BABYGIRL

💫 Acordos 💫

-POV ALEX -

Ela está espantosa. Os seus cabelos escuros ondulam ao vento e os seus olhos estão fechados ouvindo a melodia que toca ritmicamente no rádio. Chegamos a minha casa e os seus lábios abrem-se em espanto. Admito que a minha mansão é um bocado exagerada, e comparada ao seu loft, é quase um hotel de cinco estrelas. Ajudo-a a sair do carro e ela agarra na minha mão não a largando até passarmos a entrada. O nosso toque escalda e congela ao mesmo tempo. A sua pele parece seda e na minha mente passam imagens do seu rabo porcelana a tornar-se rosado debaixo das minhas mãos. Sacudo a cabeça afastando o pensamento. Ainda não, Alex. 

Dispensei o pessoal para podermos estar à vontade. O seu fascínio é contagiante e estou a sorrir como um parvo, seguindo-a.  

- A tua casa parece um palácio. - anda de um lado para o outro explorando todos os cantos daquela mansão solitária igual ao dono.

- Até que não é má. - digo brincando com ela. O seu sorriso é fantástico. É como se conseguisse puxar-me de mim mesmo. Talvez até salvar-me...

Vamos até à cozinha onde estão vários pratos de comida. Os seus olhos arregalam-se quando chega mais perto e o cheiro denuncia o jantar. Tenho de confessar: a Megan foi a minha cúmplice. Contou-me que comida chinesa é a preferida da Kat e todos os pratos que ela gosta. Sabendo isto, pedi ao chef do restaurante para que preparasse a ementa para hoje à noite.

- Isto é o paraíso da comida! - os seus olhos brilham de emoção. "Muito bem, Alex ", o meu subconsciente dá-me os parabéns. A noite ainda agora começou.

- POV KAT -

Tiramos os nossos casacos, ficando à vontade. Não me consigo conter e salto para os seus braços abraçando-o fortemente. Nunca fizeram nada disto por mim, até ele aparecer como uma lufada de ar fresco envolvendo-me na sua vida. Os meus pés não tocam no chão e sou rodeada pelos seus braços que aproximam os nossos corpos.

- Não tens de quê. - murmura no meu ouvido enquanto acaricia o meu cabelo. Saio do seu aperto e estamos frente a frente. A sua mão está no meu rosto e as faíscas queimam entre nós. Inclina-se na minha direção e fecho os meus olhos. Espero pelos seus lábios nos meus. Sinto o seu sorriso mas recebo um beijo casto no canto da boca. Fazer figura de idiota é uma das minhas especialidades. Ele pega na minha mão e sentamos-nos no balcão comendo aquele banquete. Ele pega em dois pares de pauzinhos e dá-me um deles. Ele parece um profissional mas eu estou modo desastre.

- Espera, eu ensino-te. - solta uma risada baixa não se conseguindo conter perante a minha batalha perdida com os pauzinhos. O seu riso é contagiante.

- Está a rir-se de mim, senhor Alex?- questiono, tentando manter uma cara séria e cruzando os braços.

- Eu nunca ousaria fazer tal coisa, senhora Kat. - a sua cara diz o contrário e os seus olhos cintilam de divertimento. - Aqui, me deixe. - ele pega na minha mão colocando os pauzinhos na posição certa. A sua mão está na minha fazendo os movimentos. O seu corpo está junto ao meu e o seu toque deixa-me a alucinar. Após algumas tentativas apanho-lhe o jeito.

- Eu sempre utilizei os pauzinhos com elástico, aqueles que são para as crianças. - fico envergonhada debaixo do seu olhar. Porque me sinto assim? Parece que acabei de confessar um dos meus piores pecados.

- Não te preocupes, o teu segredo está seguro comigo. - pisca-me o olho em sinal de confidência.- Além disso, tu aprendes rápido.

- Isso é porque tive um bom professor... - o ambiente torna-se mais intenso e um sorriso perverso forma-se nos meus lábios. De onde vem esta libertinagem toda?

- Talvez. - os seus olhos refletem os meus. - Agora come, não gosto de ver comida desperdiçada. - e num piscar de olhos voltamos à realidade.

Acabamos de comer e vamos para o enorme terraço na parte de trás da casa. Os aspersores regam calmamente o jardim verdejante e o cheiro a terra molhada invade os meus sentidos. Ele guia-me até um baloiço que mais parece uma cama oscilante. Sentamos-nos em silêncio meramente observando o alpendre iluminado pelo luar. 

- POV ALEX -

Vejo-a relaxar sob o meu toque. É bom acreditar que tenho algum efeito sobre ela. Nem sei como me consegui segurar antes. Ela queria ser beijada e estava completamente à minha mercê. Nunca quis ninguém da maneira que a quero a ela.

- Conta-me algo sobre ti. - ela vira-se, encarando-me. Não estava à espera desta. - Até agora só sei que o teu nome é Alex, vives numa autêntica fortaleza e que és , provavelmente, um dos homens mais ricos que eu conheço. Quero saber o que existe para lá disto... - comenta apontando para o meu corpo. Acabo por ceder às suas perguntas impertinentes.

- É justo. O que queres saber?- tenho a sua atenção. As suas pupilas estão dilatadas e os seus olhos da cor do mar observam me intensamente.

- Porque voltaste atrás para me ajudar no clube? Tu és o dono e eu só ando lá por causa da Megan. - não lhe quero mostrar todas as minhas cartas. Ainda não.

- Se não fosse lá eras capaz de apresentar uma queixa contra a minha empresa e eu não podia permitir isso. - ri baixo mas vira-se novamente para mim com um olhar de "diz-me a verdade".

- Apesar dessa interessante conspiração que acabaste de apresentar, tenho a certeza se não fosses tu alguém mais teria aparecido. - os seus olhares são desafiantes e deixam-me desconcertado. Está a tentar fazer me ciúmes? Esse é um caminho perigoso...

- Bom ponto, Kat. - sorri vitoriosa. - Mas a única coisa interessante aqui és tu. - as suas bochechas começam a colorir e o seu lábio está preso entre os dentes. Foda-se. - Quero saber tudo sobre ti.

- Não há nada de mais para contar. Sou filha única e os meus pais morreram quando tinha 7 anos. Eles eram os melhores amigos dos pais da Megan e fui adotada por eles. - dou -lhe sinal para que continue. - Ando no 12º ano na área de ciências e sou solteira. - faz uma careta engraçada na última parte.

- Isso é o conhecimento geral. Eu quero saber o que tu és. O que amas e odeias, os teus planos para o futuro, os teus sonhos e ambições... -  já sabia tudo aquilo que me tinha dito. Tinha a sua ficha de informações na minha secretária duas horas depois de nos conhecermos.

- Será que aguentas? É muita informação para o primeiro encontro, não? - está a gostar de me torturar desta maneira.

- Vamos fazer um acordo, então. - a sua atenção está em mim. - Por cada pergunta que responderes recebes um beijo meu. - a sua boca abre e fecha-se sem saber o que dizer.

- Apenas se isso funcionar para ambos os lados. - ela bate os seus cílios e morde o seu lábio novamente.

- Tem um acordo, senhora Kat. - apertamos as mãos e puxo-a para mim. A sua respiração está acelerada e o seu peito sobe e desce rapidamente. Inclino-me na sua direção e os nossos lábios estão a milímetros de distância. Sinto o seu ar quente e as suas pupilas estão totalmente dilatadas imitando as minhas. Robert bate na porta, tossindo, e afastamos-nos de repente. Ela está mais vermelha que uma cereja e ele informa-nos que já é meia-noite. O tempo passa a voar com ela, nunca é suficiente. Agradeço-lhe e levanto-me fingindo compor as minhas calças. 

- Temos de ir. Não quero que chegues atrasada amanhã às aulas. - ela murmura um "tens razão", apressando-se a buscar o seu casaco. Corro as minhas mãos pelo meu cabelo e suspiro. Pareço um adolescente com as hormonas em fúria sem o conseguir aguentar nas minhas calças. Tens de te acalmar, Alex... Ou ainda a vais afugentar.

Entramos no carro e dirigimos de volta à cidade. A estrada é escura e as estrelas são pontos reluzentes no céu e nos seus olhos. Chegamos a sua casa e saio rapidamente dando a volta abrindo a sua porta. Ela parece desiludida. Merda. Começamos a subir as escadas em silêncio mas eu pego a ao colo. Parece automático: as suas mãos à volta do meu pescoço, a cabeça inclinada no meu ombro, os meus braços à sua volta... Sinto o seu olhar em mim a cada degrau que subimos. Chegamos e ela despede-se com um "Obrigada" e um beijo no canto da minha boca. Ela entra mas eu agarro no seu braço suavemente fazendo-a encarar-me. Beijo a sua testa e o seu nariz e os olhos dela fecham-se. Não me lembro de ter visto outra criatura tão bonita como ela...
Trocamos sorrisos e partimos com a esperança de um reencontro.