Eu sei a verdade sobre Ela

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Marcus_Alencar diz:

Eu sei a verdade sobre Ela.

Precisei de muito tempo e coragem para vir aqui escrever neste fórum. Sim, já o conhecia e, na época em que tudo ocorreu, deu-me ele suporte suficiente para que agora eu me sinta no dever de confirmar a teoria de alguns... O que estou falando? Para ser franco, o que eu gostaria mesmo era que as motivações que me compelem nesse momento a escrever fossem mais nobres, quando a verdade é que não sei por qual razão, depois de anos, a curiosidade e o desejo me fizeram a tornar a procurar este espaço. Talvez eu nunca tenha perdido o medo e a insegurança, esses malditos que surgem da impotência do homem, que cultivei desde aqueles dias em que tudo aconteceu.

Eu entendo que possa ser um clichê absurdo começar alguma narrativa com: nunca sabemos o quanto nossa vida pode mudar, até que ela muda em segundos. O problema é que existe uma razão pela qual os clichês fazem tanto sucesso: eles são verdadeiros — mesmo que seja apenas em nossos desejos.

Desejamos encontrar o amor de nossas vidas por um claro joguete do destino... Ficamos ao lado daquele melhor amigo que nos trata de forma tão terna e especial, esperando que um dia ele nos olhe de forma diferente o suficiente para embarcar numa viagem amorosa — que provavelmente deve começar com vinho... Tudo isso são clichês e, muito provavelmente, são verdades, em certa medida, desejados pelos corações desafortunados, como o meu. Eu esperava que um milagre pudesse mudar o rumo tedioso que minha vida seguia naquela época.

Sim, como todo adolescente descontente, eu rezava para que minha vida mudasse. Esperava tanto, que, a cada novo evento, por mais tolo ou banal, acreditava que pudesse ser o decisivo que me tiraria da monotonia, em que me havia afogado desde o término do meu namoro com a única garota por quem realmente me apaixonei. Esperando, nada acontecia. Nada acontecia em Janeiro. Nada acontecia em Fevereiro. Março. Abril. Maio... Até que veio o mês de Junho... E tudo aconteceu.

Fazia sol, naquele dia. Um dia imensamente ensolarado, cujas nuvens pareciam ter sido afugentadas por completo do céu azul. E, nesse cenário, de iluminação natural, rodeada por alunos curiosos, foi que a personagem principal da tragédia entrou em cena.

Pâmela — Eu a chamo assim, pois esse era o nome pelo qual todos a conheciam.

Com um sorriso simpático, a aluna nova abria caminho entre os jovens ávidos que a encaravam como e fosse uma peça destoante das demais — o que de fato era, pois a garota parecia se encaixar perfeitamente em todos os sinônimos que se poderiam utilizar para tentar descrever "Beleza". O sol banhava sua pele bronzeada e os fios de seus cabelos arruivados; na boca, vermelha como uma maçã, trazia um irresistível sorriso — como eu bem falara —, e por mais que eu não pudesse ouvir sua voz, supus que parecia bela, já que seus olhos, quando enfim cruzaram com os meus no dia de sua chegada, pareciam trazer uma beleza imensurável. A balbúrdia, fustigada pela a curiosidade provocada, tomava proporções de inconsciente coletivo, regendo todos os grupos de alunos com um só propósito: rondava-se a tal garota, falava-se sobre ela no refeitório, no vestiário, nas aulas de química, física, matemática, história. Os rapazes respondiam ao seu charme, as mulheres ensandeciam com ele. Não havia ninguém, uma única figura, que não orbitara na gravidade de Pâmela.

Nosso contato, porém, na tragédia que se confabulava, viera a ocorrer muito depois de qualquer prólogo envolto naquele olhar. E por Deus, como eu odiei o destino — ou quem quer que fossem aqueles que cuidavam dele — por esse fatídico momento em que nossos caminhos se cruzaram.

Para que possamos prosseguir daqui, faz-se necessário que me apresente — embora odeie apresentações. Chamo-me Marcos Alencar. Aluno bolsista numa escola abarrotada de riquinhos, a única coisa que me prendia e fazia de mim, um aluno negro não tão afortunado assim, relativamente popular era o fato de eu ser atleta — por mais narcísico que possa soar minha declaração seguinte, é importante que seja dita: eu era um excelente atleta, talvez o melhor de toda a escola. Nadador, a minha presença no time de natação fizera acumular, em poucos anos, medalhas que a escola não conseguia em décadas. E isso, meus caros, é relevante, porque tantas vitórias resultavam em muitos olhares para mim... Inclusive os olhares de Pâmela.

Embora eu saiba que poderia atrair mais leitores se começasse esta história com roupas de banho, ela começa um pouco antes. No refeitório, poucas semanas depois da entrada de Pâmela à escola.

Resta-me saber: estão dispostos a descobrir a verdade sobre ela? Escutem quando digo que, uma vez retirado, o véu da ignorância nunca mais é recuperado... Para alguns, talvez seja melhor que a luz do conhecimento nunca seja vislumbrada e que se siga na escuridão da caverna... Para os demais, os quais, mesmo depois de tantos avisos, ainda quiserem continuar, estarei à disposição para contar-lhes toda a verdade.

Maicom.L.1989 diz:

Como podermos saber que você está falando a verdade?

Rafael_Uchiha diz:

Exatamente! Usar palavras bonitas não garante que esteja dizendo a verdade. Aliás, você não seria o primeiro a mentir nesse fórum!

Marcus_Alencar diz:

Não há como saber se estou mentindo ou não. Posso, neste momento, estar planejando deturpar cada palavra que direi, como também posso estar buscando ser o mais fiel que minhas lembranças me permitem ser. Mas, por certo, só uma é a maneira de descobrir: leia o que tenho a relatar e tire suas próprias conclusões.

Aos ávidos e curiosos eu pergunto: Podemos prosseguir?

SofiaKlein diz:

O @Marcus_Alencar tem razão. Só há uma forma de saber se ele está mentindo ou não... E para ser sincera, eu preciso muito saber a verdade. Por favor, Marcus, continue...

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