"As pessoas não percebem que são protegidas por muitas pessoas. Essa coisa tão importante eu percebi pela primeira vez quando a perdi."
POV's Kim
__ Por quê? De novo não. Por que sempre ela. Me faça sofrer no lugar dela, eu mereço a punição. - escutei uma voz feminina entrar no quarto, abri os olhos e vasculhei o quarto procurando a dona da voz mas não havia mais ninguém ali além de mim.
__ Senhora, por favor, acalme-se. Estamos fazendo o possível para recuperar a memória de sua filha. Porém creio que por mais que consigamos, não será recuperada completamente. Portanto, precisamos estar atentos a qualquer sinal de melhora. Para isso se faz necessária a colaboração da senhora.
Logo em seguida entraram na sala a senhora, que provavelmente seria minha mãe, e o médico.
__ Como se sente Lee-san?- perguntou o doutor aproximando-se da minha cama.
__ Bem, eu acho.- respondi um pouco hesitante.
__ Tudo bem, é normal que esteja confusa. Mas logo tudo irá se esclarecer.- explicou o doutor enquanto examinava alguns exames deixados na mesinha ao lado da minha cama.
__ Kim... Lee-san, sou Lee So Hyun, sua mãe. Não se preocupe, eu estarei aqui sempre que precisar ou quiser lembrar de algo. Tudo bem?- a senhora, So Hyun, com um carinho um pouco hesitante se apresentou e eu apenas assenti com a cabeça.
__ Mãe, como você costumava me chamar?-perguntei com a curiosidade um tanto exposta, o que fez a mulher abrir um largo sorriso.
__ Kimie, Kimie-chan. Quando era pequena você odiava que eu a chamasse assim mas depois de um tempo você passou a se adaptar e até gostar do apelido.- explicou a mulher com um sorriso terno.
__ Então, por favor, não seja tão formal. Kimie é perfeito.- disse com um sorriso.
__ Tudo bem querida. Mas existe mais alguma coisa que queira saber?- perguntou a mulher com esperança e ternura transbordando em seus olhos.
__ Eu tinha muitos amigos?- inocentemente perguntei mas logo notei que algo na minha pergunta a incomodou.
__ Eu sinto muito.- desculpou-se a mulher com os olhos marejando, ela piscou algumas vezes e me olhou nos olhos. __ Eu não sabia que você se sentia sozinha e em momento algum me preocupei em ser seu porto. Eu realmente sinto muito.- continuou já com os olhos cheios de lágrimas.
__Não se culpe. Você está aqui agora, posso me apoiar em você agora mãe?- perguntei com lágrimas se formando em meus olhos.
__ Sim. Sabe, é estranho falar tão abertamente com você. Você costumava ser tão fechada e quando estava triste odiava que alguém a perturbasse.
__Então, eu não quero voltar a ser a Kim de antes.- respondi com um sorriso.
Ficamos ali, rindo, conversando, lembrando do quanto eu era amada. Então uma enfermeira entrou no quarto, checou meus pulsos e pressão, e me entregou um frasco com duas pílulas e um copo d'água.
__Você deve estar cansada, durma um pouco. Amanhã conversaremos mais, tudo bem?- disse a senhora se levantando da cadeira.
__Certo. Boa noite mãe.
__ Boa noite Kimie-chan.- ela despediu-se de mim com um beijo na testa e saiu do quarto.
3 dias depois
__ Pronta pra voltar pra casa?- uma enfermeira perguntou assim que entrou no meu quarto aquela manhã.
__ Não sei se pronta é a palavra certa mas estou ansiosa e bastante animada.-disse levantando da cama e indo em direção à janela.
Casa... Eu nem mesmo sei se consigo pensar em algo que se assemelhe a isso. Mas estou ansiosa pra conhecer... ou melhor, reconhecer.-pensei enquanto, sentada junto ao parapeito da janela, esperava o médico chegar para me dar alta.
__ Então filha, como se sente. Ansiosa para voltar para casa?- perguntou minha mãe adentrando o quarto.
__ Um pouco.- respondi quase automaticamente.
__ Kimie, por favor nunca mais me assuste como dessa vez, okay?- pediu minha mãe em tom repreensivo.
__ Tudo bem.
__ Você me promete que me contar sempre que algo ruim estiver te acontecendo?- perguntou com a voz embargada.
__ Sim, eu prometo.- falei com o levantando o mindinho em frente ao corpo.
__Não quero ver você sofrendo, eu já assinei os papéis, esse fim de semana vamos ser trasferidas para Shibuya. Tudo bem?- perguntou minha mãe com os olhos tranbordando de felicidade.
__ Tudo bem, se você está feliz eu também estou.- falei com um sorriso.
__ Então espero estar sempre feliz.- disse ela me puxando pra um abraço.
Ficamos ali abraçadas por um tempo até que o doutor chegou e chamou minha mãe para assinar os papéis da alta. Fechei os olhos e por alguns minutos fiquei imaginado como foi a minha vida até hoje. Imaginei como a minha mãe devia sofrer para me criar depois o meu pai ter nos deixado, imaginei como foram meus primeiros passos, minha primeira palavra, meus sorrisos e os seus motivos, paixões, alegrias. Minha história, a qual eu mesma não conhecia, recriei em minha mente, tirei todos os capítulos tristes e deixei só as alegrias. E decidi que preferia mil vezes aquela história do que a real que me fez estar onde estou, mesmo não a conhecendo não queria voltar a ela, gostava da história que eu mesma havia criado.
__ Então, acho que agora podemos ir.- falou minha mãe da porta do quarto.
__ Okay, só um minuto.- corri até um pequeno armário que havia no canto do quarto, peguei a caixa azul bebê e corri em direção à porta.__ Agora estou pronta.- continuei andando pelo corredor.
__ O que é isso?- ela perguntou fitando a caixa.
__ A enfermeira disse que foi o que chegou comigo.- expliquei olhando aquela caixa tão pequena mas com tudo que eu sabia de mim mesma.
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Akaiito
RomanceUm fio invisível que liga às pessoas que estão destinadas a conhecer-se, o fio pode esticar ou se emaranhar mas nunca irá partir.