Acidente

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Lovato

Oito e meia da manhã e já estava eu servindo uma doce xícara de café e torradas quentinha para clientes da cafeteria. Por incrível que pareça eu amo meu trabalho, as pessoas geralmente falam pra mim que é um trabalho chato, inútil e sem valor, mas eu penso bem ao contrário. Ali eu conheço diversas pessoas, vejo as mais diversas histórias e adquiro várias aprendizagens e dicas ! Sempre tem as senhorinhas simpáticas que geralmente me passam alguma dica de moda de sua época ou me contam as histórias de amor que passaram em sua vida. Isso arrancavas sorrisos de meu rosto, é impagável!

Eu tenho um horário de almoço ao meio dia, mas na maioria das vezes acabo comendo no restaurante ao outro lado da rua mesmo.

-Bom dia, ou melhor, boa tarde senhor John - Cumprimento o dono do estabelecimento como de rotina com meu melhor sorriso no rosto - O que temos de bom para hoje ?

-Boa tarde minha querida, como vão as vendas da cafeteria ? - O senhor já barbado da um sorriso ao me ver - Bom, hoje temos o seu predileto, lasanha e peixe frito!

-Está tudo calmo e bom como sempre - Me sento em uma mesa com dois lugares escutando ele falar - Eba, realmente meu predileto...

Sorrio e fico ali conversando com ele enquanto comia aquele delicioso prato de lasanha. Ele já me conhece a bastante tempo, frequento aquele lugar quase todos os dias a mais de 3 anos !

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O dia de passou sem nenhuma preocupação a mais do que o normal, a não ser uma criança que se esbarrou no pote de biscoitos que ficara em cima do balcão, a mãe do garoto acabou sendo meio exagerada e gritou bastante com o garotinho. Fiquei com um pouco de dó, mas logo limpei tudo...

As vezes coisas de gênero me aconteciam, mas já estava familiarizada e arrumava sem reclamar, Charles, meu gerente, é uma pessoa bem compreensível com seus clientes também, ele sempre ficava perambulando pelo estabelecimento vendo se estava tudo sob controle com os clientes, mas ele sempre ia embora bem antes de mim, e nunca me contava o porque.

Charles sempre foi um homem muito misterioso e quieto, tinha lá por volta de seus 40 anos, o único problema dele é que ele era pai de Dylan, meu ex, e isso ja me fez faltar alguns dias de trabalho, já que Dylan ia lá para me perturbar quando brigávamos. Para minha sorte, aquela praga mudou de país, foi morar longe, dizendo que estava indo para uma faculdade. Eu achei foi bom.

O relógio que ficava naquela parede azul-claro tocou, indicando ser 19:00, minha hora de partir. Ajeitei tudo como sempre e sai do estabelecimento, sentindo mais uma vez o vento forte em minha pele. Meus passos foram se apressando pela calçada das imensa avenida que se encontrava vazia, na tentativa de chegar o mais rápido possível em minha casa, até que virando a esquina vi uma luz muito forte se aproximar em uma velocidade consideravelmente muito alta, tentei cobrir um pouco minha visão, mas a única coisa que vi foi uma silhueta masculina que gritou um tanto quanto alto.

Fiquei completamente sem reação no momento, nunca havia presenciado algo do tipo. A pessoa que dirigia atropelou o moço e nem se deu ai trabalho de sair do carro, pelo contrário, fugiu, cretino. Apenas constatei que era um carro alto de luxo e preto, mal vi quem dentro estava.

Minha reação foi correr até o homem que se encontrava jogado no meio da rua, o asfalto se encontrava ensanguentado e o homem resmungava algo, pela escuridão mal vi seu rosto

-Moço, está bem ? Quer que eu faça algo ? Ai meu Deus, é claro que você não está bem...- Eu estava visivelmente desesperada

-Ambulância...-Ele sussurrou em baixíssimo som, e sua voz soou bem rouca, mas o suficiente para que eu escutasse.

Claro. Como não pensei melhor antes...Peguei meu celular rapidamente dentro de minha bolsa e disquei o número de emergência, me informaram que estavam ao caminho, fiquei ajoelhada ao lado do homem que eu não faço a mínima ideia de quem seja e olhava inquietamente para os lados em busca da ambulância. Tirei minha blusa de frio e coloquei em baixo da cabeça dele, para ajudar a parar um pouco o sangramento.

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-Senhora, você vai ou não acompanhá-lo até o hospital ? Precisamos ir rápido! - Me perguntava uma mulher alta que estava uniformizada por um traje  hospitalar

-Ta bem, eu vou ! - Respondi sem saber o que realmente fazer, estava andando em círculos com minhas mãos no bolso da calça , então apenas entrei na ambulância e me sentei ao lado da maca em que estava o moço-sem-nome-que-eu-ajudei. Ali dentro possuía um pouco mais de claridade, então tentei olhar em seu rosto, mas estava com sangue o suficiente para que eu não visse nada de mais além de suas bochechas avermelhadas e seu cabelo castanho um pouco aloirado...

Continua...

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