Blair Traice
Eu precisava de ajuda, precisava de alguém para me estender a mão e me levantar, mas ninguém era capaz de fazer isso, eu não era notada, a minha presença era tão fútil e inútil quanto a minha existência.
Estava ferida, ferida em vários sentidos, parecia que estava com o coração na mão implorando por ajuda. Fui ferida por palavras, pessoas e atitudes que eu jamais esperaria, só queria achar uma saída pra isso tudo, mas era como se eu corresse em um lugar escuro em busca de alguma luz e não encontrasse nada.
Tudo tinha se tornado um vazio dentro de mim, passei a ser fria e a enxergar tudo diferente do que eu costumava ver, era humilhada, desprezada, ignorada, depressiva e solitária, não conseguia mais sentir confiança em ninguém. Jamais pensei que passaria por isso eu era rodeada de "amigos", rodeada de pessoas que juravam amizade verdadeira, rodeada de pessoas que diziam estar comigo pra tudo, mas tudo não passava de uma simples farsa. E no final eu acreditei em tudo. No começo foi difícil engolir o choro mas eu não precisava deles pra sobreviver. Não guardo ódio ou mágoas de ninguém pois tinha me conformado, ainda tinha a esperança de sair dessa, eu sabia que o dia ia amanhecer belo, as flores mais coloridas e toda essa dor que eu sentia o vento passaria e a levaria. Quantas vezes eu tentara dar a volta por cima e tentar não me sentir mal, mas era como se algo me prendesse ou me puxasse pra trás, aquilo era inexplicável. Isso tudo por incrível que pareça tinha um lado bom, eu nunca precisei humilhar ou desprezar uma pessoa pra me sentir melhor, sempre procurei tratar todo mundo bem pena que eles não faziam o mesmo comigo. Eu passei a sorrir em casa para esconder minha dor, minha vontade era de contar tudo pra alguém sem me preocupar no que iria acontecer ou oque pensariam de mim, mas isso era impossível pois o medo me dominava.
Quantas das vezes eu ajudava aqueles que precisavam de um ombro amigo, uma palavra de ajuda, um abraço ou até mesmo uma piada boba pra rir. E eu?eu não tinha esse alguém cada dia que se passava tudo dentro de mim ia morrendo aos pucos, mais lá no fundo eu ainda tinha esperança!
Me sentia só em meio aquela multidão, minha única saída era colocar os fones, o capuz do meu velho moletom e um sorriso no rosto pra disfarçar a minha dor, na verdade ninguém lembrava de mim naquela escola. Comecei ir em direção a sala de aula enquanto sentia o olhar de desprezo em cima de mim, na verdade eu tava tão acostumada que aquilo já não fazia diferença. Como sempre me sentava no fundo, os professores chegavam e davam suas aulas. Apesar de tudo isso ainda conseguia ter objetivos, objetivo de me tornar alguém no futuro e sair dessa, objetivo de ser reconhecida por todos que me desprezaram mais não por vingança ou algo do tipo, mas sim pra mostrar que é possível.
(...)
Já estava na hora da saída, saio em meio aquela multidão em busca do portão e finalmente o encontro. A rua era deserta, não haviam ruídos, apenas se escutava as gotículas de água do resto da chuva, caindo do telhado das casas. Logo comecei a escutar vozes de garotos se aproximando. Os garotos que eu sempre encontrava todos os dias, e tivera um que sempre me chamara atenção. O seu jeito era desengonçado ele parecia ser tímido, andava de fones no meio daqueles outros garotos e sempre ficava para trás. Todos os dias eu sempre reparava no seu jeito.
Continuo meu caminho tranquila e chego em casa. Meus pais não se encontravam apenas Backer meu irmão mais velho, ele era feliz, descontraído, tinha amigos, não andava só, tinha metas e as cumpria. Na verdade ele é o oposto de mim. Subo as escadas e jogo a minha mochila no canto da parede, deito na cama coloco minhas mãos na boca do meu estômago e encaro o teto.
-Blair se arruma agente vai almoçar lá na tia Megan!
-Eu não vou, estou sem fome!
-Mais Blair você tem comer anda muito fraca ultimamente.
-Mais Backer não tem problema eu como alguma coisa aqui! Estou com dor de cabeça.
-Ok, se quiser eu trago remédio pra ti!
-Pode ser!
Na realidade Backer era a única pessoa que se importava comigo, além dos meus pais é claro, eu queria me sentir segura de contar tudo pra ele...
Tomo um banho e então pego um livro e vou ler, lá fora ainda serenava.
Acabei dormindo com o livro na mão.
(...)O relógio marcava 19:02 então vou até a sala ver se meus pais tinham chegado!
-Blair nós vamos jantar fora!
-Ah não eu não quero ir pai mais obrigada!
-Porquê filha? -mãe-
-Por quê eu tenho um trabalho enorme pra fazer. -menti-
-Ok, tá bom então, tem bolo na mesa e suco na geladeira. -mãe-
-Mãe Blair anda sem fome ela tem que ir é no médico!
-Que mentira Backer eu comi de tarde. -menti novamente-
-Ah sim, pensei que não tinha comido.
-Então tchau minha filha! -Pai-
-Qualquer coisa liga!! -mãe-
-Pode deixar, bom jantar!
Minha auto estima estava baixa,eu não tinha ânimo, não tinha fome, estava emagrecendo muito, então não tinha vontade de sair ia apenas pra escola porque os meus pais podiam perceber. Naquele momento eu queria ligar pra alguém, mais não havia ninguém ali, não havia ninguém disposto. Então me viro pro lado e a dor veio. Forte, devastadora e rasgando a minha alma, lágrimas começaram a cair sem parar, não conseguia conter meus soluços, era difícil, era! mas eu não sabia oque fazer, apenas chorei como todos os outros dias.
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Espero que tenham gostado 💙💙
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The Solitary
Teen FictionQuando a morte conta uma história, você deve parar para ler. Blair Traice, uma garota de apenas 16 anos. Morava com seus pais e seu irmão mais velho Backer, totalmente o oposto de sua pessoa, era determinado e nunca desanimava. A mesma se sentira so...