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O meu pai, um agricultor
Com o seu ar de assustador
Em casa, um agressor
Para o mundo, um bom ator

O meu irmão, um compositor
Seu coração cheio de rancor
O seu olhar perdeu a cor
Culpa do mundo esmagador

A minha mãe e o seu esplendor
Contra o meu pai foi depor
A verdade foi expor
Mas o advogado? Um estupor

Virei então um escritor
Talvez, para muitos, inferior
Podem até chamar-me amador
Mas conheço bem esta dor

Com fama de sofredor
Eu me tornei num pecador
Alguns chamam-me impostor
Só por gostar de me impor

Na língua o sabor do licor
O sentimento de pavor
No papel tento transpor
As mentiras ao meu redor

Inês Mendes, 05/06/2017

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Este é o meu preferido até hoje.

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