UM GRITO NA ESCURIDÃO

28 DIAS ANTES

       3 DE SETEMBRO DE 2016
     
      6:45h da manhã, ainda não dormi direito desde quando cheguei aqui nesse "inferno", minhas pálpebras pesam como se tivessem rochas amarradas nelas, somente pensava quando poderia dormir em paz, sem ter o medo de não acordar mais, "acho que até a fome ficou para trás." queria dar apenas um cochilo. A curiosidade me toma e vou novamente ver aquele diário, tiro a lajota e começo a folhear, encontro uma pagina com a seguinte marcação:

      "A mim ele apenas queria um beijo, mas não deixei, deveria ter pensado melhor, antes um beijo do que ter meus dedos cortados!"

                               (Mari Collins)

      " Quem seria Mari Collins?" Pensei naquele momento, provavelmente sua vítima anterior, sabia agora que não fui a primeira, havia outra ou outras antes de mim, parecia que este homem nunca me visitava pela parte da manhã, no entanto sabia que ao longo do dia ele me espionava pelas brechas da porta, continuei lendo, achei algo interessante:

      "Se você encontrou esse diário só existe duas hipóteses: Você também está presa ou finalmente prenderam esse assassino de merda! Mas se deu o azar como eu e busca uma saída, eu talvez posso te ajudar."

      _ Isto é incrível!

      "Puta merda como sou burra!" Eu acabei falando muito alto, rapidamente guardei tudo e sentei- me na cadeira e abaixei a cabeça, quando ouço a porta abri.

      _Oi Lucy tem se sentido bem? Não? Pois fique tranquila, quando estiver morta não sentirá dor alguma.

      Que ódio estava sentindo, mas o medo era maio, ele estava segurando uma faca em sua mao direita, não sabia o que pretendia, " coisa boa não seria!"

     _ Vamos brincar um pouco? Queria desenhar, no entanto em vez de lápis usarei a faca, e no lugar do papel seu lindo e suave corpinho.

     Comecei a me apavorar, " ele irá me esfaquear!" Corri para o canto do quarto, andou até mim e lamentavelmente ele foi arrastando- me no chão pelos cabelos e fazendo com que eu sentasse na cadeira, em seguida me amarrando. Apontou a faca em meu rosto e eu gritava de medo, então ele me amordaça, e lentamente passa a lamina perto de meus seios, fazendo cortes um pouco profundos, que provavelmente levaria alguns pontos, eu esperriava de dor, me debatia, mas de nada adiantava, "que tortura, quanto tempo isso irá durar!" logo fez outros cortes em meus braços dizendo:

     _ Isso é para você pensar duas vezes antes tentar fugir, acha que eu não escutei seu grito de esperança?

      Parece que ele não sabia das coisas escondidas, apenas tinha me ouvido, infelizmente já era tarde durante 15 minutos ele ficou me cortando, durante 15 minutos eu tentei gritar mas não podia, tentei ser forte, no entanto, 15 minutos parece pouca coisa, só que esses foram os minutos mais duradouros da minha vida. No final de tudo isso permaneci amarrada naquela cadeira velha me lamentando em silêncio, sem comer ou dormir, pela primeira vez preferia a morte, "por que meu Deus, está deixando que isso aconteça comigo?" Parecia que Deus tinha esquecido de mim deixando- me para morrer, estava sangrando muito e desmaiei.
      23:45h da noite, acordei e percebi que estava deitada em uma cama, coberda de gazes que estancaram o sangue, "será que ele colocou esta cama aqui?", Sentado no final da cama próximo aos meus pés o homem estava, olhando fixamente para mim.

      _ Por que não me mata logo e acaba com tudo isso?

      Eu disse com a voz fraca e rouca à ele, mas continuou sem falar nada, "o que ele quer dessa vez, já não foi o bastante?" Então segurando um dos meus pés e dando um leve aperto vai dizendo:

      _ Ainda não percebeu? Eu quero você viva, não fiz nem a metade do que tenho planejado, se morrer não terei com o que me distrair.

      Queria entender o que aquele louco queria comigo, quando ele se levanta e sai, deixando o quarto trancado, nessa hora tentei me levantar, mas sem forças estava, eram muitos cortes que mesmo não sangrando mais, continuavam latejando sem parar, com falta de forças não tinha escolha a não ser continuar deitada esperando a próxima barbaridade que iria sofrer, olho para minha direita e vejo um prato de comida com arroz e pedaços de carne, que mais tarde  tentarei comê- lo se não estiver envenenado ou algo parecido, menos que isso não esperava daquele homem maldito, "talvez irei me matar antes que ele tente outra coisa comigo!" A que ponto cheguei, enfim acho que é uma porta de alívio para meu sofrimento.