Capítulo 1

188 3 1
                                    

 Olá. Meu nome é Sofia, Sofia Palmer. E eu sou uma garota de 15 anos, mas nem sempre foi assim. Não, não a idade. Apesar de que é verdade, eu nem sempre tive 15 anos, mas isso é óbvio. O que eu estou tentando dizer é que eu nem sempre fui uma garota. O que aconteceu? Eu mudei de sexo? Bem, sim, mas não da forma como você deve estar imaginando. Nesse caso foi uma transformação involuntária.

 Até pouco tempo atrás, meu nome era Marcos, Marcos Palmer. Um garoto de 15 anos normal, não tão gordinho, mas não magro. Cabelo marrom escuro, alto... Não era o homem mais bonito da Terra mas também não era feio. Um bom menino. Engraçado, carismático. Apesar de ser um desastre social. Digo isso porque, por mais que ele gostava de conversar, ele era ruim nisso, principalmente quando o assunto era garotas. Ele sempre ficava nervoso perto delas, e se apaixonava muito rapidamente, apesar de nunca ter namorado.

 Foi uns dias atrás que eu, como Marcos, fui dormir, sem saber o que aconteceria durante a noite. Havia acabado de comer, e mesmo não sendo tarde, sentia um sono enorme. Deitei, e caí no sono rapidamente. Quando acordei, ainda estava com preguiça, então resolvi continuar deitada na cama. Depois de alguns minutos resolvi virar para o outro lado na cama. Foi então que percebi. Meu corpo estava... diferente. Pele mais macia, seios que eu sabia que não estavam ali antes, e no total, uma articulação inteiramente diferente, errada. Eu então sentei rapidamente, assustada. Eu tentei gritar, mas nenhum som saiu. Eu inspirei lentamente, e expirei mais lentamente ainda, a fim de acalmar. Me ajudou, mas eu ainda não tinha a menor ideia de o que estava acontecendo. Demorei alguns segundo, analisando meu corpo, para entender no que eu havia me transformado. Mas ao invés de isso esclarecer as coisas para mim, simplesmente me deixou mais confusa.

 Eu tentei levantar. Cada movimento meu era estranho, como se eu estivesse enferrujada, ou em câmera lenta. Eu não estava familiar com meus próprios movimentos. Coloquei lentamente minhas pernas para fora da cama(percebendo, para minha surpresa, que não estava conseguindo alcançar meus pés no chão como antes) e então saltei.

 Ao invés de normalmente aterrissar com meus pés firmes no chão, caí como uma banana, ou melhor, como uma pessoa escorregando em uma casa de banana. Meu corpo atingindo o chão fez um barulho maior do que o imaginado, e uma pontada de dor também. Não sei explicar o que eu senti, mas foi como uma grande perda de desequilíbrio, uma falta de familiaridade com meu próprio corpo.

 De repente, enquanto eu ainda estava no chão, ouvi passos. Pensei em me esconder debaixo do edredom, ou no banheiro, mas não deu tempo. Preocupada, minha mãe então adentrou meu quarto.

 Ela olhou para mim. Eu olhei para ela. Ficamos nisso por um bom tempo, sem dizer uma palavra. Eu estava com medo, e sentia que podia ser confortada pela minha mãe, mas sabia que ela mesma podia não me reconhecer. Senti então uma lágrima rolar dos meus olhos. Ela se aproximou e me ajudou a levantar.

 "Mãe?", eu perguntei.

 "Filho.", respondeu ela.

 Nos abraçamos. Eu não sei dizer como que ela percebeu que era eu. Talvez, pelo olhar. Dizem que ninguém conhece seu filho melhor do que sua mãe. Nesse abraço eu também percebi que estava mais baixa que minha mãe. Há tantos anos que eu era bem maior que ela, e agora, eu era não só baixinha, mas mais baixinha que a minha mãe.

 Ela parou por um momento, como que para me perguntar o que aconteceu, mas percebeu que eu também estava confusa, então me mandou tomar um banho e saiu do quarto, e eu o fiz. Peguei os meus óculos e coloquei-os, só para rapidamente os tirar. Coloquei e tirei meus óculos mais duas vezes para me certificar que estava certa: eu não parecia precisar mais de óculos.

 Segui até o banheiro, um pouco tonta por causa do novo corpo, para poder tomar um banho. Sentia que, mesmo sem querer, minha parte traseira tinha um leve rebolado ao andar, e o como era estranho o andar com um peso maior vindo da região peitoral, e com mais espaço entre as pernas. No caminho, olhei ao redor de meu quarto e o corredor, e vi o como tudo parecia maior.

Metamorfose Cor-de-RosaOnde histórias criam vida. Descubra agora