Guia De Sobrevivência Em Uma Dimensão Paralela.

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Arcádia, em alguma estrada de terra.

Eu já caminhava a algumas horas, desde que sai da casa da senhora fada. Era um caminho sem fim o que eu seguia, andando e andando sem nada pela frente, só mais estrada.

- Fadas são pequenas, elas deviam fazer as coisas bem mais perto umas das outras... - Reclamo comigo mesmo enquanto retirava da mochila de peles em minhas costas uma garrafa de vidro onde estava um pouco de água, tomando um gole e a guardando novamente.

De uma coisa eu não poderia reclamar ali, a paisagem era fantástica, eu estava em uma estrada de terra batida, que seguia no leito do imenso lago onde caí, ao extremo do mesmo se podia ver uma grande montanha, e ao meu outro lado uma floresta bem verde. Seria típico de uma dimensão de fadas ser rica em florestas, e aquela em particular era muito bonita.

O sol já não estava tão forte e o capuz que cobria minha cabeça ajudava a proteger do calor, pelo que a sensação térmica indicava, já deveria estar passando das 4 horas da tarde em horário humano.

- Certo Ales, daqui a pouco começa a escurecer, e você precisa de abrigo, dormir na estrada não me parece uma boa idéia, e não sei nada sobre montar acampamento. - Comento olhando ao redor, vendo o que eu poderia usar dali.

Bem a alguns metros a minha frente, dava pra ver uma entrada para a floresta, como se tivessem aberto manualmente. O que era bem provável, já que a trilha que estava formada não era natural.

Não sabia se seguia a trilha ou não. Vai por mim, estar sozinho em uma dimensão paralela, sem nada para se defender e com a frase "fadas não são amigáveis" na cabeça não dá muita coragem pra um garoto comum.

Mas era melhor arriscar, minha melhor chance de passar a noite seguro seria seguir a trilha, na esperança de encontrar algum acampamento, e assim eu fiz. A mesma não era grande, o que indicava que alguém de pequeno porte tinha passado por ali.

Seguindo pela trilha por alguns minutos chego até uma clareira, em uma parte bem aberta da floresta, e bem bonita também, o chão de grama rala era repleto de flores, e as árvores davam espaço para um pequeno riacho, onde caía uma cachoeira, um lugar perfeito para um acampamento. Sigo olhando o local deslumbrando, mas acabo tropeçando em algo, o que faz com que eu perca o equilíbrio e caia no chão, fazendo um barulho abafado.

- ESTAMOS SOBRE ATAQUE! DEFENDAM A CARGA!

A voz que disse isso era tão aguda que me deu vontade de rir na hora, mas logo a vontade passou com a dor que senti, como se estivesse sendo perfurado por agulhas de costura. Me levantei em um movimento rápido, procurando a origem da dor, e em meu braço estava cravada uma espada, se é que posso chamar aquilo de espada, já que a mesma tinha no máximo uns 8 centímetros, e dependurado nela estava um serzinho não muito maior que meu sapato, se balançando e esperneando.

- ME SOLTE MALDITO, IREI ME BANHAR EM SUAS VÍSCERAS! - Gritava em fúria o pequeno ser, com uma expressão de raiva em seu rosto.

Eu não sabia se começava a rir, se me assustava ou se sentia pena do bicho, mas abaixei meu braço e os pés dele tocaram o chão, e em em um movimento desengonçado o serzinho retirou a espada do meu braço e saiu correndo novamente em minha direção, investindo com fúria.

Foi aí que eu notei que não era só um, mas tinham dezenas de pequenos seres ali, todos armados com mini espadas, e vestidos com folhas e flores na cabeça.

- Espera, espera! Eu não sou ladrão, eu não quero carga nenhuma, só tropecei por acidente em alguma coisa de vocês. - Digo me afastando dos pequeninos, com as mãos em frente ao corpo, sinalizando que estava desarmado.

GrimórioOnde histórias criam vida. Descubra agora