Eu Perdoo-te

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   Através das janelas da casa, dava para perceber que o dia estava muito nublado e sossegado, não se ouvia os sons das crianças nem dos animais. Sofia sussurrava para si mesma o quanto aborrecida estava. As férias tinham começado e não havia nada planeado para fazer fora deste lugar. Ela só ficava em casa a cuidar das tarefas quando Ji-Yong estava ocupado a trabalhar.

   No entanto, Sofia colocava vários pratos, os paus e, por fim, os copos na mesa pois já era hora do almoço. A comida não precisava de ser feita porque na Coreia vendia, também, comidas feitas e era só colocar nos seus devidos lugares. Ela não sabia cozinhar, então era obrigada a comprar esse tipo de comida para ambos adultos, com o seu próprio dinheiro que sobrou antes de viver com o seu colega.

   Na casa, o único que sabia cozinhar era o Ji-Yong por isso que quando o mesmo não tinha trabalho, ele disponibilizava para fazer deliciosas comidas pois não queria que a pequena adulta gastasse dinheiro, todos os dias.

   Porém, Ji-Yong chega a casa, furioso e atira o telemóvel caro com força para um lado qualquer. Ele tira os seus sapatos pretos e começa a gritar e a chorar. Não era a primeira vez que isto acontecia. Quando ele e a sua namorada japonesa discutiam, ele ficava chateado até ir se deitar.

- SOFIA! – Ele grita e ela aparece a correr. – Tens o almoço pronto?

- Qual necessidade dessa raiva! O que aconteceu? – Perguntou e, depois, arrependeu-se do que tinha feito.

- O que aconteceu? – Ri da pergunta. - Além de inútil, és uma mal-educada! Não te disseram que não se deve ser coscuvilheiro nas vidas dos outros? Os teus pais não te ensinaram, foi? – Ji-Yong não percebe da forma que falou. Apenas, passa por ela e entra na cozinha sem dar importância ao rosto da Sofia.

   Sofia tinha ficado magoada quando ouviu "inútil" mas o pior tinha sido ao ouvir "pais". Os seus pais abandonaram-na no seu décimo oitavo aniversário sem darem-lhe um bilhete e, ainda, a rapariga ficou sem casa após de dois dias do seu aniversário. Resumindo, os seus pais fugiram das dívidas, abandonando-a. Até hoje, a mesma tem ódio daquele casal mas ainda ficava magoada quando ouvia aquela palavra, "pais".

- Sabes que mais, Ji-Yong! – Ela entra na cozinha e olha para ele enquanto seca as lágrimas. – Respondendo á tua primeira pergunta, está aí o almoço. Só falta servir, agora come sozinho! Perdi totalmente a fome graças a ti! – Respira fundo. – Detesto quando estou preocupada contigo e tu tratas-me desta forma só por causa da tua raiva idiota.

   Quando acabou de falar, subiu as escadas e entra no seu quarto. Estava cansada de ser um saco de boxe, levar a raiva dele em cima dela. Às vezes, apetece-lhe sair desta casa, fugir deste lugar e apanhar o ar fresco em um sítio calmo.

   Contudo, ela ficou a ouvir música do seu telemóvel com os fones enquanto ficava sentada a olhar para o tecto e os seus pés apoiavam-se em cima da mesa da cabeceira. A barriga da jovem roncava visto que não tinha comido nada mas não podia voltar atrás pois tinha dito que a fome desaparecera por causa de Ji-Yong.

- Sofia! – Ele bate à porta que estava aberta e chama-lhe. Ela fecha os olhos para não o ver e continua a ignorá-lo. Ele aproxima-se mais perto dela e tira um dos fones do seu ouvido. – Eu sei que me vais ignorar mas tens que me ouvir! – Uma das mãos do adulto agarra no queixo dela e vira-o para a direcção do homem. – Eu sei que te magoei!

- Se sabes, então porque o fizeste? – Sofia abre os olhos e o seu olhar mostra raiva.

- Peço desculpa, ok? – Faz uma pequena pausa. – Já sabes como eu sou. Chateei-me, novamente, com a minha namorada e acontece sempre isto. – Ele percebe que não a convenceu para perdoá-lo. – Está bem, fiz um grande erro em ter dito aquilo de ti e dos teus pais. Eu não devia! Tenho noção da tua situação e não queria dizer aquilo. Tu não és uma inútil muito menos mal-educada. Só estavas preocupada comigo e agradeço, de verdade, por isso! – Dá um belo sorriso. – Por favor, perdoa-me! Eu peço muito perdão. – Ji-Yong tira os seus dedos do queixo da Sofia.

- Vou pensar nisso. – Sofia senta-se correctamente e desvia o seu olhar dele para os desenhos que a mesma tenha feito, recentemente. O homem fica aliviado e vai para a direcção da porta. – Ji-Yong... - Ela chama-o e ele olha para a mesma. – Eu... - respira fundo - ...perdoo-te, desta vez. – Ambos sorriram e se abraçaram. 

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Então.... acharam aborrecido? Gostaria de saber pelos vossos comentários.
E peço desculpa se os meus capítulos serão curtos x...x   

Meu colega de CasaOnde histórias criam vida. Descubra agora