Killy

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''Antigos sábios diziam que se um dia todos os homens possuírem as mesmas características afetivas dos animais o mundo seria, talvez, um lugar melhor de se viver

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''Antigos sábios diziam que se um dia todos os homens possuírem as mesmas características afetivas dos animais o mundo seria, talvez, um lugar melhor de se viver.''

Killy era um menino de doze anos que acreditava nesta lenda, mas ele não sabia de fato, que ela existia. Ele não sabia sequer, o nome das coisas, como por exemplo que o sol se chamava sol, mas acreditava nesta lenda, pois ele a vivia todos os dias como se seu coração fizesse este pedido: doe amor.

Não se sabia ao certo como ele fora parar ali e muito menos se alguém havia o abandonado, porém se não fosse por esta carta que estou lendo para vocês, nenhum de nós iria saber da existência deste garoto

Um dia qualquer em meio à floresta de Sandrá, uma antiga e até então inabitada por qualquer ser humano, exceto Killy, ele seguia correndo pelas árvores procurando algum alimento para que pudesse retornar à sua cabana antes de anoitecer. Apesar de não saber o nome das coisas, depois de muito tempo vivendo nesta floresta, o garoto aprendeu o que deveria comer e o que não podia.

Ele conhecia todos os lugares nesta vasta floresta. Certa vez, subiu até o último galho da maior árvore que ele havia visto, ela possibilitava para ele uma visão geral de quase toda a floresta e dos animais. E por falar nos animais, como que se Killy fizesse parte da floresta, nenhum animal jamais o atacou.

O primeiro contato que fizera com um animal foi retornando para sua pequena cabana depois de ter colhido algumas frutas para passar a noite. Um leão imponente que olhava para o menino ao longe, como se analisasse o que o garoto estava fazendo ou então quem sabe, estivesse o protegendo de longe. Era possível ver somente os olhos acinzentados do leão misterioso, mas ainda assim, ele permanecia ali na floresta observando.

O segundo contato foi depois de alguns dias - quem sabe uma semana inteira -, onde Killy estava sentado em sua cabana, feita de bambu e algumas folhas que cobriam todo o telhado improvisado. Ele estava comendo um peixe que havia pescado em um rio não muito longe dali, e sem se preocupar com nada com que pudesse ocorrer, Killy ouviu um estalo. Era um estalo de um galho se quebrando. Era o estalo do galho que o leão havia acabado de pisar - e ele estava a alguns metros de distância, apenas observando sem emitir qualquer ruído.

O susto foi inevitável. O coração bateu forte e a adrenalina começou a ser liberada no corpo do garoto. O sistema nervoso de seu corpo acionou uma habilidade que todos nós temos: o medo. Ele proporciona duas escolhas e ações, ou você luta e lida com seu problema à sua frente ou você foge, corre em qualquer direção. Mas Killy nunca havia corrido por medo de qualquer animal, e ele permaneceu sentado com o restante do peixe em sua mão direita enquanto o leão continuava ali, inerte.

Killy se levantou, a fogueira continuava queimando a madeira que ele havia recolhido horas atrás e foi em direção ao leão sem temê-lo, não, ele não o temia, Killy queria demonstrar afeto e dizer - sem palavras -, mas com demonstrações de que ele estava ali para ajudar, para se tornar quem sabe um amigo.

A criança passou pela fogueira e ainda com o peixe em sua mão, ofereceu-o para o leão. A mão ficou estendida por alguns instantes e nada, o leão não se mexeu. Killy então deixou o peixe ali, no chão, e retornou para o lugar onde estava sentado.

O leão por sua vez, partiu dali com o alimento que o menino havia dado. Ele olhou para a floresta que permanecia em silêncio e pensou que o leão, hora ou outra, iria acabar retornando.

E isso aconteceu, o leão retornou na próxima noite e na seguinte e assim por diante, durante vários e vários dias. Killy fazia o mesmo processo e além disso, começou a coletar mais peixes, pois sabia que o leão iria aparecer por ali. Ele não falou sequer uma palavra com o leão e ele não deu sequer um rugido.

Os dois permaneciam quietos, mas ainda assim, era como se fossem velhos amigos e de mundos diferentes, mas que no final de tudo o animal permanecia cuidando de Killy e o menino cuidando do amigo felino.

Embora Killy não soubesse o motivo do leão estar visitando-o todos as noites, ele sabia que independente de quem fosse, iria ajuda-lo, pois o que importa na verdade para Killy, é que todos se ajudem e que possam conviver em afinidade, independente se são ou não de mundos iguais, desde que possa cuidar e respeitar o espaço uns dos outros isto é, - os vários pássaros e animais que viviam nesta floresta, desde joaninhas e vaga-lumes, até leopardos - e claro, ele.

Contos de OutroraOnde histórias criam vida. Descubra agora