Capítulo 2

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"-Por favor, senhores passageiros do vôo 527 destinado a Miami com escala em Fort Lauderdale se direcione, por favor, aos portões 4a e 4b, obrigado!"

E lá vou eu, Destino? A casa onde nasci e cresci, onde estão todas as minhas lembranças, meus amigos e principalmente minha mãe, 'Que saudade dela!', penso e me direciono ao portão onde tem uma fila de pessoas.

Lembro que quando morava lá em Miami eu tinha muitos amigos até que um dia meu pai morreu, em uma de suas viagens, e eu me fechei do mundo, e quando fiz 14 anos concorri a um intercambio no Canadá, em Vancouver pra ser mais exata. O que me fez mudar para Vancouver e morar na casa de minha avó paterna, o intercambio era de dois anos, mas decidi ficar até meu aniversário de 18 anos e agora estou indo de volta para minha casa.

Quando fui para Vancouver lembro que meu objetivo era estudar pra quem sabe ser uma pessoa reconhecida, ou algo assim, mas no final dos meus 15 anos entrei em algo totalmente diferente do meu objetivo.

Minha primeira luta foi numa noite turbulenta, eu e Emma estávamos com um conhecido em um galpão onde tinha muita coisa errada, 'Eu sabia que algo iria acontecer, mas não que isso decidiria minha vida... ', no dia estava tendo uma série de lutas, isso incluía adolescentes, bebidas, drogas, e claro umas apostas que sempre deixam a luta mais interessante.

Estávamos em forma de roda e quem quisesse entrar na luta entrava no meio, numa dessas fui empurrada no meio e jogaram uma mascará preta e branca delicada, lembro que estava com um moletom de panda o que me deixa com cara de inocente, o que era mentira, pois naquela época eu já cursava alguns tipos de luta.

Eu ganhei aquela luta e nunca mais sai da minha vida de lutadora ilegal, quando vi já tinha um reinado na luta ilegal, e cada vez mais eu evoluía e isso me dava uma quantia por mês muito boa, mas agora estou indo para um campeonato até a morte em Miami e isso me fez ver que tinha algumas coisas pendentes para fazer.

Pensando melhor agora que tudo mudou, sinto como se chegasse para uma casa que não é minha, que não me pertence, mas a vida é assim quando tudo está perfeito ela te coloca em um problema, coloca uma pedra no caminho para você cair, o máximo que você tem que fazer é levantar e seguir em frente.

-Moça, o passaporte e a sua identidade – Fala a aeromoça com uma cara de tédio.

-Ah, Desculpa – Falo e já pego os documentos entregando a moça que dá um sorriso forçado.

-Tudo bem, pode entrar – diz abrindo o caminho, e assim, pego meus documentos e sigo para dentro do avião com a ansiedade me invadindo.

Daqui a seis horas estarei em Miami com minha mãe e tirarei toda a saudade de mim. Começo a viajar em meus próprios pensamentos que estão focados nas pessoas que estão lá embaixo vivendo suas vidas e paro para pensar aonde foi parar minha vida. Como será que está à vida de minha mãe? Será que ela foi afetada pela minha vida? Espero que não, ou terei que resolver isso também...

6 horas e 30 minutos depois...

"-Senhores passageiros apertem o cinto e se preparem para pousar, aqui em Miami são exatamente onze e trinta e dois da manhã, obrigada pela preferência!"

É agora que vou encarar a vida de frente e pegar meu destino nas mãos, esquecer o passado e de preferência cuspir na cara do meu medo.

30 minutos depois...

Coloco minhas malas no chão e encaro a casa que guarda toda minha infância, 'é agora... Aproveita que você esta de férias', fico encarando e tomando coragem para apertar a campainhia, coisa que não consigo, pois algo me prende no lugar onde eu estou.

-Moça, você pode me dizer o porquê você está parada na frente da minha casa? – pergunta um menino, que com certeza é mais velho que eu, com os braços cruzados e os olhos semi-serrados.

-Bom... Isso é uma história engraçada até... – Respondo voltando a encarar a casa – Mas agora eu pergunto... Posso saber por que mora com a minha mãe? – Dou risada dessa situação totalmente esquisita.

-Você é a Sara? – Diz espantado – você é diferente da foto.

-Sou eu sim! – Encaro e percebo que ele é novo demais para minha mãe – Moço você namora a minha mãe ou algo assim?...

-Eu? Namorar a tia Mari? – Ele olha confuso pra mim com uma careta engraçada, começo a gargalhar com as mãos em minha barriga, ele continua me olhando como se eu fosse uma louca, 'Talvez eu seja mesmo... ' – Olha que bela meia irmã eu tenho! – Ele revira os olhos e pega minha mala levando para dentro da casa que contém quase todas as minhas lembranças de infância.

'Ele disse meia irmã? Nossa estou totalmente desatualizada mesmo!', pensando nisso eu sigo para dentro da casa e começo a ver a casa do mesmo jeito que estava de quando eu deixei.

-Daniel o que eu já disse de trazer essas meninas que você pega para a casa da Mariana? – Diz um senhor olhando para a minha mala e quando vira o olha para mim fica em choque – Quando você foi para Vancouver? Por que eu juro que to vendo a Sara, filha da Mariana que faz aniversário daqui alguns dias... – O senhor continua a me analisar e eu inclino a minha cabeça para o lado, o fazendo inclinar também.

-Moço, juro que nunca fiquei com o seu filho... – Falo enquanto analiso melhor o meu "meio irmão" e faço uma careta – Ele está longe de fazer meu tipo... – Dou um sorriso debochado quando vejo a cara de taxo que o meu meio irmão fica, 'Bem longe mesmo!'.

-Doménico você está ouvindo isso? – Ouço uma voz doce que não me lembrava muito bem, sorri tranqüila, 'Tão doce quanto eu tentava me lembrar... ' – É a minha filha... Meu neném voltou! – minha mãe sorriu e seus olhos tinham um brilho espetacular.

-Oi mãe, como à senhora está? – Falo me aproximando da minha mãe que me abraça apertado, 'O melhor lugar do meu mundo... ', encosto minha cabeça em seu ombro e descanso lá – Só vim saber como você esta... Se você estava bem... – Sussurro para ela que agora esta chorando em meu ombro e eu começo a enxergar embaçado – Mãe não me faça chorar no meu primeiro dia! – Digo Rindo com lágrimas escorrendo pelo meu rosto, e assim eu me afasto para ver minha mãe, Dona Mariana, que ficou mais linda nesses quatro anos longe.

-Estou bem meu anjo... – Ela me dá um sorriso, e mesmo corada por causa do choro, ela continua linda... – Senti tanta a sua falta meu amor... Nunca mais quero que você vá embora! Nunca! – Ela me abraça de novo e desse jeito percebo que com os saltos eu fiquei mais alta que ela, 'O que não é muito... Dona Mariana é baixinha também'.

-Dona Mariana, nunca mais eu sairei da sua vida por tanto tempo... – Falo baixinho para ela que sorri pra mim.

-Olha filha, eu vou arrumar o seu quarto e você poderá viver com a gente – Ela diz toda feliz e eu volto a notar que não estamos sozinhas – Esses são O Doménico e o Daniel...

-Olá pessoas, Tudo bom? – Cumprimento os meninos e dou um sorriso de lado, 'Como vou explicar que não irei morar aqui?' – Mãe eu não irei morar aqui... – Coço a minha nuca e dou meu sorriso sem graça pra ela.

-Por que irmãzinha? – Diz Daniel que até agora esta segurando minha mala – você acabou de chegar e já vai embora?

-Não, é só que... – Dou uma pausa para conseguir falar algo que faça sentido – Meu patrocinador me deu umas férias e um apartamento em Miami, tenho até o final de fevereiro para aproveitar... – digo com calma e olho nos olhos de minha mãe e vejo o Medo, medo de eu ir embora de novo – Eu vou me mudar para um apartamento do outro lado da cidade, eu acho que é uma hora de carro daqui até meu apartamento... Não irei embora mãe... – dou um sorriso acolhedor e vejo minha mãe ficar tranqüila.

'Sabia que não devia me afastar tanto da minha vida!'.

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