Desci do carro e fui andando até a pequena sorveteria dos meus avós, na qual eu passava a maior parte das minhas tardes. Na entrada, sentado em um longo banco de madeira, vi um senhor de olhos e camiseta verdes, ele usava uma bermuda bege escura e um chinelo preto. Ele sempre foi um homem simples mas com um coração de ouro.
Assim que me viu, sorriu e me abraçou.
"Oi Vô!" Abri um sorriso que mostrava a minha felicidade em vê-lo
"Oi, e a escola nova? Como foi?" Sua preocupação e carinho me faziam sentir como se ele fosse meu segundo pai.
"Foi bom, gostei de lá. As pessoas são gentis e o lugar é ótimo"
"Que bom!" Ele sorria e seus olhos brilhavam, eu sabia o quanto era importante para ele que eu e meus primos pudessem se dar bem na vida, já que ele nunca havia conseguido ter boas oportunidades por conta das suas condições. Ele se esforçou demais para dar ao menos o mínimo para seus filhos e sonhava que seus netos pudessem ter tudo aquilo que ele nunca teve.
" O senhor sabe onde a vó está?"
"Deve estar lá no fundo cuidando dos animais"
"Ok vou até la"
Passei pelo corredor até a porta dos fundos e a abri sendo surpreendida por três Pinschers. Engraçado que esses cachorros pareciam ratinhos.
O macho se chamava Deco, era o único de cor diferente ali, caramelado e de pernas compridas, tão magro que seus ossos apareciam por debaixo da pele. Mas não podia se deixar levar pela magreza, porque ele comia como um elefante. Ele era tão medroso que dava dó, o encontraram debaixo de um carro e como já foi agredido várias vezes, não confiava em ninguém e vivia se escondendo, levei anos até conquistar a sua confiança. A mais novinha se chamava Sindy, era a menor ali , e a mais metida a Labrador, mas só tentava meter medo mesmo porque era medrosa demais, ela era do meu tio que como trabalhava demais, a deixava na casa da minha avó para ter companhia. E por ultimo mas não menos importante, Mel, era a "do meio", um bocado mais rechonchuda, já era da casa há mais tempo e não ligava muito para os outros, era mais na dela, vivia brincando com sua bolinha azul ou dormido nas pernas do meu avô enquanto o mesmo assistia qualquer filme ou novela que começasse a partir das quatro da tarde.
A casa dos meus avós parecia um Zoológico, além dos cães, haviam três calopsitas e um papagaio que era incrível. Ele imitava risadas todas as vezes que ouvia alguma, e chamava todos que chegavam para vê-lo e cumprimenta -lo.
Olhei para a porta da área da churrasqueira e vi saindo dali uma senhora baixinha com um vestido comprido florido e chinelos claros.
"Oi Liv" Ela me puxou para um abraço e sorriu. Ela era simpática e carinhosa, cuidadosa e simples. "Como você está linda! Esta crescendo Liv?"
"Nada vó, não vou crescer muito não "
"Vai sim minha filha, mas agora, venha comigo que eu preciso te mostrar algo que você vai adorar" Ela colocou o indicador sobre os lábios num sinal de silencio e me levou até uma gaiola grande. Ela abriu o ninho e disse " Acho que temos novos membros pra família"
Me inclinei e pude ver dois ovinhos pequenos.
"Isso é uma doideira, essas calopsitas são irmã e irmão e tiveram filhotes, ai que errado" murmurei rindo e escutei a sua risada atrás de mim.
Sai dali e fui em direção a sorveteria.
"Precisam de alguma ajuda ai?" Perguntei para meus tios que conversavam do outro lado do balcão.
"Por enquanto não Liv, pode ir se quiser"
"Tudo bem"
Em passos ansiosos, atravessei a rua e me sentei em um dos bancos que haviam na praça e apoiei as costas na mesa fechando os olhos em seguida. Respirei fundo e olhei em volta. Esse era definitivamente um dos meus lugares favoritos. Lembro das vezes em que eu não tinha preocupações e viva correndo pela praça com uma amiga na qual a mãe trabalhava aqui em frente e vendia espetos. E no fim de todas as tardes depois de milhares de batalhas para salvar a cidade de dragões e dinossauros, muitas turnês internacionais e zilhões de histórias diversas, sentávamos no circulo cinza e comíamos até não conseguirmos levantar. Foram os melhores tempos, definitivamente.
"Liv! Liv!" Desfoquei a minha atenção das minhas lembranças e virei na direção de quem chamava meu nome.
Vi minha mãe acenando do outro lado da rua para que eu entrasse, já que estava começando a escurecer.
Andei até um dos quartos que meus avós deixaram para mim caso eu quisesse ficar por ali. Meu celular começou a vibrar e vi que na caixa de mensagens haviam mensagens de um número desconhecido. Me deitei na cama e abri as mensagens.
"Hey! Não sei se lembra de mim, sou a Chole da sua sala"
"Como vai ?"
"Lembro que voce disse que gostava de escrever, qual é mesmo o app em que você posta as suas histórias?"
Dei um zoom na foto da garota que me chamara e lembrei que por seus cabelos louros compridos e seu sorriso grande era aquela garota bonita na qual eu jurava que jamais me chamaria para conversar.
"Ooi! Desculpa a demora, lembro sim! E a propósito, sou Olivia. Vou muito bem e você?? Eu escrevo no Wattpad. Posso te passar o link e assim vc encontra a minha história e outras que vc vai amar"
Alguns segundos depois recebi uma resposta
"Claro!! Pode ser, estou ansiosa para ler, Prazer em te conhecer Liv, posso te chamar assim né?"
"Pode sim" "Aqui, segue o link do app , essa é uma história minha"
"Obrigadaaaaa pode deixar que eu vou ler tudo!!Ah e bem vinda a escola, adorei te conhecer, se precisar é só me chamar ok?"
"Ah que linda, Claro tudo bem, também adorei te conhecer"
"Até amanhã então"
"Até"
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Rocking In High School
FanfictionFestas, estudos, paixões e problemas... A vida de uma adolescente normal no ensino médio.