Theresa Damons, voce era e é o meu inferno pessoal. É o amor e o ódio, o fogo e o gelo, o caos e a calmaria, a confusão e a solução e o pior e melhor de tudo.
Eu amo e odeio tudo sobre você .Amo o sorriso, e como mostra a lasquinha adorável nos dentes da frente. Amo o seu cabelo , encaracolado e macio demais, uma nuvem fabulosa.
Odeio os seus olhos , mostram demais, placas de LED de sua alma. Odeio o jeito que você caminha, confiante demais para ser natural, você ensaiava até o caminhar.
Theresa Damons, você pegou a minha alma, colocou-a em um livro e leu tudo ( rápido, você lia rápido demais), enquanto eu descobri seu sobrenome tempos depois.
Theresa Damons, você é o que chamo de Mulher, com M maiúsculo. Como é aquele ditado? " Mais homem que muito homem"? Meio idiota, por que você era mais mulher que muito homem. Eu nao sei se ser homem significa ser forte, mas você era. Você era.
Eu era um artista vagabundo , em uma faculdade meio capenga, trocando a noite pelo dia, sustentado pelos pais e pelos desenhos. Você trabalhava desde os quatorze, pagava a própria faculdade, era mulher de si própria. Você era a Mulher.
Você devia ter vários defeitos, tem vários. Mas, apaixonado, não vi nenhum. Acho que não era paixão, talvez fosse obsessão.
O seu maior defeito era que você se apegava demais e rápido. Por isso prolongou por tempos um relacionamento totalmente abusivo, você amava o cara, mesmo sofrendo. Você havia começado a relação, não poderia desistir.
Theresa, você merecia mais. Mais até do que eu.Merecia tudo.
/////A primeira vez que a vi, tínhamos 17 anos. Na festa de algum cara do time de lacrosse. Enfim, você estava lá. O corpo se modelando para o corpo de uma mulher, um jeans incrível e alguma blusa que não me recordo. Você estava mais linda do que deveria.
Naquela noite, pessoas tiveram muitas primeiras vezes. Primeira tragada, primeira dose, primeiro PT em uma festa, primeiro beijo e primeira vez.
Mas nós não tivemos nenhuma, você estava lá para dirigir para sua amiga, e eu, para acompanhar amigos. Você não queria estar lá, não gostava daquelas pessoas. Eu queria estar lá, eu gostava daquelas pessoas.
Eu não bebia e nem fumava, eu respeitava minha família, eles confiavam em mim. Você bebia e fumava, é claro, mas não se sentia confortável com aquelas pessoas, mas preferia você e suas fantasias.
Então, juntos, sentamos perto da piscina e tivemos a melhor conversa da minha vida.
Você era maravilhosa, ria de mim, sorria as vezes e sempre, sempre, sabia o que eu sentia.
Ainda me lembro de uma das fases de nossas conversas. Eu divido conversas em fases: Conhecer, papear, cantar, aprofundar, sentir, rir e finalizar.
As nossas so tinham duas fases relevantes : Sentir e aprofundar. Estávamos em aprofundar.
-- Então, o que você quer ser quando crescer? -- ironizou. Theresa, você adorava ironizar. Não acreditava em crescer, não acreditava em nada, na verdade.
-- Eu senti a ironia, mas, eu quero desenhar. Pintar, eu gosto disso. Minha mãe quer que eu seja contador, o que é um saco. Mas eu vou desenhar -- eu nunca disse o que realmente queria ser, eu apenas driblava. Mas com você, Theresa, eu contava tudo.
-- E você desenha bem?
-- Sim. Magnificamente bem, eu sou ótimo -- orgulhoso demais.
Eu ainda lembro de sua expressão, os olhos revirados e a boca retraida. Você odeia convencimento, eu era convencido.
-- Quer que eu mostre ? -- você apenas sorriu. O que era lindo. Eu sempre tinha uma caneta e um bloco no carro.
Sentamos no meu banco traseiro, iluminado pelo poste de luz amarela e a lanterna de nossos celulares.
Aquela foi a primeira de muitas vezes que te desenhei, era uma ótima modelo, não sorria ou fazia algo com o rosto, apenas me encarava nos olhos, como se amasse estar ali e eu acho que amava mesmo.
Eu amei cada traço que fiz naquele papel, eu ate colori quando cheguei eu casa, fazendo as oscilações de cores, me arrisquei a usar tinta guache, e deu super certo. Aquele foi o melhor desenho que já fiz na minha vida. E eu era ruim naquela época.
Quando eu terminei, não falamos nada por quase uma hora. Éramos só eu e você, aproveitando aquele silêncio. Olhos nos olhos, pouco contato físico e a música da festa, mesmo que longe, balançando o carro.
Em um determinado momento, você chegou bem perto e me abraçou. Eu não sei o motivo, mas abraçou, era uma abraço de agradecimento, eu senti, só não sabia o motivo. Mas eu amei, amei ter seu cabelos em meu peito, amei sentir suas mãos quentes nas minhas costas. Ficamos uma aternidade assim, devemos ter dormindo por um tempo. Então, você levantou e sem dizer uma palavra, foi embora do carro.
Do lado de fora, colocou a Palma da mão na janela e se virou.
Aquela foi a última vez que a vi durante cinco anos. Ainda me recordo do balançar de seus cachos debaixo das luzes amarelas e dos Passos apressados.
Nos tivemos três horas de contato, e foram as melhores três horas até aquele momento da minha vida. Você me infernizou durante toda a minha adolescência, na segunda eu esperei do lado de fora da sala, esperando para te entregar o desenho. Você não foi, e nem nas semanas seguintes, e nem nos meses. Só parei com tal hábito quando eu me formei.
Você, Theresa, era a porra de uma pesadelo fantasiado de sonho. E eu não era uma grande observador.
Ah Theresa, se soubesse com quantas garotas fiquei, e pensando em você!
Meus amigos me disseram que era apenas tesão. Se aquilo era tesão, por que não senti com todas as outras? Aquilo era obsessão, paixão.
Você era a que tinha problemas com apego, mas eu que pensei em você todos os dias durante cinco anos.
Theresa, você invocou algo em mim, em três horas de conversa e quinze minutos de abraço . Imagina o que faria em meses ?Ou anos?
A verdade, Theresa, é que eu tinha medo de você .