Capítulo 3

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Marina

Eu estou ofegante. Meu corpo queima, cheio de vida e de novas sensações que me dão vontade de gritar, rir, correr e chorar. Tudo ao mesmo tempo. Era pouco depois do almoço, já era sábado e eu não conseguia tirar da minha mente a noite anterior.

- AAAAAAAH - grito. Olho rapidamente para a porta do meu quarto com medo da minha mãe ter ouvido. Não queria que ela me visse de uma forma tão fora de controle. É claro que ela notou alguma coisa quando a encontrei novamente na sala de estar na casa de Ricardo. Estavam todos conversando, inclusive Lívia.

Ela era estudante de moda e esse foi o motivo da sua saída do país. Ela era muito diferente do irmão. Seu jeito brincalhão e doce, deixava óbvio isso. Ele era mais duro, sério. Mas algo me dizia que também era um pouco como ela... Bem lá no fundo.

Meu. Deus!

Eu beijei! E não beijei qualquer pessoa. Eu beijei o meu professor. Puta que pariu!

Mantenho a mão nos lábios, os dedos acariciando a pele, como se quisesse manter o gosto, a sensação e a delicadeza dos dele. Tão macios. Quentes. Meu corpo estava estranho e meu estômago parecia estar com problemas. Rindo sozinha, vou arrumar minhas coisas e esperar pela Júlia, que viria me buscar logo mais. Ela é a única maior de idade, além de mim e quando ela é a motorista da noite, não coloca um pingo de álcool na boca. Por isso sempre "ficamos de olho" nas meninas, apesar de Carol ser a que mais nos deixa de cabelo em pé, dando trabalho por nós quatro. O irmão de Carol havia conseguido liberar a entrada dela e de Cláudia. Poucas coisas o irmão de Carol não conseguia, era raro alguém negar-lhe algo.

O interfone toca e Seu Zé, o porteiro, me avisa que são as meninas, já prontas. Desço e as vejo dentro do carro. Cada uma está com um vestido curto e sandálias de salto. Seus cabelos estão soltos e maquiagem forte. Eu não estou muito diferente. Meu vestido preto é colado ao corpo, realçando minhas curvas. Escolhi um sapato de salto, também preto. Meus cabelos estão cacheados da metade até as pontas, batendo pouco abaixo dos meus seios.

- Uau...

- Fiu, fiu...

- Obrigada, obrigada. Vocês também estão lindas - rio e sento no banco de trás do carro, guardando minha mochila com as coisas, para passar a noite na casa de Júlia, ao meu lado. Passamos todo o caminho conversando, animadas pelo que seria da nossa noite e nem percebemos quando Júlia entra no estacionamento.

O local estava bem lotado. Várias pessoas dançavam e bebiam, alguns sozinhos, outros acompanhados. Tinha gente de todos os tipos. Alguns caras olharam para mim e sorriram, e "Puta que pariu!" Eles eram de tirar o fôlego. Eu e Cláudia, subimos as escadas até o que seria a área reservada pelo irmão de Carol, tendo visão privilegiada da pista que ficava logo abaixo, enquanto Júlia e Carol chegavam com Lucas entre as duas.

- Ora, ora... Minha festa acabou de melhorar com a ilustre presença das senhoritas - Lucas fala brincalhão, despertando risada em todas nós enquanto se aproxima de braços abertos e com uma bebida na mão. Seus lábios sorriem, mas o brilho não chega aos olhos. Eu o conhecia bem para saber que algo bem lá no fundo o incomodava. Eu tinha até o final dessa festa para descobrir o que era.

- Parabéns, garoto - eu falo e o abraço. Lucas sempre foi muito divertido. Ele tinha o próprio jeito Lucas de ser e todos simplesmente o amavam. Era impossível não fazer. Ele tinha vinte e um anos, apesar de agir como um garotinho de quinze quando queria algo. Não havia uma única garota aqui que não estivesse com os olhos nele e ele sabia disso. Algo nos seus cabelos angelicais e olhos claros faziam as meninas caírem aos seus pés, mas confesso que nunca me senti afetada por ele e sei que a recíproca é verdadeira.

Ensina-me, professorOnde histórias criam vida. Descubra agora