Não me esqueça

Monstro

Levantei cedo, antes de minha mãe acordar, eu gostava quando acordava antes dela, assim minha querida mãe não precisará preparar meu café da manhã e ela poderia dormir tranquilamente. Eu realmente amo muito minha mãe; após minha mãe engravidar de mim meu pai a deixou sozinha comigo, ela é meu tudo, me cuidou tão bem e eu a amo demais. Espero poder protegê-la o quanto eu puder.

Após me arrumar, peguei minha mochila preta jeans, algumas partes eu havia rasgada e desci correndo as escadas, peguei um pedaço de bolo que estava encima da mesa e bebi um copo de suco, antes de sair da casa, mandei um beijo com minhas mãos para o lado da escada, para eles irem até minha mãe.
Abri a porta e fui até o ponto de ônibus.

Coloquei meus fones de ouvido e coloquei uma música para tocar. Comecei a sentir um desconforto e quando prestei atenção havia um homem me encarando, ele pouco disfarçava.
Tentava não olhar para ele, então peguei meu celular e comecei a rever algumas mensagens, olhava raramente para o homem, não conseguia evitar; eu aumentei ainda mais o som da música e fechei meus olhos. A cena começou a passar novamente em minha mente, na hora em que aquele homem me mordeu, senti seus dentes perfurarem minha pele, na hora me arrepiei.
Apertei minha mochila que estava em meu colo e tentei me focar na música.
Cantarolando a música que estava tocando alto em meus ouvidos, um cheiro invadiu aquele ônibus, e minha barriga estava começando a dar sinais de que estava com fome, mas não pouca, era muita fome. Um cheiro forte de carne macia, leve, minha boca estava começando a se encher de água, eu não conseguia agüentar , eu suava frio; minha cabeça começou a doer fortemente.

Abri meus olhos e me virei para a pessoa que estava ao meu lado.

– Meu Deus! - Gritou a mulher que estava ao meu lado

Todos me encararam assustados, mas por que o homem estava sorrindo? O ônibus havia parado em meu ponto e eu sem pensar sai correndo de dentro do mesmo.
Atravessei a rua correndo e enquanto via o ônibus indo embota algumas pessoas ainda olhavam para mim.
Chegando no portão da escola, antes de entrar peguei meu celular e abri na câmera frontal.
Levei minha mão até minha boca assustado:

– Mano do céu..

Meus olhos estavam vermelhos, minha pele pálida parecia estar rachada com tantas veias pretas que contornava minha pele até meus olhos.
Abri minha bolsa rapidamente retirando dali um moletom preto e o coloquei tampando meu rosto com o mesmo, esperei ali Jimin e Taehyung.

– Ei.. Psiu!

Eu tentava chamar os dois garotos que estavam brincando, mas eles não conseguiam me ouvir, então, segurei a gola da blusa de uniforme de Jimin puxando para perto de mim

– Você ta surdo doido?

– Eita porra! É o demônio! - Gritou Jimin assustado

Taehyung se aproximou colocando a mão na boca e se virando para Jimin:

– Onde estávamos? Será que fomos para o inferno? É você mesmo Satanás?

Dei um peteleco na orelha dos dois e os puxei para um canto

– Sou eu seus sonsos! O Hoseok! Não sei o que aconteceu comigo, mas não posso entrar na escola assim... Me ajudem

Os dois me encaram e começaram a rir da minha cara, Jimin ria tanto que batia e Taehyung

– Mano do céu! – Disso Taehyung rindo e apontando para mim

– Tá, mas agora é sério, desde quando está assim? – Disse Jimin parando de rir e limpando as lágrimas que escorreram de tantas gargalhadas

– Eu estava no ônibus, me deu muita fome, mas não tinha nenhum inseto nem nada, virei para o lado e uma senhora gritou, a única coisa que eu fiz foi correr – Disse eu preocupado

– Então pra melhorar, você precisa comer algo! – Disse Taehyung

A minha fome não estava passando, minhas mãos voltaram a tremer e meus olhos ficaram ainda mais vermelhos, minha boca se enchia de água... Taehyung... Aquele pescoço pálido e macio.. Passei a língua pela minha boca sem prestar atenção no que o mesmo falava.
Me aproximei do mesmo, colocando minhas mãos em seu rosto e indo em direção ao seu pescoço, os garotos ficarem sem se mover, não sabiam ao certo o que eu estava fazendo... Mas eu sim, sabia.
Passei a língua pelo seu pescoço e abri minha boca passando meus dentes levemente por sua pele macia, era um cheiro bom, melhor do que o cheiro de insetos, meu rosto ficou ainda mais pálido e de minhas mãos cresceram unhas pontudas, grossas e grandes. Meus olhos viraram, minha boca se encheu de espuma.

– Não! – Disse Jimin me puxando para trás

– Só um pedaço! – Gritei tentando me soltar de seus braços

– Para Hoseok! Você está fora de si! Se controla! Ele é o Taehyung, seu amigo de infância! Para com isso! – Disse Jimin colocando em minha boca uma mosca

Taehyung estava assustado e com sua mão no pescoço me olhava com medo.

– Eu... Eu não.. Desculpa... – Abaixei a cabeça e segurei minhas mãos

– Mano.. Vamos logo naquele lugar e resolver isso, estou ficando com medo do que você pode fazer se continuar assim.

"Me diga então

como fiquei assim?

Se há um outro alguém

Preso dentro de mim?"