Freak

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Susana estava parada na frente do corpo estirado no tapete, uma poça de sangue saia escorrendo até o chão, ela queria conseguir se movimentar e tentar ligar para alguém porém todo seu corpo estava preso no chão e ela podia sentir que ele poderia virar areia movediça a qualquer momento.

O barulho de alguém batendo na porta alertou-a, seu corpo pareceu voltar à realidade, ela por fim conseguiu pegar o telefone e discar o número da polícia. As batidas na porta continuavam, Susana permanecia parada no mesmo lugar, suas mãos tremiam com aparelho de celular nas mãos e não conseguia discar o número tão rápido quanto pensou que iria.

- Emergência 190, em que posso ajudar?

- Eu matei meu namorado.

Susana deixou o celular cair, ela não calculou o tempo, mas se ajoelhou encarando o corpo coberto de sangue no chão e logo estava sendo empurrada para porta a fora com algemas em seus pulsos. Ela não conseguia lembrar o que tinha acontecido, só que tinha sangue nas mãos e agora seu namorado estava morto, as luzes vermelhas e azuis piscavam pela noite e parecia ser a única coisa que iluminava aquela rua.

- Senhora, quer ligar para seu advogado? – O policial abriu a porta, chamando a atenção de Susana, encarando-a com uma expressão de quem estava com raiva demais por estar ali.

- Eu sou... Eu sou Susana Morgan – Ela por fim disse, quase não reconhecendo a própria voz, o policial arregalou os olhos ao reconhecer o sobrenome dela.

- Filha do Juiz Cesar Morgan – a voz dele parecia mais uma afirmação do que uma pergunta. Susana sabia que, provavelmente, seu sobrenome não a faria ser tratada como um indigente. Talvez.

(...)

A garota estava dentro de uma sala cinza onde tinha uma mesa, um espelho, do qual havia policiais do outro lado a observando, e câmeras. Seu reflexo era totalmente desalinhado, o vestido branco estudava manchado de sangue e os cabelos que antes presos em um rabo de cavalo caiam sobre os ombros, Susan queria lembrar de algo mas sua mente estava bloqueando qualquer memória que a levasse às horas antes de chegar até ali.

- Susana – Seu pai atravessou a porta e abraçou, as algemas a impediu de retribuir o carinho, afagando o seu cabelo – O que aconteceu?

- Eu não sei – Ela respondeu, vazia.

O pai de Susana, Cesar, a encarou percebendo que sua filha estava em um estado fora de si.

- Você tomou os seus remédios? – ele perguntou baixo, como se ela fosse algo perigoso demais ou algo que deveria permanecer controlada. Não precisou que Susana respondesse, ela não havia tomado nenhum dos seus medicamentos.

- Pai... – Susana falou arrastada, sentindo o peso e decepção no olhar do pai, ela queria sentir-se culpada ou com algum tipo de remorso porém tudo o que ela sentia era tranquilidade. Ela era monstro.

- Vai ser difícil livrar você disso, mas vamos da um jeito. – Cesar passou as mãos no cabelo e olhou para o lado.

- As coisas precisam ser feitas do jeito que é pra ser – Susana falou, calmamente, procurando o olhar do pai – Não me importo da sentença. Eu não me importo com nada.

O advogado da família entrou na sala, pronto para fazer as perguntas a Susana que as respondia sem hesitação, a frieza que ela lidava com a situação afirmava que ela realmente estava envolvida naquele assassinato.

- Susana, você precisa pensar, você realmente matou James Corbel? – o advogado fechou a pasta e a encarou.

- Faria novamente se possível – Susana respondeu, dando um riso – Eu nunca fui namorada daquele filho da puta, ele sempre estava me cercando no consultório e me ligou dizendo que estava passando mal e não conseguiria ir ao médico. Ele passou dos limites.

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