E já era.

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2016

Capital, Novo Estado.

No jornal anunciava um novo feito do major García. Havia impedido que um trem descarrilasse em Sarava, Grã-Union. Confesso que como fã numero um e fundadora do fã clube meu peito se encheu de orgulho.

Teresa, minha amiga e colega de trabalho, arrancou o jornal da minha mão antes que pudesse perceber ate mesmo sua presença. Depois de alguns minutos avaliando o papel cinza ela lançou um olhar de recriminação para mim.

– Você não acha que isso é demais? Desde que te conheço, e isso já faz um bom tempo, você é apaixonada por esse cara. – ela falou brandindo o jornal na minha direção.

– O que eu posso fazer, eu gosto dele! – me defendi agarrando os papais de sua mão e pondo sobre a minha mesa de escritório.

Eu e Teresa nos conhecemos aos 12 anos, ela conhecia minha peculiar fascinação por Téo García, ou melhor, major García. Se bem que de fascinação aquilo já havia se tornado uma deprimente obsessão. Ter pôsteres e bonequinhos do seu personagem preferido quando adolescente tudo bem, mas ter sua vida baseada na impossível fantasia com um certo super herói e ainda alimenta-la aos 25 anos, eu sinceramente era a pessoa mais ridícula do mundo, e sabe de uma coisa? Não me importava.

– Sinceramente, isso é ridículo. Ele já não te tratou como um idiota uma vez? - perguntou voltando a sua mesa que era bem em frente a minha.

– Ele foi um pouco rude, mas não acho que tenha sido de proposito. – respondi na defensiva.

– Pelo amor de deus! Jesse, você acha mesmo que vai se casar com o Senhor Perfeição e ter meia dúzia de Mega humanozinhos?

– Não! Mas...

– Mas o que? Ele não é mais o garoto popular da sua escola Jesse, agora ele é o idiota pomposo que entrou para o exercito e se tornou um "super herói" e a cada semana aparece em uma boate diferente com uma namorada diferente! – vociferou. Quase sem folego e tirando uma mecha caramelo do rosto ela se sentou e voltou a fazer seu trabalho com a serenidade costumeira. Seu silêncio deixou claro que não havia espaço para respostas.

Naquela tarde Teresa saiu do escritório sem falar comigo, não era a primeira vez que brigávamos, ou melhor, Teresa brigava comigo por causa da minha particular admiração pelo incrível major García.

Chegando ao meu pequeno – pequeno era um eufemismo para lata de sardinha – apartamento joguei meus incômodos saltos no chão do meu quarto e em dois passos estava na sala de estar integrada a uma cozinha. Suspirei aliviada assim que desbotoei a maldita saia lápis. E mais um suspiro me escapou quando soltei meus cabelos do coque apertado, a meia calça foi minha terceira vitima. E logo eu estava mais humana do que eu nunca fui.

No noticiário da noite, apresentado por Miranda Pires, anunciava o centésimo decimo quinto aniversario do Fim da Grande Guerra naquela semana. Um grande baile seria promovido pela família real e prometia ser a festa das estrelas.

Suspirei pesadamente, minha empresa seria um dos patrocinadores isso quer dizer que o dono da empresa participaria da festa, e como eu era a secretaria dele eu teria que ir a maldita festa para lembra-lo de cada pessoa que o cumprimentasse durante toda a noite. Isso não me agradava nem um pouco, ficar rodeada de pessoas famosas e poderosas, justo eu a lagartixa de óculos desajeitada como era chamada na escola. Você sabe como eu fico em um vestido de gala? Imagina uma tabua de vestido. Era exatamente assim que eu ficaria com os meus 1,80 m sem curvas.

– E além de ser inaugurada a exposição do raro diamante da cova do diablo, o baile contara com a presença do major García, o mega humano mais cotado da temporada. – anunciou de maneira bem animada a jovem reporte.

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⏰ Last updated: Jun 22, 2017 ⏰

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Como Se Tornar Uma VilãWhere stories live. Discover now