ainda sem conversar. Contemplo a gigantesca árvore no centro do
meu jardim, com
a fita em torno do seu tronco, colocada ali depois de um sonho.
Estou no vilarejo
de Saint Martin, nos Pirineus franceses, em uma casa que já me
arrependi de ter
comprado; ela terminou por me possuir, exigindo minha presença
sempre que possível,
porque precisa de alguém para cuidar dela, para manter sua
energia viva. Não
consigo mais evoluir digo,
caindo como sempre na armadilha de falar primeiro. Acho
que cheguei ao meu limite. Que
interessante. Eu sempre tentei descobrir
meus limites e até agora não consegui chegar lá. Mas meu universo
não colabora
muito, continua crescendo e não me ajuda a conhecê-lo por inteiro
provoca
J. Ele
está sendo irônico. Mas eu sigo adiante. O que você veio fazer aqui hoje? Tentar
me convencer de que estou errado, como sempre. Diga o que
quiser, mas saiba que
palavras não vão mudar nada. Não estou bem. Foi
exatamente por isso que vim aqui
hoje. Pressenti o que estava acontecendo há tempos. Mas sempre
existe um momento
exato para agir afirma
J., pegando uma pera em cima da mesa e girando-a em suas
mãos. Se
tivéssemos conversado antes, você ainda não estaria maduro. Se
conversássemos
depois, você já teria apodrecido. Ele
dá uma mordida na fruta, saboreando seu
gosto. Perfeito.
Momento certo. Tenho
muitas dúvidas. E as maiores são minhas
dúvidas de fé insisto.
Ótimo.
É a dúvida que empurra o homem adiante. Como
sempre, boas respostas e boas imagens, mas hoje elas não estão
funcionando. Vou
lhe dizer o que você sente continua
J. Que
tudo o que aprendeu não lançou
raízes, que é capaz de mergulhar no
universo mágico,
mas não consegue ficar submerso nele. Que talvez tudo isso não passe de uma grande
fantasia que o ser humano cria para afastar seu medo da morte.
As minhas questões são mais profundas: são dúvidas de fé. Tenho
uma única certeza:
existe um universo paralelo, espiritual, que interfere neste mundo
em que vivemos.
Fora isso, todo o resto livros
sagrados, revelações, guias, manuais, cerimônias
,
tudo isso me parece absurdo. E, o que é pior, sem efeitos
duradouros. Vou
lhe dizer o que já senti continua
J. Quando
era jovem, ficava deslumbrado com todas as coisas que a vida podia me oferecer, achava que era
capaz de conseguir
cada uma delas. Quando me casei, tive que escolher apenas um
caminho, porque
precisava sustentar a mulher que amo e meus filhos. Aos 45 anos,
depois de me
tornar
um executivo muito bem-sucedido, vi meus filhos crescerem e
saírem de casa e achei
que, a partir dali, tudo seria uma repetição do que já tinha
experimentado. "Foi
aí que minha busca espiritual começou. Sou um homem
disciplinado e me dediquei a
ela com toda a energia. Passei por períodos de entusiasmo e de
descrença até que
cheguei ao momento que você está vivendo hoje." J.,
apesar de todos os meus
esforços, não consigo dizer: "Estou mais perto de Deus e de mim
mesmo." digo,
com
certa exasperação. Isso
porque, como todas as outras pessoas no planeta, você
acreditou que o tempo iria lhe ensinar a se aproximar de Deus. Mas
o tempo não
ensina;
ele nos traz apenas a sensação de cansaço, de envelhecimento. O
carvalho agora
parecia estar me olhando. Devia ter mais de quatro séculos, e tudo
o que havia
aprendido
foi a permanecer no mesmo lugar. Por
que fomos fazer um ritual em torno do
carvalho?
Em que isso nos ajuda a nos tornarmos seres humanos melhores?
Mais um cap,espero que gostem bjs de luz!!👽🌸
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Aleph
RomanceTítulo original: O Aleph copyright▪2010 por Thaynara Dias Todos os direitos reservados.nenhuma parte deste livro pode ser utilizada ou reproduzida sob quaisquer meios existentes sem autorização por escrito dos editores. para J., que me mantém camin...