A Estranha

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Era noite, por volta das 2 dá manhã. Estava um clima agradável. A escola estava bem quieta como todo o bairro. A chuva do fim de tarde ainda estava visível pelas ruas e nos telhados das casas.
Um rapaz estava parado em frente ao portão fechado. Ele vestia uma calça jeans e tênis, um casaco, por cima de tudo uma capa de chuva toda preta com uma toca que encobre e protege suas roupas dá chuva que caiu mais cedo, um guarda-chuva o acompanha na mão direita que ele o apóia no chão.
Ele se aproximou do portão e o pulo, não era muito alto.
Ele segue por um caminho de cimento com um gramado de cada lado. Ele chega ao portão pra adentrar o edifício. É um portão de ferro puro com algumas janelas. Está trancado mas para ele isso não é obstáculo. A porta dá um rangido ao abrir, na silenciosa noite, o barulho parece ainda maior. Ele entra e encosta o portão. A sua esquerda uma escada sobe levando ao primeiro andar e a outra desce levando para os refeitórios. A sua frente um corredor leva a algumas salas a esquerda e a diretoria a direita. Ele esteve nessa mesma escola nas semanas anteriores conhecendo e planejando esse dia.
O rapaz sobe a passos silenciosos para o primeiro andar. Ele pensa no barulho, na bagunça, nas risadas das crianças durante o dia, já a noite, o clima é quase aterrorizante. Ele chega no topo dá escada, a direita a sala do coordenador, a esquerda fica o corredor horizontal das salas e em cada ponta do corredor os banheiros.
Seus dedos ajeitam os óculos em seu rosto, os olhos percorrem com agilidade e atenção as salas e o corredor. Tudo muito quieto.
Sua mão direita levanta o guarda chuva e ele bate com a ponta duas vezes no chão. O som ecoa por todo o recinto. O tempo passa, 10 segundos, 20, 30, 1 minuto. Tudo continua quieto. Pelo vidro das janelas dá pra ver o vento balançado a copa das árvores do lado de fora. Seu pensamento se esvai por alguns segundos quando o barulho de uma cadeira se arrasta no fundo do corredor. Seus pelos dá nuca se eriçam, seus olhos se fixam na direção. Suas palpebras não piscam. Suas pernas rumam para a sala, o caminho parece longo com seus calmos passos que, se alguém visse de longe, imaginaria que ele estava calmo, mas não chegou nem perto disso. O silêncio em seus passos e no lugar contrastava com sua mente, lá dentro dela, o barulho ainda ecoava. Ele chega a alguns metros dá porta dá última sala e para. Seus pensamentos podem o ter enganado, sua mente pregando peças. Um barulho de uma cadeira caindo na sala ao seu lado faz seu corpo todo de arrepiar e seu coração disparar. Seus olhos fixados na entrada dá porta que está aberta. O nó de seus dedos ficam brancos por apertar o cabo do guarda chuva com força, sua respiração está pesada. Ele avança.

Seu olhar vai junto explorando a sala conforme ela vai ficando visível a luz do luar que entra pelos vidros. A sequência vai com ele vendo a porta encostada na parede... A lousa... A mesa do professor do outro lado a porta... As cadeiras e carteiras vão entrando no seu campo de visão e finalmente a sala toda é visível.
A origem do barulho rapidamente é avistada. Uma cadeira está caída no fundo. Seu corpo ainda está arrepiado, o suor frio escorre pelo seu corpo. Ele olha para o teto fecha os olhos e respira e seu coração vai desacelerando Sua mão levanta o guarda chuva mais uma vez e ele o bate contra o chão, agora apenas uma vez. Mais um minuto se passa.... Nada. Decide caminhar até a cadeira. No curto percurso sente um calafrio e o lugar esfriar, mas seu coração já não está tão apavorado. Para do lado da cadeira caída, de madeira e ferro, visivelmente está velha. Ele a levanta, passa a ponta dos dedos pelo encosto. Começa a pensar se foi coisa dá sua imaginação, se a cadeira já não estava caída, se não foram lembranças de algum evento passado que já não se recorda. Algo toca seu ombro, ele paralisa, os olhos vão de encontro a parede e ele trava no lugar. O coração acelera como nunca. Os olhos começam a ir para o vidro da janela, tentando ver pelo reflexo o que está atrás de si. Nada. Ele faz uma força inacreditável, lutando contra o medo é se vira a tempo de ver algo saindo dá sala. Só o vulto.
Sua mão esquerda tateia o bolso de dentro dá blusa, tira um pequeno gravador de voz, olha seu relógio no pulso, pega o gravador o leva próximo ao rosto, aperta o botão vermelho ao lado e diz.

- Quarta-feira, 12 de abril de 2012. Três horas e cinquenta e um minutos...
Ela ainda não descansou.

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