Crematório das Almas- Contos de Terror

I

Alemanha, 6 de janeiro de 1906 (84 anos após o caso da Branca de neve).

     Reza a lenda, que a verdadeira Branca de Neve, nunca voltou da Floresta Negra, após quase ser assassinada pelo caçador, como é contado há gerações, dizem que se deve ao fato de que o caso fora muito chocante na época (e ainda é), então foi sendo modificado pelo povo da época, até inspirar os irmãos Grimm a o transformarem num conto infantil.

     Antes que seja questionado, não tenho nome, e por mais surpreendente que seja, sou uma arvore, exato, uma das árvores mal-assombradas da Floresta Negra, uma árvore que presenciou grande parte do que ocorreu com Branca de Neve, não tenho mãos, então Dunga escreve, enquanto falo, devem conhecê-lo, o anão que não fala e é louco? Não sei, ele sempre me pareceu bem, mas não fala, o que não impede nossa comunicação, visto que o mesmo é um fantasma, e sou uma árvore mágica. . Sem mais delongas, relato aqui, após anos que Branca de Neve era de fato uma garota doce e que toda parte da inveja da finada Vossa Majestade e o espelho, são verdade. A história muda após a fuga de Branca de Neve foge para a Floresta Negra, ela estava aterrorizada quando passou por mim, afinal, sou aterrorizante, e as minhas irmãs também, vivemos para isso. Em seu lapso de desespero e correria, Branca de Neve acabou por cair em uma vala de ervas espinhentas bem a minha frente. Morta, apodreceu por dias de chuva e sol, com pena, confesso meu pecado, ao desenvolver sentimentos humanos pela menina, e como uma arvore mágica que sou, transferi meus nutrientes para seu corpo falecido, através de minhas raízes, coisa que jamais contei as minhas irmãs, só a Dunga, meu companheiro alma e que um dia também se apaixonou pela menina.

     Após tal feito, aguardei ansiosa pela volta dela, sem ao menos pensar nos meus atos, realmente me humanizei, me apaixonei por ela, um amor impossível pela, antes, Branca como a neve, já que o que saíste do buraco era cinza e vermelho seco de sangue, seus olhos eram como um todo, negros e profundos, ao ver minha maldita criação, foi que percebi o que havia feito, ao ver a própria alma vazia e sombria, nos olhos da, anteriormente, doce menina.

     Foi a última vez que vira Branca de Neve, cuja alma verdadeira, almejo que canta com os passarinhos por aí. Dias passavam, e eu era consumida pela culpa e ódio pessoal, imagine? Uma arvore maldita. Até que um dia, minhas irmãs me contaram sobre os animais da parte encantada da floresta, que estavam agressivos e de olhos vermelhos que não tinham mais medo de nós, também contaram de um canto hipnotizante de uma garota aterrorizante. Sim, Branca de Neve estava controlando os animais com seu canto de sereia, mas que arrastava a fauna, au invés de marinheiros.

     Assumo que para benefício próprio, sem querer reviver tal época aterrorizante para uma árvore aterrorizante, resumo os ocorridos após o fatídico dia: Branca de Neve matou os sete anões e tomou sua casa, suas almas perambulam pela floresta. Foi assim que me tornei uma boa amiga de Dunga, que é o único anão que permaneceu "sensato", por assim dizer. A Rainha Má foi encontrada morta com cacos de espelhos cravados em seu rosto, e mordidas de animais por todo corpo, transferindo o trono ao jovem príncipe, que iniciou buscas pelo assassino, em seu primeiro mandato como rei, mas que logo teve seu trágico fim. Ao contrário dos anões, Branca de Neve, trancou o príncipe na própria casa dos anões, a qual havia se apoderado, e segundo Dunga, o alimentava com maçãs dos aposentos da Rainha, no castelo, até que um dia, uma das maçãs sorteadas, estava infelizmente envenenada, causando o fim do torturado jovem príncipe, que talvez quisesse o beijo da morte. Coisas que nunca serão reveladas, nem por mim. Por fim, lamento os anos que

 Nota: Carta encontrada em um vala, em área deserta da Alemanha. Resgatada e restaurada, junto a ela, fora encontrada uma maçã vermelha como o sangue, mordida, inexplicavelmente intacta, presa em espinhos. Atualmente ambos os artefatos estão em exposição, comprados pelos donos do Museu Sobrenatural da Inglaterra, os relatos incompletos da carta sem fim e a maçã, nunca foram explicados.