Não conseguia entender nada que rolou depois do tapa que dei na Mariana. É como se o tempo tivesse parado, meu cérebro tivesse pausado e meu sangue não circulava. Eu tinja a sensação que as coisas aconteciam em câmera lenta, estava fora de mim. Só lembro dos meus pais pegando nós duas pelo braço após da música ter parado e todo mundo gritando nosso nome.
Acordei com minha cabeça latejando, olhei o celular e tinha 33 mensagens.
Criaram um grupo com o nome "QUEM VAI GANHAR?" e no perfil uma montagem minha e da minha prima com cara de raiva olhando uma para outra. As mensagens se resumiam em pessoas desocupadas querendo ter uma continuação da minha treta com a Mariana. Tanta gente me chamando de nojenta, de puta e outras nomes nada confortáveis.
Em outra aba de conversa, Jade perguntava como eu estava. Mandei logo um áudio de 1 minuto explicando a treta toda.
Quando acabei, bloqueei a tela e desci para tomar café. Não havia nem uma mosca em casa, estava sozinha. Botei meu café e dessa vez, fiquei tomando olhando para o nada perdida nos meus pensamentos.
Por que fiz aquilo? Será que o que ela disse era verdade mesmo? Eu sou nojenta por ter me entregado para alguém que para mim, me amava?
A porta de abriu e era os pais, sozinhos. Ué, cadê a Mariana?
Eu: Bom dia. Cadê a Mariana?
Paulo (pai): Resolvemos levar ela de volta para casa.
Eu: E nem me avisaram? Nem deu tempo de me despedir da minha prima querida!
Fernanda (mãe): Para de palhaçada porque não estamos no circo - ela tava irritava, sempre que ela está irritada diz essas coisas nada a ver - eu estou muito decepcionada com você, como você consegue maltratar uma visita desse jeito? O que será que a mãe dela deve estar pensando da gente?
Eu: Ih, que coisa! Para de ficar ligando para a opinião do povo sobre nossa família, se você me escutasse um pouco sa...
Fernanda (mãe): Nada disso - me interrompeu - você está de castigo!
Paulo (pai): Calma, Fernanda! Não precisa disso, ela nunca ficou de castigo e não é agora que vai ficar. Vamos ouvir o lado dela primeiro e depois vemos o que fazemos.
Fernanda (mãe): É por isso que a menina tá desse jeito! Você sempre dá segunda chance para ela. Se continuarmos com esse tratamento, ela vai continuar machando a imagem da nossa família. Como já fez muitas vezes.
Eu: Você tá querendo mencionar o que?
Fernanda (mãe): N-nada. S-só estou dizendo alguns...fatos.
Subi as escadas correndo e vesti uma roupa mais confortável. Eu não acredito que até minha mãe me julga por coisas que eu fiz sem pensar, por pura inocência e sem pé no chão. Isso significa que esse tempo todo, foi tudo uma farsa. Ela fingiu me apoiar nos meus momentos apertados mas por trás, não acreditava que eu era a vitima. Acredita que eu causei tudo aquilo.
Desci e andei apressada até a porta. Só ouvi algumas palavras incompreensíveis já que estava do lado de fora.
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Ágatha
Teen FictionÁgatha é uma menina de 15 anos que mora em São Paulo e está ansiosa para se mudar para Salvador. Tem uma vida agradável mas para ela não é o suficiente. Faz parte de um grupo de amigas populares que sempre ficou do lado dela nos momentos ruins e fel...