Theresa, quando nós reencontramos, você estava gostosa para caralho naquele moletom da Universidade.
Numa rodinha de garotas loiras e brancas, você era a porra de uma estrela. Eu quase me ajoelhei quando te vi ali.
Era nossa último ano, e SÓ a encontrei ali. Nunca me senti tão idiota. A Mulher frequentava o mesmo campus que eu, a mesma cafeteria e eu nunca tinha notado.
Eu tinha acabado de fazer uma prova de cálculo, sem saco pra nada, fazendo planos para finais de semana sem provas. Praia, caminhadas, escaladas, festas e colocar séries em dia. Parecia um pinto no lixo.
Eu estava falando sobre um ótimo ponto de escalada quando eu te vi. O mundo, literalmente, sumiu e eu te encarei. Você estava de frente para mim, o cabelo um pouco mais comprido, estava mais alta e mais gostosa. Por Deus, Theresa, você era Afrodite na Terra.
-- Ei, cara! Tá babando pela Lena? Cara, vocês terminaram. - Jordan me deu um soquinho no braço e Riu. De fato, Lena, estava na sua rodinha. Balancei a cabeça e continuei olhando, foi quando você me viu.
Demorou um tempo para me reconhecer mas finalmente o fez. Abriu um sorrisinho, cutucou uma amiga e saiu da roda, vindo na minha direção. Você estava vindo, cinco anos depois de sair.
Abri um sorriso também, caramba, você era linda. Meus amigos olharam para seu corpo de cima a baixo e você revirou os olhos.
-- Ei, Kyle não é? Lembra de mim, certo? A menina da festa do Lee.Quanto tempo! -- ela estava perguntando se lembrava dela? Como se fosse possível esquecer.
Sua voz continuava a mesma, fina, baixa, uma pitada de ironia e Alegre. Você também falava rápido, muito rápido. E eu amava isso.
-- Claro! Theresa, certo? Ah, que saudades! Não te vejo desde a festa, o que aconteceu?Fugiu de mim? - dois podem jogar o jogo do esquecido.
Quando perguntei o que havia acontecido, seu rosto deu uma murchada mas continuou sorrindo.
-- Sai da escola, trabalho dos pais.-- deu uma debochada. Ficamos alguns segundos em silêncio até eu notar que você olhava sugestivamente para meus amigos.
-- Ei, galera, dêem o fora. Tchau!-- eu os empurrei, e eles foram. Deveriam ter ficado, facilitaria para você, eu sinto tanto, Theresa.
Você sorriu e acenou um pouquinho.
-- Ainda desenha, Mestre do desenho?-- Deus, como você debochava de mim!
-- Claro que sim! Mas estou fazendo engenharia, dá mais dinheiro. -- você riu, Theresa. Eu nunca tinha te visto rir, era bom. Sua risada tinha lapsos, interrompida por alguns segundos e continuava depois, alguns acharam escrota, eu amava.-- E você? -- você se empertigou.
-- Odontologia, mas vem cá. E o lance de contador? Por que não fez artes?
Era complicado, Theresa. Envolvia questões familiares, econômicas e eu mesmo. Familiares, minha mãe queria um filho bem sucedido. Econômicas, eu queria ser rico o suficiente para abandonar tudo depois, e voltar a ser um artista( e ajudar meus pais )Eu mesmo, eu aprendi a gostar de matemática, acredite, e eu amava aquele curso. Mas não disse aquilo, ia te assustar.
-- O mundo da voltas, Theresa. -- você concordou, e como sempre, parecia saber exatamente o que eu sentia.
-- Se me lembro, você me deve um desenho. Ainda tem ele?-- você me cobrou, Theresa, meu coração se aqueceu ao saber que você se lembrava. Te olhei ceticamente, abri minha mochila e da minha pasta, tirei o desenho. Você me olhou estranho mas não disse nada.
Aquele desenho me garantiu uma vaga em uma escola de verão de artes.
Você sorriu e pegou o desenho, os olhos brilhando. Seus dedos longos com unhas laranjas passearam pelo desenhos. Um sorriso genuíno surgiu em seu rosto.
-- Uau, eu pareço bem mais bonita aqui!-- e riu. Nunca entendi aquela frase, esse desenho não fazia jus à sua beleza. Apenas um retrato amador daquela obra de arte que você era, Theresa.
Com seus braços finos, abraçou a folha velha e continuou sorrindo.
-- Vamos, me abrace. Quero agradecer! -- e novamente, em cinco anos, a gente se abraçou, ainda era a mesma sensação.
Os cabelos enrolados, que agora cheiravam à amêndoas, fazendo cócegas no me pescoço, as mãozinhas quentes apertando minhas costas, mas a sensação das pernas encostadas nas minhas era nova. Era boa. Você sabia dar abraços.
-- QUE PUTARIA É ESSA, THERESA? -- uma voz masculina gritou, bem do nosso lado.
Você se separou de mim em um pulo, com medo, medo demais para estar apenas assustada.
O cara era grande, devia ter dois metros e 1234985 quilos de massa muscular. Ele dava medo em qualquer um. O rosto de javali encarava nos dois com raiva. O seu namorado, Theresa. A Afrodite namorava o porco da oferenda.
-- Oi, amor. -- você disse, amenizando a voz. Seu corpo se aproximou do meu, em busca de proteção.
-- AMOR O CARALHO, THERESA! ME TRAINDO POR AÍ COM UM ZE QUALQUER! ACHA QUE SOU BURRO? -- as mãos gigantes agarraram com força seus pulsos finos e tatuados, tremiam junto com o seu corpo.-- NÃO QUERO SER CORNO! CARALHO, ACHEI QUE TU ERA MULHER DE RESPEITO! PORRA, TU É UMA PUTA! -- ele não percebia o campus inteiro olhando para eles? Theresa, homem é um treco escroto as vezes, quer ser dono DO que vê e controlar como se fosse a caminhonete vermelha dele.
Ele era dramático e escandaloso.Cansado daquilo, decidi intervir.
-- Ei, cara! De Boa, somos velhos amigos, SÓ! Ela 'tava me agradecendo pelo desenho -- como prova, peguei o desenho que tinha caído no chão, agora amassado. Ele ainda me enacarava com raiva, e ainda apertava você. Usei meu último argumento, meio corvarde. -- Eu sou gay, cara! Não estou cantando a sua garota! Nao gosto da fruta dela. Tipo, Mulher? Tô fora - e fiz uma careta de nojo, a careta era real, eu tinha nojo daquele ser.
Como eu me odiei, eu não era gay, e você não era dele. Desculpa, Theresa, mas aquele argumento fez ele te soltar então não me sinto tão culpado.
Ele deu de ombros e te agarrou pelos ombros, bruscamente. As pessoas ainda olhavam o escândalo, algumas pareciam acostumadas com aquilo.
-- Beleza, bichinha, mas para de ficar perto da minha mulher, vai caçar piroca.
E saiu, deixando o rastro de babaquice e levando você junto.
Ele era um idiota, Theresa. Homofobico e machista pra porra. Ninguém mais chama alguém de seu, mas ele sim. Para ele, mulher era um objeto, que ele tinha total posse. Theresa, desculpe-me por não ter me envolvido e te ajudado, desculpa mesmo. Ah, se eu pudesse ter feito tudo aquilo que fazia na mente.
Olho para o desenho em minhas mãos, eu ia devolver ele de novo, Theresa. Eu ia.
Os meus amigos voltaram. Cautelosos e medrosos, o que se espera de um grupo de exatas? Pelo rosto, viram tudo e não interviram, como todos.
-- Cara, o namorado dela é um saco, ele sempre faz escândalo! Ele nem estuda aqui, foi expulso depois de bater no reitor, no último ano do curso. Ja tem três anos e o reitor ainda sente medo do cara. -- Mike estava so no primeiro período e conseguia mais informações que nós.
-- Como assim? Isso é frequente?-- aquele filho da puta tinha o hábito de humilhar aquela mulher maravilhosa? Ele tinha uma almofada no lugar do cérebro?
Mike encolheu os ombros e entendi aquilo como um sim. Todo mundo já havia visto aquela cena e não haviam feito nada?
Theresa, eu nunca fiquei tão indignado e com tanto ódio, e eu era uma pessoa pacífica. Mas, Theresa, você havia se tornado meu ponto fraco.
Aquele idiota namorava uma preciosidade como você e a tratava como papelão de liquidação.
Theresa, você era boa demais para tudo aquilo.
Theresa, você merecia o céu, enquanto nós só podíamos te dar uma estrela.
Theresa, você merecia mais.