cai no chão se tremendo, pingo uma gota de vodka na sua boca, ela melhora e ja levanta rindo. Os dois ja estão invalidos. Meu emprego de merda em um hotel, atendendo gringo que só fala merda. To saturado dessa porra toda,  lembrei que meu pai tem uma espingarda la no quintal. Uma vez ele e minha mãe beberam demais, se desentenderam, sei lá que merda foi. Meu pai atirou no braço dela, até hoje ela não movimenta mais esse braço. Tava tão bebada que caiu no chão rindo e o sangue descendo, tive que estancar o sangue e leva-la ao hospital. Meu pai na justiça não deu em nada. Vou no quintal pego a espingarda. Abro o cano, ta carregada. Penso, coloco logo um fim nisso tudo? Pode até parecer um absurdo, absurdo é eu aguentar isso durante 20 anos, chega desse inferno. Me dirijo ao quarto do meu pai, mas eu so vejo um defunto na cama, respirando fundo, clamando por vida. Olhei bem nos seus olhos e ele nos meus. Lembrei de quando ele me ensinou a atirar, no quintal, com essa mesma espingarda. Atirando em latas, foi um dia bom. Minha mãe tava desmaiada de bebida, ele só fumou nesse dia, rimos e nos divertimos sem a presença da bruxa do álcool. Engatilhei a espingarda mirei bem no peito, do rosto do meu velho escorreu uma lágrima, era agradecimento, vou fazer isso por você meu pai. (Tiro). Meu pai faleceu ali sorrindo.
Dentro do quarto o tiro foi alto, chego na sala a tv ligada, minha mãe desacordada na poltrona, a garrafa de uisque seca jogada no chão. Engatilho e miro bem no peito, olho sua roupa, era um vestido que lhe dei no dia das mães, fomos ao parque esse dia, tomamos sorvete e brincamos na roda gigante, nesse dia nem uma gota de álcool. Foi um dia incrível, adeus mãe, espero que o Diabo lhe aceite. (Tiro). Desligo tudo da casa, luzes e tv. Fica eu e as trevas, volto para o meu quarto, deito na cama, que silêncio confortante, vou dormir, amanhã é um dia novo.

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