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- Sim - ela diz.

- Tadinha então, vai morrer hoje.

- Me solta - ela tenta sair mas junto mais nossos corpos.

- Só quero que me ouça.

Ela suspira.

- Okay, mas desgruda de mim.

Afasto meu corpo sem soltá-la.

- Eu quero dizer que não sou quem disse que sou, na verdade sou, mas... não me orgulho de ser. Na verdade eu tenho nojo desse eu, desse eu que, como você disse, meu pai fez. Acima de tudo, tenho nojo de ter me tornado igual a ele.

- Só isso? - ela tenta se soltar de novo.

- Como assim só isso?

- Acabou? Já posso ir?

- Eu acabei de te contar coisas que nunca contei para ninguém e você me responde assim?

- O que eu tenho a ver com isso? - ela pergunta.

- Não sei - começa a chuviscar. - Eu te vi naquela sala e você parecia tão certa sobre as coisas e tão decidida. E, quando me falou aquelas coisas, aquilo que nunca ninguém teve coragem de dizer, eu... Ah... não sei, eu senti que você me fez bem e que precisava contar as coisas para alguém, para você especificamente. Eu... eu não sei como explicar, isso... isso nunca aconteceu antes.

- E contar para alguém vai mudar o quê se você não se mudar? - ela começa. - É bom que você perceba as merdas que faz, mas só dizer que se arrepende não muda nada, tem que ir lá e mudar ou não adianta de nada. Vir falar comigo não resolve p*rra nenhuma.

- Você não entende? - pergunto com os olhos molhados pelas lágrimas e pela chuva que começou a ficar forte. - Eu não sei como mudar, eu n sei que p*rra eu posso fazer para consertar as merdas que fiz. Eu tenho medo de acabar ficando assim para sempre, e acho que quando te vi achei que fosse alguma esperança de resposta. Eu sei que essa pessoa foi criada pelo meu pai, mas o que uma criança de sete devia fazer sendo espancada todo dia? Para mim a única resposta foi descontar nos outros.

- Tantas outras coisas que você podia ter feito. Contado para alguém por exemplo.

- O que você quer que eu faça? Não posso mudar o passado.

Ela me encara nos olhos.

- Que peça desculpas?

- Desculpas? Okay. DESCULPA, por não ter maturidade suficiente para saber que bater nos outros era errado. Por não ter sido educado desse jeito - digo debochado.

- Não, idiota - ela me empurra com força e como não estava mais apoiado na parede caio no chão. - Quero que peça desculpas pelo que fez três anos atrás.

21st Century Girls - pjm (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora