CAPÍTULO 1
Aria
O suor escorria pela minha testa, meus músculos estavam tensos, meu coração acelerado e minha boca seca. Já faziam seis dias que eu estava reclusa em meu quarto, eu estava vivendo meu luto, o luto pela perda de uma parte de mim, meu marido havia sido brutalmente assassinado, e pior, o torturaram na minha frente.
Eu olhava Rafaelle preso à minha frente e seus olhos perdiam o vigor, a cada soco desferido em sua face eu sentia uma ferida se abrir em mim, uma ferida que eu sabia que seria eterna. Eu o vi morrer, eu vi sua vida se esvaindo do seu corpo aos poucos, o impulso a vitalidade e o ânimo lhe foram tirados a pancadas e torturas horripilantes que vagavam em minha mente todas as vezes que eu fechava os olhos.
A dor da perda era terrível, eu sentia falta de meu marido, meu deus eu estava perdida sem Rafaelle, eu havia me entregado a ele e não lhe trouxe a sorte. Passei os meus dias de luto rezando para que seu atman seguisse o seu caminho e no fundo eu pedia perdão a ele, eu na verdade implorava o seu perdão.
Pego o colar que agora está despejado em meu pescoço, o seguro com força sentido ele queimar sobre minha pele, eu não iria decepcionar o último desejo de meu marido. Guardo o colar que Rafaelle me deu e me preparo para a cerimônia de retirada, eu agora perdi os direitos de meu marido, eu agora era viúva.
Os momentos aterrorizantes daqueles dias ainda vivem em minha cabeça e toda a noite eu acordo gritando e pedindo a Brahma para que ele me trouxesse paz, mas a paz nunca chegava. Eu ainda sentia o cheiro metálico do sangue de meu marido escorrendo por seu corpo, passando a cena diversas vezes em minha cabeça eu percebera que Rafaelle já havia aceitado sua morte, ele parecia estar em paz com o que estava chegando, a morte.
Quando eu então percebi que não havia mais vida em seu corpo, que sua alma já trilhava o caminho do paraíso eu desabei em choro, ali jogada naquele chão sujo com diversos monstros ao meu redor, eu não ligava mais para minha segurança eu simplesmente havia esquecido minha situação e eu orava para que Vishnu levasse e aceitasse as renuncias de meu marido e o guiasse em sua libertação.
Quando eu estava pronta para partir junto dele, esquecendo-me de seus pedidos eu ouvi aliados nossos adentrarem o local e em câmera lenta eu vi Jasper cair ao lado do corpo do irmão, já imóvel no chão.
No sétimo e último dia do meu luto eu me preparei para cerimonia de retirada dos símbolos, ainda trancada no quarto, cansada de tanto pensar e reviver aqueles momentos horríveis, eu ouço alguém bater na porta do meu quarto, tirando-me de meus pensamentos fúnebres.
- Aria? – Ouço a voz de Saeeda. – Está na hora, tchalô.
Saeeda sempre foi uma peça essencial em minha vida, ela mantinha minhas crenças vivas em meu dia-a-dia, mesmo que as vezes ela exagerasse em viver os costumes, ela cuidou de mim desde quando eu nascera e quando perdi meus pais era ela que estava ao meu lado, fazendo eu me reerguer pouco a pouco.
Olho ao redor e tento gravar cada detalhe do quarto onde eu por muito tempo me deitei e onde eu nunca mais poderia pisar. Pego o colar que antes eu havia guardado e o escondo em meu bolso. Olho-me no espelho e admiro meus longos cabelos que logos seriam cortados e minhas vestes vermelhas com douradas que logo seriam substituídas por panos brancos.
Abro a porta e dou de cara com Saeeda e Salila sua filha e grande amiga minha, olho para elas que me olham com pesar, eu sabia o que elas pensavam sobre isso elas seguiam os costumes à risca, e ser viúva nunca era algo bom. Eu só não serei enxotada da casa de meu marido pois a família dele não compartilha dos respeitos de minhas crenças.
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Mistérios da Máfia I Livro 02 - Série Obscuros (Amostra)
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