A Literatura As Vezes Pode Tentar Te Matar.

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Voar.

Todo ser  humano um dia sonhou em voar pelos céus, com belas asas brancas e o vento batendo em seu rosto.

Bom eu meio que realizei esse sonho, mas não tô muito feliz com isso, pois agora eu estou caindo de uma altura que nem eu sei, pra um lugar que não faço a mínima idéia de onde seja. De qualquer forma, que educação a minha não? Deixa eu me apresentar aqui. Meu nome é Ales, um nome um tanto incomum, eu sei, mas isso não é o mais incomum nessa situação de agora. Eu acabei por pular algumas partes da história então como essa queda não tem fim vou te contar como vim parar aqui.

Cidade de Belém, capital do Pará.

Ah, Belém, como não amar essa cidade não é? Um lugar calmo, sem muito clima de cidade grande, apesar de ser um dos maiores pontos turísticos do Brasil. Cheia de prédios, poluição e gente pra todo lado, como uma boa e velha cidade.

E é em uma casa simples no subúrbio da cidade que a história começa, com um garoto magrelo de cabelos pretos e olhos castanhos dormindo no seu quarto (euzinho).

- Ei Ales, vai se atrasar pra escola. Levanta logo que eu não vou chamar de novo. - Dizia uma senhora de meia idade, com os cabelos também negros e pele morena, mais conhecida como minha mãe.

- Já vou, já vou... do jeito que esse ano tá eu vou ter cabelos brancos antes de você. - digo levantando e esticando os braços, soltando um grande bocejo.

A partir daí rotina normal, higiene pessoal pela manhã, aquele café reforçado feito pela mãe e partiu pegar o ônibus para ir para a escola.

Morar no subúrbio tem suas desvantagens. Tudo era bastante longe então como minha escola fica no centro eu tenho que pegar dois ônibus pra chegar lá, ou seja, todo dia acabo chegando atrasado.

Eu sei que deveria acordar mais cedo mas, uma advertência ou duas não vai atrapalhar em nada.

Eu faço o terceiro ano do ensino médio, em uma escola bem famosinha na cidade, acabei ganhando uma bolsa aqui (sim, apesar de não parecer sou um pouco estudioso). Mas como sou o garoto do subúrbio, os filhinhos de papai daqui acabam por não irem muito com a minha cara.

Isso não importa muito, não sou do tipo de ter muitas amizades, meus únicos amigos aqui são o Marcus, um garoto meio gordinho de cabelos crespos que  conheci no primeiro dia de aula. Fomos os únicos a ficar sem dupla pra um trabalho e acabamos fazendo juntos, o que fez com que nos tornássemos amigos. Ele é do tipo eufórico e vive falando sobre desenhos, video games e coisas do tipo.

E tem também a Karina, bom sobre ela, como falar? Rola aquele amor platônico totalmente clichê dos filmes em que o moleque (no caso eu) gosta da amiga e nunca cria coragem pra se declarar. Eu a conheci num dos dias em que o Marcus faltou e eu fiquei um pouco isolado dos outros. Aquele momento em que seu único amigo some e você fica no cantinho. Nessa hora ela veio até mim, com aqueles cabelos grandes e negros, e aquele rostinho parecendo uma boneca e disse:

- Oi, você tem uma boa altura, quer entrar pro time de basquete?

Eu nunca aprendi a jogar basquete mas aceitei na hora. Não preciso dizer que passei a maior vergonha depois tentando jogar, mas isso fez com que eu e ela nos tornássemos amigos.

Chegando no colégio eu sempre tenho que passar na diretoria pra pegar uma permissão para entrar na sala de aula, já que sempre chego atrasado. Então como de costume vou até a sala da direção, abrindo a porta sorridente.

- Mais um belo dia de aula não acha tia? - Digo para a coordenadora sentada em frente a uma mesa com vários documentos, um computador e outras coisas chatas de secretaria.

GrimórioOnde histórias criam vida. Descubra agora