A Fuga de Jocelyn

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Phill e Jocelyn Fairchild, de Berkeley Place,      N°807, eram um casal perfeitamente normal. Eram os últimos no mundo a se meterem em algum problema na vizinhança, estavam muito ocupados com suas vidas.

Phill era presidente de uma empresa de negócios em Nova York. Era um homem alto, forte, com cabelos castanhos. Jocelyn Fairchild era magra e ruiva, dona de um estúdio de arte e de um forte gênio, raramente era vista pelos vizinhos. E havia também Clary.

Jocelyn convivia constantemente com um segredo de seu passado e seu maior receio era que sua filha Clarissa o descobrisse. Preparava-se várias vezes para quando o momento chegasse, a menina entendesse.

Há anos atrás, Jocelyn era única filha, não tinha contato com nenhum parente, somente seus pais. Ela conheceu um garoto na escola, era amiga de muitos alunos, mas esse menino a chamava atenção. Suas famílias no final não se suportavam, os pais de Jocelyn achavam-os que havia menos parecidos possível com eles. Logo descobriram a aproximação de seus filhos e tentaram ao máximo manter a distância entre eles, não queriam Jocelyn com um menino daqueles.

Um tempo se passou e muitas coisas aconteceram, os pais de Jocelyn acordaram em uma quarta-feira monótona e cinzenta com a notícia que a filha deles havia sumido. Procuraram em todos os cantos, mas não a encontraram.

Havia muitos motivos pela fuga de Jocelyn, sua vida havia mudado radicalmente desde que conheceu aquele garoto. No fim das contas, ela não foi a única a sumir.

Era mais uma manhã sem a filha, o Sr. Fairchild escolhia a gravata para, contra a sua vontade, ir trabalhar. A Sra. Fairchild tomava seu chá com gestos infelizes e olhos baixos, sem vontade alguma de acordar no dia seguinte sem a menina.

Às nove e meia, o Sr. Fairchild apanhou a pasta, deu um beijo na testa da esposa e saiu com passos pesados de casa. Entrou no carro e deu marcha à ré para sair da garagem. Durante o caminho para o trabalho ele não pensou em mais nada exceto em Jocelyn.

Mas ao chegar, não pôde deixar de notar que havia uma quantidade de gente em frente ao lugar que trabalhava, que também era a sede da Clave. Tamborilou os dedos no volante e seu olhar recaiu em um grupo de excêntricos parados bem perto dele. Cochichavam excitados. Depois da queda do Ciclo tudo o que faziam era cochichar.

O Sr. Fairchild passou o dia com aquela mesma expressão depressiva que carregava, quando deu seu horário de almoço decidiu sair daqueles olhares curiosos em sua direção. Andava no meio das fofocas agitadas, quando entreouviu algumas palavras do que diziam:

- ... Os Morgenstern, é verdade, foi o que ouvi...

- ... é, o garoto, o filho deles...

O Sr. Fairchild parou de repente. O medo invadiu- o. Virou a cabeça para olhar as pessoas que cochichavam como se quisesse dizer alguma coisa, mas pensou melhor, se falasse do filho dos Morgenstern automaticamente envolveria sua própria filha sumida.

Atravessou a rua depressa, correu para o escritório, agarrou o telefone e quase terminara de discar o número de casa quando mudou de idéia, não queria incomodar a esposa. Pôs o fone no gancho, quando sentiu as lágrimas brotarem. Desde o início sabia que o garoto não era boa pessoa, que devia ter protegido mais a filha, não podia imaginar que o mesmo acabaria com o mundo e traria as trevas sobre todos, mas não havia um dia sequer que não se culpasse por não ter afastado Jocelyn dele há dois anos atrás. E agora todos se foram.

Quando deixou o escritório às seis horas, continuava tão preocupado que deu um encontrão com alguém parado ali à porta.

- Desculpe. - Murmurou, quando uma velhinha cambaleou e quase caiu. Não parecia nada aborrecida por ter sido quase jogada ao chão. Ao contrário, seu rosto se abriu em um largo sorriso e disse:

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⏰ Última atualização: Jun 24, 2017 ⏰

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