Lovesong

Único

Desde os 3 anos Lena tinha aulas de piano. Lílian até que admitiria uma filha adotiva, mas ela não admitiria ela ser uma Luthor sem nenhum talento. Visto que Lex já apresentava grandes traços administrativos desde pequeno, sendo assim a primeira opção no caso de uma substituição de Lionel, Lena deveria aprender todas as outras coisas no geral. Piano, como instrumento principal. Natação, como esporte principal. Engenharia, como foco principal na escola. Tudo desde sempre fora traçado bem antes de seu conhecimento, e ela apenas seguia com o plano.

Com o passar dos anos, as lições de piano passaram de obrigação para paixão, e ela se via perdidamente apaixonada pelo instrumento e sua sonoridade. Com 9 anos ela já tinha um nível muito avançado para sua idade, com 13 já escrevia suas próprias partituras. Atualmente no fundo mais intocado de seu guarda roupas jazia uma caixa preta com incontáveis músicas, para diferentes momentos de sua vida.

Como todo importante momento da sua vida, ela se encontrou novamente rabiscando em folhas aleatórias notas que fariam um belo trabalho juntas. Todos esses pedaços estavam guardados em sua gaveta do escritório até que ela percebeu. Era como um presságio, ela se expressava pela música antes que pudesse realmente entender sua própria bagunça interior.

Ela estava apaixonada por Kara. E como não estaria? Entre todas as aparições repentinas para um rápido almoço em seu escritório e entrevistas dadas de bom grado, ela se apaixonou perdidamente pela repórter de cabelos loiros e olhos azuis como o céu. Todo o cuidado que ela mantinha com Lena, a preocupação e a necessidade de estar perto transmudaram sua incrível admiração pela profissional em algo á mais.

Era lembrando de suas expressões e seu cheiro que Lena escreveu horas madrugada á dentro. Seus olhos estavam pesados e seus dedos doloridos, mas era um sacrifício necessário. Seu sentimento agora já estava transformado em música, e talvez, somente talvez um dia ela obtivesse a coragem necessária para tocar para Kara.

Longe dali, mas sempre atenta sobre o grande apartamento na melhor área da cidade, Supergirl se questionava o por que de Lena estar acordada a madrugada toda. Ela patrulhar pela madrugada era compreensível, necessitava de menos descanso que os humanos e nos últimos meses não conseguiria dormir muito tempo de qualquer maneira. A única coisa que sua mente concebia eram maneiras de se aproximar da Luthor de uma maneira sutil. Ela sabia que Lena era insegura referente á seu sobrenome e o brasão da casa de El no uniforme azul da heroína, mas talvez ela pudesse tentar. Mesmo que relutante no começo, ela se orgulhava agora de poder escutar Lena chamando-a de amiga.

Percebendo que Lena dirigiu-se á varanda, decidiu tomar um tempo da morena para conversar amenidades. Talvez isso fizesse bem ao sono das duas. Descendo delicadamente no piso provavelmente caro, Kara ouviu Lena dizer que se tivesse o número da heroína provavelmente haveria ligado. Com a delicadeza que Kara sentira apenas poucas vezes, Lena puxou-a pela mão até sua grande sala, sentando-se ao piano e exasperando ao olhar para as teclas pela milésima vez naquela madrugada. Kara permaneceu de pé enquanto a morena retirou os óculos (que Supergirl ao menos sabia que ela usava até aquele momento) e os apoiou na tampa do piano. Com calma e graça, ela tocou durante longos minutos apenas concentrada em si mesma e Kara pensou que jamais tinha visto tamanha beleza em sua vida.

Quando terminou, Lena virou-se ainda no banco para encarar a heroína. Aguardando por algum tempo sem escutar nada, resolveu iniciar a conversa visto que a outra não pretendia. Sorrindo e segurando as partituras em sua mão, ela disse que passara a madrugando compondo porque era assim que lidava com os seus sentimentos. Amassando seus dedos em nervosismo, aguardou a resposta quando perguntou se Kara gostaria da música que compôs para ela. A loira, meio sem palavras, deixou claro que adorara a música e que a calma que sentiu lhe lembrara as músicas de seu planeta natal. Chegando mais perto e segurando uma das mãos da morena, ela disse que se Lena queria saber se Kara gostaria da música, deveria perguntar diretamente para ela.

Sorrindo tímida, o que fez o coração de Kara palpitar descontroladamente, Lena virou-se para o piano e segurou os óculos quadrados em suas mãos. Aproximando-se da heroína, ela colocou os fios loiros rebeldes atras de sua orelha e deslizou calmamente a armação pelo nariz da maior. Sem deixar Kara fazer mais do que soltar um suspiro, ela sorriu e perguntou olhando em seus olhos:

-Você gostou, Kara?